GIFE participa de encontro mundial para discutir tendências na filantropia

Por: GIFE| Notícias| 31/03/2014

Com o objetivo de identificar inovações e fortalecer as lideranças no desenvolvimento de investimento filantrópico e social em todo o mundo, foi realizado, nos dias 27 a 29 de março, o WINGS Fórum 2014, em Istambul, na Turquia. O tema deste ano foi “”The Power of Networks”” e o GIFE esteve presente, sendo o Andre Degenszajn palestrante em duas sessões.

O Wings Forum é um espaço onde o GIFE pôde mais uma vez inserir no cenário mundial as discussões promovidas no Brasil, conhecer boas práticas e trocar experiências com organizações que também estão refletindo sobre as principais transformações no campo filantrópico.

Nesta edição, o WINGS Fórum buscou discutir a respeito do poder das redes e o papel da filantropia na constante expansão de um mundo cada vez mais móvel. A temática do encontro apresentou total sinergia com o novo posicionamento do GIFE, que visa fomentar e fortalecer um trabalho baseado em redes (leia matéria sobre o tema).

No primeiro dia do encontro, foram realizadas diversas mesas de debates e painéis, que discutiram sobre a infraestrutura da filantropia: dados, direito, responsabilidade e transparência; como envolver a próxima geração de filantropos; liderança e tendências; impacto da regulamentação relacionada à segurança da sociedade civil; empreendedorismo inovador; entre outras.

Já no segundo dia do WINGS Fórum, Andre participou como debatedor na plenária: “Grantmaking como ferramenta para o desenvolvimento”, juntamente com Heather Grady; do Independente Filantropia Profissional; e Kurt Peleman, CEO da European Venture Philanthropy Association (EVPA).

A discussão girou em torno do papel da filantropia e entre as questões, foi perguntada se a filantropia tradicional ainda deve existir. Foram apresentadas diferentes opiniões, de ambos os lados, mas a maioria dos participantes acredita que a filantropia tradicional é fundamental para o fortalecimento da sociedade civil, manter as diversidades, auxiliar no caso de desastres e conflitos e muito mais.

“”O desafio de trabalhar pelo fortalecimento da sociedade civil não é apenas uma questão central para o investimento social no Brasil, mas no mundo todo. A emergência de novas estratégias de investimento tem afastado fundações da prática de grantmaking, quando esta deve ser valorizada, ao lado de outras práticas, como meio de promover transformações sociais””, enfatizou Andre.

Andre ressaltou que o grantmaking está ameaçado no Brasil antes mesmo de se estabelecer. Há uma falta de financiamento na sociedade civil e a maioria das fundações, principalmente fundações corporativas, operam e gerenciam seus próprios recursos e programas. Há uma tendência em achar que as doações não são uma das formas mais estratégicas de se investir e uma forte pressão dos mantenedores destas fundações em mostrar resultados.

“Há uma visão de que as fundações no Brasil devem ser responsáveis pela sustentabilidade política e financeira da sociedade civil organizada. Se ficamos exclusivamente discutindo a dimensão de serviços das organizações da sociedade civil, quem vai financiar as atividades dessas organizações, perdemos a dimensão política destas entidades e sua importância para uma democracia forte”, disse o Secretário-Geral do GIFE.

Heather Grady lembrou ainda que existem três tipos de filantropia: a tradicional, a estratégica e a catalítica e que grandes iniciativas de sucesso foram financiadas por filantropia tradicional. E lançou duas perguntas à platéia: É verdade que as organizações que tem dinheiro fazem mesmo um trabalho melhor que a sociedade civil? Grantmakers devem colocar a responsabilidade de mostrar resultados nas costas dos apoiados ou devem compartilhar a responsabilidade?

Já Kurt Peleman lembrou que os investimentos de impacto são importantes, mas que podem ser uma ameaça à filantropia tradicional. Existe no entanto, uma preocupação e cuidado para isso não acontecer. Acrescentando, apontou a necessidade de construir organizações fortes, e lançou à platéia também uma pergunta: Quais são os elementos que vem dos negócios e podem ajudar a construir organizações da sociedade civil fortes?

A mesa foi no formato conhecido como “aquário”, no qual três cadeiras estavam disponíveis para a platéia sentar no palco e interagir com os debatedores. O sucesso e necessidade de discutir o tema foi tão grande que o palco ficou cheio, tendo que ser disponibilizadas mais cadeiras.

Após esta plenária, o Secretário-Geral do GIFE, em conjunto com Mille Bojer, da Reos Partners, e Janaina Jatobá, gerente da área Desenvolvimento Institucional e Comunitário do Instituto C&A, apresentaram o processo de construção dos cenários da Reos Partners para a África do Sul e o Brasil.

A Reos é uma organização internacional dedicada a apoiar e construir capacidade para ações inovadoras e colaborativas em sistemas sociais complexos. A proposta é organizar e facilitar processos de mudança orientados para resultados, envolvendo diversos stakeholders de empresas, governos e sociedade civil.

Novos materiais

A WINGs acaba de lançar também nos materiais sobre a temática. O primeiro deles é o “Infrastructure in Focus: A Global Picture of Organizations Serving Philanthropy”. O relatório tem como objetivo aumentar o conhecimento da filantropia global e também engajar os membros da WINGs na identificação ativa das lacunas ainda existentes sobre este tema e compreender melhor suas práticas locais dentro de um contexto mundial.

Para isso, foram identificados quatro elementos dessa plataforma: dados, práticas de atualização, a capacidade de medir o impacto e comunicação. “Acreditamos que é importante incentivar a riqueza da diversidade, construir o entendimento comum de termos dentro de contextos globais e locais e fortalecer a propriedade destes na construção do conhecimento”, aponta o material.

Desta forma, o relatório traz uma série de dados e estatísticas a respeito das instituições dedicadas ao fortalecimento global de doação e investimento social. Inspira-se em informações de membros da rede WINGs abrangendo 52 países e seis continentes. A grande diversidade e dinamismo deste campo emergente é capturado em gráficos e tabelas de fácil utilização.

Outro relatório apresentado durante o WINGs Fórum 2014 foi o “Global Philanthropy Data Charter”. Trata-se de um material a fim de fornecer um quadro de dados sobre filantropia e desenvolver um padrão de princípios que ajudarão o setor a tirar o máximo proveito de novas oportunidades. A carta irá melhorar a cooperação entre as partes interessadas em dados atuais e incentivar novas iniciativas. A proposta é ajudar nos processos de tomada de decisão e da maior visibilidade às contribuições do setor para a sociedade.

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