Governo acena para a criação de grupo sobre parcerias intersetoriais

Por: GIFE| Notícias| 03/07/2006

Rodrigo Zavala

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) promoveram na semana passada, em Brasília (DF), um encontro para fomentar parcerias entre o primeiro, segundo e terceiro setores por um Brasil mais justo.

Durante o Seminário Parcerias por um Brasil sem fome e mais justo – Responsabilidade Social e Políticas Públicas de Desenvolvimento Social foi consenso entre lideranças dos três setores de que as alianças intersetoriais constituem uma estratégia central para o sucesso das políticas públicas sociais. Para que isso ocorra, no entanto, é necessário estabelecer claramente o que se espera de cada setor.

Segundo Kátia Campos, secretária de Articulação Institucional e Parcerias do MDS, a continuidade dos trabalhos se dará por meio de um grupo temático permanente para construir uma visão sistêmica sobre articulação. Embora não esteja certo que instituições participariam do grupo, a secretária aponta o IPEA e o GIFE para conduzir os trabalhos.

“”Ficou evidente que os diversos atores sociais não querem apenas apresentar projetos, mas cada vez mais em trabalhar com, de forma articulada a outros setores nos processos de emancipação social””, acredita Kátia Campos.

Para o representante interino da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, o evento foi um termômetro que diagnosticou o entusiasmo do setor privado, governamental e da sociedade civil organizada em trabalhar de forma integrada.

“”Eu fiquei impressionado em ver na mesma sala pessoas tão diferentes, como ministros, empresários, confederações de empresas, ativistas. Pessoas com perfis diferentes, mas com o mesmo objetivo. Acho que isso é uma característica brasileira que é preciso cultivar””, afirma.

Ao discutir parcerias governamentais e não-governamentais para incentivar projetos de inclusão social, ficou claro também a importância de se trabalhar com geração de trabalho e renda. Dos mais de 100 parceiros do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) que participam de ações de inclusão social, cerca de 40 desenvolvem projetos de geração de trabalho e renda e desenvolvimento local.

Para o ministro Patrus Ananias, projetos com esse eixo, o ampliam o consumo do mercado interno. “”Além de nós estarmos resgatando a dignidade das pessoas e das famílias pobres, afirmando valores de cidadania, possibilitando o direito à alimentação, à educação, à saúde e preservando os vínculos familiares, estamos também estimulando o desenvolvimento local, porque são pessoas pobres, excluídas no passado, e que agora estão se tornando também consumidores””, disse Ananias.

Apesar do aumento no número de ações sociais, graças ao crescimento do setor sem fins lucrativos no Brasil e dos investimentos de empresas, fundações e institutos na área social, não existe no país uma visão sistêmica sobre os impactos desses projetos. “”Há muita coisa sendo feita e o país tem melhorado alguns de seus índices sociais. Mas esses trabalhos estão muito aquém do que esperamos””, considera a diretora de estudos sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Anna Maria Peliano.

Convidada para elaborar uma síntese das discussões no final ao evento, a especialista foi clara ao dizer que o Estado deve ter um papel mais forte para o estímulo a essas alianças, tal como conceituar melhor o que é parceria e o papel de cada setor nessa situação.

Segundo a síntese realizada pelo secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti, também convidado pelo MDS para sistematizar as informações do evento, ′parcerias são formadas por atores sociais que se complementam, que somam competências, habilidades e repertórios′. Ele dá como exemplo o setor privado: “”as empresas dispõem de ferramentas importantes para o sucesso das políticas públicas sociais, notadamente nos campos do planejamento e da gestão.””

Leia a síntese do evento.

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