GSG Impact Summit 2019 reúne comunidade global para debater nova economia de impacto

Por: GIFE| Notícias| 25/11/2019

Uma delegação brasileira composta por cerca de 50 pessoas, representando em torno de 30 organizações, marcou presença no GSG Impact Summit 2019. Considerada o principal evento internacional da área de negócios de impacto social e ambiental, a atividade ocorreu nos dias 18 e 19 de novembro, em Buenos Aires, na Argentina.

Criado em 2015, o GSG (Global Steering Group for Impact Investing) é uma organização com sede no Reino Unido que tem como missão fomentar o ecossistema global de investimentos e negócios de impacto, sempre em parceria com organizações e redes locais. Formado, atualmente, por representantes de 23 países e União Europeia, o grupo reforça que um pequeno aumento na porcentagem de dinheiro alocado em investimentos de impacto – o que hoje corresponde a 1% do capital alocado globalmente –, poderia aumentar significativamente o número de pessoas beneficiadas e impactar o planeta como um todo.

Realizado anualmente, GSG Impact Summit reúne investidores, gestores de fundos, gestores públicos e outros atores do campo de investimentos e negócios de impacto. A edição deste ano, realizada pela primeira vez na América Latina, reuniu centenas de líderes de impacto, investidores e empreendedores de diversos países para discutir os alicerces da nova economia de impacto e que oportunidades ela oferece a empresas, investidores, governos e consumidores. Os debates se deram em torno de conceitos como economia linear e circular, economia verde e azul, nova visão de aplicação de recursos de filantropia e modelos de negócios com propósito e baseados em valores.

Para Guilherme Karam, coordenador de negócios e biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, foi interessante ver como essa nova economia de impacto é vista por diferentes stakeholders. “Algo que me chamou atenção é que essa lógica de economia de impacto já não é mais uma discussão de ‘por que’ como era há alguns anos, mas de ‘como’. Esse foi um passo importante. Todo mundo já aceita e agora a preocupação é pensar a transição para uma economia socialmente e ambientalmente mais justa que, além do desenvolvimento econômico, traga o impacto social e ambiental positivo.”

Papel do ISP

O coordenador ressalta a importância do papel de institutos e fundações no desenvolvimento do ecossistema brasileiro de impacto. Para ele, a filantropia pode apoiar, por exemplo, os intermediários, que têm papel fundamental nesse ecossistema, mas ainda não se estruturam sozinhos, ou a estruturação de negócios para atrair o interesse de investidores, inclusive conectando-os, sem contar o papel de sensibilização e geração de conhecimento no caso de investidores que ainda não olham para impacto.

Greta Salvi, coordenadora de empreendedorismo e inovação da Fundação Tide Setubal, destaca o potencial de estruturação de uma atuação em rede em nível global do GSG. “É interessante ver como eles têm conseguido fomentar esse ecossistema global e desenvolver os NABs [National Advisory Board – no Brasil representado pela Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto] – em vários países do mundo. Vemos a potência que isso está criando no mundo todo”, comemora.

Por outro lado, a coordenadora também celebra a participação de uma delegação robusta com um expressivo número de pessoas e organizações representativas do ecossistema brasileiro.
O Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto foram responsáveis pela mobilização e articulação da comitiva brasileira. “Tivemos um grupo bem diverso, com atores do investimento social privado, academia, governo, aceleradoras, fundos de investimento, de todas as partes do Brasil, representando um ecossistema que tem se desenvolvido cada vez mais. Temos um cenário favorável, não ainda em termos de políticas públicas, mas em nível de articulação e atuação em rede”, observa.

Greta destaca a necessidade de ‘trazer para a mesa’ as grandes empresas e o capital tradicional como um dos principais pontos dos debates. 

“Não estamos falando de falta de dinheiro porque isso a gente sabe que existe, mas estamos discutindo como direcionamos esse recurso para o impacto pensando na resolução dos nossos problemas. Tem muito capital ainda a ser destravado e tudo que o GSG tem feito tem a ver com esse pensamento global e a missão de articular e trazer recursos”, observa.

‘Os dois lados da moeda’

Greta conta que para a Fundação Tide Setubal esse é um mundo novo, mas que a organização tem se proposto tanto a fazer investimento e a atuar com negócios de impacto, sempre pensando em como canalizar todo esse potencial e conhecimento para a missão da Fundação, que é o desenvolvimento de periferias.

Guilherme, por sua vez, destaca a necessidade de avançar no tema da conservação da biodiversidade.

“Pensando na missão da Fundação Grupo Boticário, esse é um tema que está sempre em nosso horizonte na atuação com os negócios de impacto e que ainda é pouco desenvolvido. Muitos negócios ainda relatam a dificuldade de conciliar social e ambiental. Muitas vezes, o ambiental fica para depois numa lógica de que já está incorporado. Então, é nosso papel, sempre que possível, apoiar o fortalecimento desse aspecto no ecossistema.”

Avaliação e regulação

Célia Cruz, diretora executiva do ICE, destaca a importância da avaliação de impacto entre os debates promovidos durante o evento.

“Essa avaliação é muito diferente e específica em cada fase do ciclo de vida do empreendedor, mas sua necessidade é consenso. E também a importância de uma padronização que permita uma comparação mínima do ponto de vista global”, observa.

Ela destaca ainda apresentação realizada pelo ministro de Londres e ministro de Estado da Irlanda do Norte, Nick Hurd, que aponta para a importância de inovação dentro da gestão pública, com teste e escalonamento de soluções. Para a diretora, foi bastante positivo ter a presença de representantes governamentais para debater os diversos desafios do campo. “A discussão sobre uma arquitetura global para investimentos de impacto só pode ser feita com governos e regulação”, defende.

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