MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

Entre os dias 23 e 26 de agosto, aconteceu em Timóteo (MG) um seminário de capacitação do bloco brasileiro da RedEAmérica. Criada pela Fundação Interamericana (IAF), a rede reúne 53 fundações empresariais da América Latina e do Caribe que atuam na área de desenvolvimento comunitário. O encontro foi na sede da Fundação Acesita e teve como tema “”Acompanhamento e co-financiamento de processos organizacionais para o desenvolvimento de comunidades””.

O objetivo foi compartilhar metodologias e instrumentos, para que todos possam adotar e aplicar em sua instituição os princípios e instrumentos da rede, além de garantir que todos tenham os elementos técnicos necessários para adequar seus programas de acordo com os critérios estabelecidos. Além da anfitriã, estiveram presentes representantes das fundações Belgo-Mineira, Odebrecht, Otacílio Coser e Mineti (Argentina), dos institutos Camargo Corrêa, Holcim, Hedging-Griffo, Cidadania Empresarial de São Paulo e Cidadania Empresarial do Maranhão e do Banco Indusval.

“”O seminário possibilitou que um conjunto maior de pessoas, envolvidas diretamente na execução dos projetos das instituições membros da rede, conhecesse os materiais elaborados, em particular o manual de acompanhamento e co-financiamento, e definisse um plano de implementação do conteúdo em um de seus programas””, conta Wanda Rosa Silva, coordenadora de projetos da Fundação Acesita.

Ela explica que os membros da RedEAmérica definiram uma metodologia e instrumentos comuns para a realização de trabalhos de desenvolvimento de comunidades de base e desenvolveram manuais de acompanhamento e co-financiamento, avaliação e orçamento. “”Além destes manuais, foi publicado um conjunto de cadernos que apresenta a rede e a diversidade de sua atuação em prol do desenvolvimento de base. Estes cadernos (Construir Juntos) estão disponíveis no site www.redeamerica.org.””

A RedEAmérica é uma rede temática liderada pelo setor empresarial como uma estratégia hemisférica para fazer do desenvolvimento de base um elemento-chave para a redução da pobreza, a inclusão social e o aperfeiçoamento da democracia na América Latina. Os trabalhos são feitos visando fortalecer a capacidade de ação coletiva das organizações de base das comunidades e promover um ambiente favorável à sua participação na vida pública e no desenvolvimento social.

Neste sentido, os membros trabalham em conjunto com os beneficiários, apoiando, financiando e acompanhando projetos coletivos formulados pelas organizações de base; enfatizando o fortalecimento organizacional e o desenvolvimento de capacidades coletivas; promovendo a sustentabilidade dos projetos; fomentando a criação de capital social e a ampliação do espaço público para que as organizações de base participem com sua própria voz na orientação dos destinos de sua localidade, região e país.

Para isso, são realizados seminários, capacitações e intercâmbios para as equipes das fundações e institutos e criados materiais para a disseminação da metodologia e investimento na produção coletiva de conhecimento sobre o tema. Além disso, alguns “”blocos nacionais”” de países membros têm começado a desenvolver iniciativas comuns, coletivas e concertadas.

Iniciativa Comum – A atuação conjunta foi um desafio que a rede propôs ao bloco brasileiro, conta Elizabeth Kfuri, diretora da Fundação Otacílio Coser. Hoje, sete de seus membros estão envolvidos na chamada Iniciativa Comum, que com a consultoria da Comunitas vai desenhar um fundo de financiamento de projetos de desenvolvimento de base a serem implementados em diferentes regiões/comunidades.

“”Para os membros envolvidos esse já é por si só um exercício de cidadania e democracia, pois compartilhamos ideais e sonhos comuns sem permitir que as diferenças operacionais, regionais, administrativas, nos impeçam de tornar realidade aquilo que poderá ser uma referência para toda a rede””, afirma Elizabeth.

José Augusto Muller, diretor executivo do Instituto Camargo Correa, é o coordenador da Iniciativa Comum e explica que os sete participantes atuam em diferentes localidades do Brasil, o que dificulta a implantação de um único projeto, Por isso, optaram por criar uma metodologia que possa ser duplicada, cujo protótipo seria quatro diferentes projetos-piloto, aplicados em determinadas localidades (Juruti/PA, Vila Velha/ES, Itamarambi/MG e São Paulo/SP).

Prevê-se um prazo de três meses, iniciados em julho, para a execução do projeto. O produto final será o desenho de um Fundo RedEAmérica, já aplicado em organizações das localidades escolhidas, voltado inteiramente a atividades que gerem desenvolvimento de base. “”O desenho obtido deverá permitir a replicação dos conceitos e da metodologia em qualquer local””, conta Muller.

Para esta iniciativa, a IAF destinou US$ 150 mil e os sete membros mais US$ 150 mil, sendo que 1/3 destes recursos – operacionalizados pela Fundação Otacílio Coser – é destinado à construção da metodologia e o restante vai integralmente aos beneficiários dos projetos. Os outros envolvidos são: Fundação Acesita, institutos Camargo Correa, Hedging-Griffo, Arcor Brasil e Holcim e Instituto de Cidadania Empresarial de São Paulo.

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