Indicador global que avalia progresso social ganha projeção no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 13/10/2014

A Social Progress Imperative é uma organização comprometida em apresentar ao mundo um processo baseado no novo índice de progresso social por meio de uma série de articulações de redes regionais e nacionais. Para entender um pouco desse trabalho, conversamos com Elaine Smith, uma das representantes da Social Progress Imperative no Brasil.

O momento é apropriado, uma vez que um de seus idealizadores esteve no Brasil, durante o TED Global no Rio de Janeiro, para falar da iniciativa. Confira o bate-papo:

redeGIFE – A Social Progress Imperative é uma organização independente que se originou da articulação de outros importantes atores no campo social. Como foi esse processo que culminou na criação da rede?

Elaine Smith – A Social Progress Imperative, que inclui tanto o Índice de Progresso Social e a Rede #Progresso Social, foi criada em 2012 nos Estados Unidos como uma organização sem fins lucrativos. 2014 marca o segundo ano que o Índice de Progresso Social foi publicado e o primeiro ano de funcionamento da Rede #Progresso Social. Em abril de 2013, durante o décimo Fórum Anual da Skoll World realizado na Universidade de Oxford, o Social Progress Imperative lançou o seu primeiro produto de pesquisa, o Índice de Progresso Social. A versão beta, que cobria apenas 50 países, já foi um esforço inovador para medir até que ponto os países satisfazem as necessidades não-econômicas de seus cidadãos.

A ideia original do Índice de Progresso Social foi concebida no âmbito do Conselho de Filantropia e Investimento Social, Fórum Econômico Mundial, presidido por Matthew Bishop, chefe do escritório da The Economist em Nova York, que assumiu em 2009 o desafio de aumentar o impacto das ações dos empreendedores sociais, líderes empresariais e formuladores de políticas públicas no mundo. Em 2009, o Conselho propôs a criação de um novo índice, inspirado no Índice de Competitividade Global, com o objetivo de estimular a competição entre as nações para melhorar o ambiente para a inovação social, da mesma forma que o índice de competitividade tem feito para os fatores de crescimento econômico.

O membro do Conselho Diretor, Brizio Biondi-Morra, Presidente da Fundação Avina, conseguiu com a Avina e com a Skoll Foundation os recursos iniciais para analisar a viabilidade de um novo índice, bem como fundos no Banco Compartamos. Brizio Biondi-Morra convidou Sally Osberg, Presidente da Skoll Foundation, e Álvaro Rodríguez Arregui, Sócio Diretor do IGNIA, para participar do Conselho Diretor do Social Progress Imperative. Posteriormente, Michael Green da Philanthrocapitalism juntou-se ao Conselho Diretor e, posteriormente, tornou-se Diretor Executivo. Foi igualmente importante para esta fase inicial, a Fundación Latinoamérica Posible, da Costa Rica, incluindo o seu presidente Roberto Artavia Loria e sua equipe.

redeGIFE – E de que forma o Índice de Progresso Social se diferencia de outras ferramentas que recomendam indicadores de desempenho social existentes hoje em dia?

Elaine Smith – O IPS é um índice que agrega indicadores sociais e ambientais que capturam três dimensões do progresso social: as Necessidades Humanas Básicas, os Fundamentos de Bem-Estar e as Oportunidades. O Índice mede o progresso social utilizando estritamente indicadores de resultados, e não o esforço que um país realiza para alcançá-los. Por exemplo, a quantidade que um país gasta em cuidados de saúde é muito menos importante que o bem-estar e a saúde realmente alcançados, medida por meio de indicadores objetivos de resultados.

A diferenciação do Índice de Progresso Social ocorre pelo fato de incorporar os seguintes princípios básicos: (1) Indicadores exclusivamente sociais e ambientais: seu objetivo é medir o progresso social diretamente e não por meio de variáveis econômicas; (2) Foco nos resultados: seu objetivo é medir os resultados que são importantes para a vida das pessoas (outputs), não os investimentos ou esforços realizados (inputs); (3) Factibilidade: o índice pretende ser uma ferramenta prática que possa ajudar dirigentes públicos, líderes empresariais e da sociedade civil a propor e apoiar a implementação de políticas públicas e programas que acelerem o progresso social; e (4) Relevância: seu objetivo é medir o progresso social de forma holística e abrangente, englobando todas as regiões/territórios independente de seu nível de desenvolvimento econômico.

redeGIFE – Como a rede chegou ao Brasil e de que forma seus princípios e práticas estão sendo disseminados? Que articulações e iniciativas podemos destacar?

Elaine Smith – Em agosto de 2014, SPI, Fundación Avina e Deloitte, promoveram um seminário de apresentação da ferramenta para um público de 60 especialistas de organizações sociais, empresariais e acadêmicas. Ali se discutiu a aplicabilidade estratégica do índice na conjuntura brasileira e muitas contribuições foram recolhidas para o aprimoramento da versão até então beta do IPS.

No mês seguinte, houve a apresentação para mais de 1.500 participantes da Conferência Ethos, conduzida por Michael Porter e Michael Green. Muitas pessoas se interessaram pela abordagem Sócio Ambiental do índice e alguns projetos nasceram. Um deles foi o IPS Amazônia, que foi lançado em 23 de agosto de 2014. Outro projeto chamado IPS Comunidades está em fase final de formatação. É uma iniciativa de empresas que atuam na Amazônia brasileira. A rede #Progresso Social Brasil nasce a partir dessas iniciativas e se formalizou com a assinatura de um acordo de colaboração acordado por 14 instituições que começaram a utilizar o IPS como ferramenta para guiar seus investimentos, alinhar suas ações e aumentar seu impacto social coletivo.

redeGIFE – De que forma institutos, fundações e empresas podem utilizar o índice para avaliarem seus esforços, investimentos e resultados de forma mais estratégica?

Elaine Smith – O índice pode ser usado por líderes do governo, empresas e pela sociedade civil como uma ferramenta capaz de gerar insumos para processos de tomada de decisão e avaliação de impacto das ações sociais ou políticas públicas desenvolvidas. O IPS tem a característica de avaliar comparativamente o sucesso de países, municípios ou comunidades e catalisar a ação. O IPS provê um marco conceitual e metodológico global que se adapta ao contexto para impulsionar ações locais, a partir de alianças multisetoriais. Nossa visão é de um mundo em que o progresso social se encontre juntamente com a prosperidade econômica, como um dos dois indicadores nacionais de sucesso.

Para saber mais sobre a Social Progress Imperative e o Índice de Progresso Social, acesse.

Social Progress Imperative no TED Global no Rio de Janeiro

Michael Green, CEO da Social Progress Imperative, esteve no Brasil na última semana para participar do TED Global 2014, realizado no Rio de Janeiro, entre 6 e 10 de outubro. As apresentações ainda não estão disponíveis na plataforma online, mas, em breve, entrarão no ar.

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