Iniciativa agroecológica brasileira é reconhecida como uma das melhores do mundo

Por: Fundação Banco do Brasil| Notícias| 28/01/2019

Tecnologia social Revolução dos Baldinhos foi a única representante do Brasil em evento realizado em Berlim

Uma metodologia que nasceu em 2008 para promover conscientização ambiental e ecológica na comunidade Chico Mendes, região continental de Florianópolis (SC), agora soma mais uma conquista. A iniciativa conhecida como Revolução dos Baldinhos foi selecionada como uma das 15 práticas excepcionais em agroecologia do mundo.

Promovido pelo WFC (World Future Council) – organização alemã que busca reconhecer práticas mundiais em agroecologia – o concurso selecionou 77 indicações, de 44 países, sobre práticas que promovem a transição para a agroecologia do Sul do globo e que atingiram os critérios de agroecologia desenvolvidos pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Os escolhidos foram projetos, programas, empresas sociais e organizações não-governamentais ligadas à alimentação sustentável.

Inicialmente o projeto foi desenvolvido pelo Cepagro (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo), de Florianópolis, para resolver um problema grave de contaminação de doenças pelo manejo incorreto do lixo e que ocasionou na infestação de ratos – incluindo a morte de pessoas por doenças em 2008. O saldo do trabalho realizado por meio da gestão comunitária de resíduos e da compostagem foi a redução do número de doenças, higienização das ruas e o envolvimento da comunidade. A iniciativa sensibiliza as famílias para a reciclagem das sobras de comida e as transforma em composto orgânico, disseminando o plantio como promoção da saúde e alimentação saudável.

Desta maneira, a metodologia constrói um círculo virtuoso. No momento em que se recolhem os resíduos orgânicos nas casas, escolas e creches, faz-se a entrega do adubo aos moradores, que utilizam em suas hortas e pequenas plantações orgânicas, resultando em alimentos saudáveis. O lixo que segue para a coleta pública, sem a mistura de restos de comida, fica seco, sem mau cheiro, não suja a rua e é facilmente manuseável. Além disso, ao separar o lixo, a comunidade faz a triagem de materiais, encaminhando aquilo que pode ser reaproveitado para a reciclagem.

Este não é o primeiro prêmio da instituição. Em 2011 a Revolução dos Baldinhos já havia sido certificada como Tecnologia Social pela Fundação BB. Dois anos depois, foi vencedora nacional no Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social, na categoria Instituições de Ensino, Pesquisa e Universidades. A iniciativa também é uma das cinco escolhidas para ser implementada no Projeto Moradia Urbana com Tecnologia Social (Muts) – criado para mobilizar moradores por meio da convivência social em empreendimentos de baixa renda financiados pelo Banco do Brasil. O Muts também foi premiado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU Habitat), na categoria “Inovações tecnológicas para a habitação e para uma cidade sustentável e inclusiva”, em 2018.

Segundo Júlio César Maestri, engenheiro agrônomo da Cepagro, os prêmios são importantes, no sentido de exaltar a experiência comunitária dos moradores que há tantos anos se dedicam para manter o projeto ativo. “Esses prêmios ajudam a dar esse reconhecimento, renovando a energia da comunidade. Nós, do Cepagro, estamos felizes pela autonomia do grupo. Além disso, acredito que isso fortalece a dimensão, para que essa experiência continue sendo reaplicada dentro do projeto Muts, por outras comunidades do Brasil”, avalia.

Por ser reconhecida como tecnologia social, a Revolução dos Baldinhos passou a integrar o Banco de Tecnologias Sociais da Fundação BB para que a metodologia possa ser reaplicada em qualquer localidade do Brasil. A metodologia pode ser conferida aqui.


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