Instituições devem romper suas amarras para se adequarem com a sociedade do século XXI

Por: GIFE| Notícias| 21/03/2014

Painel debate o potencial de engajamento e participação da internet e redes digitais em questões do interesse público e como o investimento privado pode fortalecer o campo dos direitos

Desde junho de 2013, as manifestações populares não têm ficado de fora dos debates entre os diversos setores da sociedade. No 8º Congresso GIFE não foi diferente. A mesa intitulada “Mobilização e Políticas Públicas” trouxe uma perspectiva jovem e fora dos padrões comuns sobre o engajamento da sociedade em questões de interesse público. Em um debate rico e com intervenções do público, temas como a ampliação dos limites da democracia representativa e o papel da sociedade na esfera pública foram abordados de forma distinta e profunda no segundo dia de evento.

Ricardo Henriques, do Instituto Unibanco, iniciou o debate como mediador fazendo provocações aos painelistas: como dialogar com as limitações do sistema político sem preconizar o fim da democracia participativa e representativa? Como reviver o processo de construção política e extrair o que temos de mais vigoroso nele? Ele ressaltou que o protagonismo da juventude não está em discussão, como muitos costumam dizer, mas que os jovens hoje estão céticos, descrentes e desmotivados com a política brasileira, não há entusiasmo partidário. Porém, o contraditório na cena pública gera resultados. É necessário reconhecer seu valor para mudar o arranjo social que temos, sendo ativos seja através do investimento social privado ou da mobilização pública para diminuir a desigualdade social.

O representante da Oi Futuro, Rafael Oliva, discorreu sobre a relação entre mobilização, políticas públicas e investimento social privado. Segundo ele, existem três vertentes de demandas sociais: pela provisão abrangente e eficiente de serviços de caráter público; pelo direito à manifestação; e por uma gestão pública transparente, que haja participação no processo de formulação das políticas públicas. Portanto, a dimensão pública e os investimentos sociais devem olhar estes três eixos. O desafio é fortalecer o campo dos direitos no âmbito do investimento social – a velocidade da absorção deste tema reflete a pressão social aplicada a ele, por isso é preciso construir uma linguagem comum desta nova visão de sociedade.

Alessandra Orofino, cofundadora do Meu Rio, mostrou como soluções inovadoras podem pressionar a implementação de políticas públicas a nível local com o exemplo prático de sua organização. Salientou também a relevância da internet, das redes digitais e como a dinâmica trazida por elas diminuiu as barreiras de acesso. “A conexão entre online e offline funciona e é poderosa”, exalta a jovem de 25 anos.

Pedro Cristo, da +D // Design com Propósito, apresentou dados relevantes sobre mobilização, especialmente nas favelas e periferias. Nos próximos 40 anos, 93% do crescimento urbano será no que ele denominou “mundo majoritário”, mais conhecido como os países em desenvolvimento. “Já cansamos de ouvir que o Brasil é o país do futuro. O futuro é agora, a educação precisa de uma transformação imediata”, pontuou. Algumas das propostas de reforma política trazidas por Pedro foram a implementação de um orçamento participativo, a democracia legislativa municipal direta, a possibilidade de candidatura avulsa, o fim dos suplentes e teto absoluto para doações em campanhas

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Mais uma vez trazendo à tona a questão da tecnologia, Pedro V. Abramovay, diretor na América Latina da Open Society Foundations, caracterizou-a como a grande novidade nas mobilizações, que sempre existiram para a construção de políticas públicas efetivas. Com as distâncias encurtadas, trabalhos de conexão ou intermediação tiveram que se reinventa, e a política também é uma forma de intermediação.

Por isso, segundo ele, é preciso reinventar a política e construir estruturas institucionais que permitam que mobilizações aconteçam. “Na Alemanha, por exemplo, se 100 mil pessoas assinarem uma pergunta, o ministro é obrigado a respondê-la através de um vídeo para a população – é a política se engajando com as pessoas. Os freios e contrapesos das instituições dos séculos 18 e 19 devem romper suas cordas para estarem de acordo com a sociedade do século 21”, conclui.

O Instituto Unibanco e a Oi Futuro são associados ao GIFE

Confira o que aconteceu no 8º CongressoGIFE: http://congressogife.org.br/2014/

“Raquel Rosenberg, da Envolverde – Especial para o GIFE

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