Instituto Carrefour promove o ‘I Fórum de Diálogo sobre Diversidade e Inclusão’

Por: GIFE| Notícias| 23/03/2015

O Instituto Carrefour promoveu, no dia 19 de março, em São Paulo, o ‘I Fórum de Diálogo sobre Diversidade e Inclusão’, com o objetivo de reunir especialistas e representantes das iniciativas pública e privada para debater sobre os desafios da formulação e implementação de políticas de inclusão no ambiente de trabalho e de ações afirmativas.

A psicóloga, psicanalista e doutora em filosofia, Viviane Mosé, abriu o encontro destacando que o fundamento da grandeza brasileira é justamente a diversidade. Mas que, no entanto, ela ainda é pouco vista e valorizada no país. Enfatizou que a diversidade não é mais uma questão de escolha, mas uma necessidade diante do novo modelo de sociedade orgânica, na qual as pessoas estão cada vez mais articuladas, acabando com as estruturas do modelo piramidal existente por séculos.

“A diversidade passa também pelo sentido econômico, com a inclusão de novas pessoas no mercado. Antes, não existia creme específico para cabelos de negros, por exemplo. Agora sim. E outro aspecto é no sentido da inclusão moral. Como não existe pirâmide, ninguém está mais escondido. Todas as diferenças têm voz e elas são altas”, comentou.

Floriano Pesaro, secretário de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, destacou que as sociedades que mais avançaram são justamente aquelas que promovem práticas e respeitam a diversidade, mudando padrões e conceitos e criando legislações que possam garantir a promoção da igualdade. “Por isso as políticas de educação são tão importantes, para incentivar novos gestos e atitudes, discutindo o que isso pode gerar no outro”, pontuou.

“Somos diferentes na essência, no modo como sentimos e fazemos, e no final, isso é tão bom e atrai novas perspectivas. Precisamos viver assim. Isso é cultura de paz e é o que buscamos. E ela se ancora no respeito e na tolerância”, ressaltou Linamara Rizzo Battistella, secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo.

Avanços e desafios

Os especialistas presentes no Fórum enfatizaram alguns avanços na promoção da igualdade, como a criação de leis determinando cotas para negros ingressarem em concursos públicos – em São Paulo, por exemplo, em dez anos, por meio da legislação, 50 mil novos servidores negros ingressarão em órgãos municipais -, assim como na inserção dos mesmos em universidades – que passou de 2% para 17%.

Para mim, no entanto, a cota é a nossa derrota. Mostra que não fomos capazes de fazer algo por consciência, mas sim por uma imposição da lei. Por isso, o novo desafio é ir além das cotas. Ela de ser apenas um estímulo. Precisamos é promover a diversidade como ela deve ser de fato vivenciada”, enfatizou Giovanni Harvey, secretário executivo da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial).

Porém, apesar dos avanços, os participantes do Fórum destacaram os diversos desafios ainda a serem enfrentados, principalmente na inserção no mercado de trabalho.

Isso fica evidente ao analisar os dados da pesquisa “Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas”, promovida pelo Instituto Ethos. Apesar das mulheres serem 51% dos brasileiros e terem o nível de escolaridade maior do que o dos homens, elas acupam apenas 13% dos cargos executivos nas companhias. No caso das mulheres negras a situação é ainda mais crítica: são apenas 0,6% entre os executivos.

“Ao compararmos os dados dos últimos anos vemos que há um crescimento da ocupação das mulheres e negros nestes cargos, mas a velocidade é muito aquém da gravidade do problema. Se mantivermos esse ritmo só vamos conseguir reproduzir nas empresas o cenário que temos na sociedade em 50 anos para as mulheres e em 150 anos para os negros”, destacou Jorge Abrahão, diretor presidente do Instituto Ethos.

Segundo Mauricio Pestana, secretário adjunto de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, tanto as empresas, como o setor público, enfrentam alguns obstáculos semelhantes para avançar nessa agenda. Um deles, em sua opinião, é cultural, ou seja, é preciso que os demais funcionários entendam o porquê da importância de se promover a diversidade no ambiente de trabalho, a fim de que estejam preparados para receber da melhor forma esses novos profissionais. O outro aspecto é em relação à falta de profissionais qualificados para ocupar as vagas.

Para Linamara Rizzo Battistella, promover essa mudança cultural internamente é o primeiro passo, mas trata-se de um processo que exige tempo e respeito à dignidade humana. “As pessoas precisam perceber que unir os diferentes saberes pode fazer a diferença. O novo pulo da sustentabilidade é justamente a acessibilidade, ou seja, garantir que todos estejam dentro. É trazendo a diversidade para dentro da economia é que vamos avançar”, acredita.

O diretor presidente do Instituto Ethos apontou ainda que, para acelerar essas mudanças, será importante que as políticas públicas criadas possam valorizar as empresas que já realizam iniciativas de promoção da igualdade e da diversidade, a fim de estimular novas práticas. Além disso, Abrahão acredita que o setor empresarial precisa avançar mais nestas questões, como tem feito o poder público.

Boas práticas

Durante o Fórum, o Instituto Carrefour apresentou a sua proposta de atuação para 2015. A organização irá investir cerca de R$ 24 milhões, que serão destinados a projetos que promovem a diversidade e a igualdade socioeconômica. Esse montante é composto por recursos próprios do Grupo Carrefour Brasil, da Fundação Internacional Carrefour e recursos provenientes de leis de incentivo.

As iniciativas estão focadas em três eixos centrais: inserção no mercado de trabalho, geração de renda e educação para a inclusão. Um exemplo é o Projeto Conexão Varejo, realizado em parceria com a Rede Cidadã, no qual jovens e adultos são capacitados para atuação no setor de varejo alimentar, oferecendo cursos com lições que vão desde introdução ao varejo, técnicas para atendimento, higiene e saúde até postura profissional e aulas práticas que incluem visitas às lojas Carrefour. Os alunos que concluem os cursos são acompanhados e encaminhados para o mercado de trabalho. Cerca de 65% destes conseguem uma colocação profissional.

Outro projeto apoiado é o Biblioteca Sem Fronteiras, em parceria com a Fundação Dorina Nowill. Foi criado um portal para disponibilização do acervo de 4 mil livros em formatos acessíveis (braile, áudio, digital acessível e fonte ampliada), além das obras que serão lançados e incluídas ao longo dos anos.

A missão do Instituto Carrefour é promover e apoiar ações e iniciativas que valorizem a diversidade do nosso país. Acreditamos que promover o respeito aos Direitos Humanos é fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável da sociedade”, afirmou Paulo Pianez, diretor do Instituto Carrefour e diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Carrefour Brasil.

Charles Desmartis, CEO do Grupo Carrefour Brasil, destacou ainda que o Grupo tem compromisso com a valorização da diversidade e ela se reflete na forma como a empresa se relaciona com parceiros, colaboradores e clientes. Em 2011, a empresa lançou um Código de Conduta, que reforça estes valores e, em 2012, criou o Programa de Valorização da Diversidade com várias iniciativas para que o respeito e a inclusão oriente o comportamento em todas as lojas no Brasil.

Atualmente, o Grupo tem 72 mil colaboradores. Num levantamento interno, foi possível perceber a diversidade: 58% dos colaboradores são negros; 56% são mulheres; entre os gerentes 40% são mulheres e 46% são negros.

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