Instituto Ethos pede um novo contrato da sociedade

Por: GIFE| Notícias| 14/05/2010

Com a premissa de que o planeta precisa de um novo processo civilizatório, a 12ª edição da Conferência Internacional Ethos, realizada entre os dias 11 e 14 de maio, em São Paulo, foi um momento em que transpareceu a necessidade de renovação. Muito além dos discursos, os (1.700) participantes (78 palestrantes nacionais e internacionais) mostraram preciso caminhar para o estabelecimento de uma nova ordem econômica, social e ambiental.

No entanto, qual a real contribuição das empresas na construção da sonhada “sociedade mais sustentável e justa”? Não havia no evento especialista para negar que a resposta seja trabalhar a gestão dos negócios para desenvolver uma economia verde, inclusiva e responsável. Mais quais são os primeiros passos?

Na edição do ano passado, a conclusão da 11ª Conferência foi a de que, apesar da irrefutável importância, a responsabilidade social ainda não havia entrado no coração dos negócios. Restou para este ano, mostrar o que precisa ser feito; uma referência na qual as empresas, governo e sociedade possam ter inspiração.

Não por acaso, a escolha recaiu sobre a Carta da Terra, uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica, que norteou a intensa programação de quatro dias do evento. O documento é organizado em quatro eixos e 16 pontos específicos, que objetivam a proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico, respeito aos direitos humanos, democracia e paz.

“O Ethos acredita que podemos construir a economia verde, inclusiva e responsável no Brasil”, argumentou o vice-presidente executivo do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, na plenária “Que Caminho Temos Diante de Nós”. Nela, que abordou que direção tomar para criar o futuro desejado, ficou claro que a responsabilidade cabe a quem dirige os processos dentro de uma empresa.

Para presidente do conselho do Ethos, Sérgio Mindlin, antes de pensar que seja difícil e complexo assumir tais premissas, é preciso se motivar a contruí-las “Tenha o propósito e os meios aparecerão”, declarou.
Nesse sentido, o Brasil está em uma posição privilegiada por suas condições naturais e seu protagonismo no campo das energias limpas, podendo dar o exemplo se não repetir erros cometidos em outros países. A “economia verde”, assim, foi defendida pela instituição e seus convidados como o próximo passo.
A economia verde é aquela que respeita os sistemas naturais; “inclusiva”, que tem todos os processos produtivos, inclusive de povos tradicionais, integrados, e “responsável”, que seja ética e comprometida com o bem-estar de todos. O maior resultado visado é a existência de uma sociedade sustentável e justa, salientou Oded Grajew, presidente do Ethos, presente na plenária.
Sobre a viabilidade de projetos nesse sentido, Grajew esclareceu que o Ethos tem conhecimento da necessidade de expandir a adesão à responsabilidade socioambiental para todas as instâncias da sociedade. Por isso, vem intensificando seus trabalhos por melhores políticas públicas. Para que estas surjam, Grajew lembra que são necessárias mobilização e pressão da sociedade civil.

Carlos Eduardo Brandão, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), acredita que parte da solução seria ter conselhos gestores diversificados, que representem melhor os diversos stakeholders (públicos de interesse). “Existem exemplos de boas práticas de governança, usadas no Brasil e outros países, baseadas em quatro alicerces: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa”. No entanto, falta regulamentação, já que não existe uma lei que torne obrigatória a adoção desses princípios.

Esses são alguns dos motivos para a atualização dos indicadores de responsabilidade social empresarial (RSE), à luz da norma 26000 da ISO (International Organization of Standardization). “Essa atualização chega para simplificar os indicadores e facilitar seu uso e entendimento por parte das empresas”, acredita Itacarambi. Hoje, essa ferramenta é usada por empresas em lugares cada vez mais diversos, em seis países, além do Brasil: Paraguai, Peru, Equador, Bolívia, Argentina e Nicarágua. Para englobar cada vez mais parceiros, o uso da norma ISO 26000 se faz necessário.

“A norma será publicada em dezembro e vai atuar como uma plataforma de entendimento entre os stakeholders (públicos de interesse). Ela foi construída em uma base de iniciativas já reconhecidas, como a GRI (Global Reporting Initiative), por exemplo” , explica Gustavo Ferroni, coordenador do Grupo de Trabalho ISO 26000 do Ethos. Para atender à demanda do empresariado global, a norma foi firmada em termos de entendimento entre a ISO, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e o Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas).

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