Intenção não se reverte em atitude

Por: GIFE| Notícias| 02/04/2007

Rodrigo Zavala

O Instituto Akatu divulgou, na última semana, um estudo sobre como e por que os brasileiros praticam o consumo consciente, em comemoração ao seu sexto aniversário. No entanto, os resultados do levantamento mostraram que, além do número de consumidores considerados engajados ter diminuído, ainda existe divergência entre o que se postula como princípio e que realmente se pratica.

A explicação para o negativo diagnóstico foi dada pelo diretor presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar, durante o lançamento da pesquisa. Segundo ele, o conceito de consumo consciente ainda está em fase de transição e, assim, tende a suscetibilidade de condutas e opiniões de contexto imediato. “”Em 2003, quando divulgamos a primeira pesquisa sobre o tema, havia o risco eminente do apagão, por exemplo, o que determinou, entre outros fatores, novos comportamentos. Isso diminuiu agora””, avaliou.

Realizada entre setembro e outubro de 2006, a sétima pesquisa realizada pelo instituto entrevistou 1.275 adultos de todas as classes sociais residentes nas 11 principais cidades das cinco regiões geográficas do país: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE). As distribuições de idade, sexo e classe social, segundo o instituto, foram ponderadas em relação à distribuição demográfica de cada um.

Os questionários, com 80 perguntas cada, foram baseados nos Indicadores de Consumo Consciente (ICCs) criados pelo Akatu. Ao todo, são 13 comportamentos (veja lista) divididos em quatro grandes áreas, conforme o tipo de benefício que proporcionam: Economia, benefícios diretos e de curto prazo para o consumidor; Planejamento, de médio prazo, associado à reflexão sobre suas práticas de consumo; Compra Sustentável, de longo prazo, mas com benefícios imediatos à coletividade; e Reciclagem, cujo benefício é coletivo.

Os comportamentos, por sua vez, definem que tipo de consumidor determinada pessoa é: indiferentes, que adotam no máximo dois comportamentos; iniciantes, de três a sete; engajados, de oito a 10; e conscientes, de 11 a 13. Em comparação com pesquisas anteriores, o número de pessoas considerados engajados e conscientes diminuiu. Em 2003, esses grupos representavam, respectivamente, 37% e 6%. Já em 2006, os mesmos segmentos apresentaram 28% e 5%.

“”Estamos passando de uma fase inicial, do primeiro contato com a população, para duas outras fases típicas do desenvolvimento de fenômenos sociais. A segunda fase se caracteriza agora justamente pela regularidade com que o assunto passa a figurar na mídia e entra na agenda da população. Mas, nessa fase ainda se observam divergências, como as vistas na pesquisa””, afirmou Mattar.

Segundo ele, o Brasil dá os primeiros passos para uma terceira fase do fenômeno consumo consciente, em que haverá uma relativa estabilização de opiniões e condutas. “”Mesmo com um decréscimo, o número de engajados e conscientes é de 33%. Isto significa dizer que uma em cada três pessoas compreende sua responsabilidade””, acredita.

Valores x Comportamento – Responsável pela pesquisa, Market Analysis dividiu o questionário em dois grandes blocos: das 38 perguntas se referiam a valores e 42 a comportamentos. A idéia era identificar não só se uma determinada mensagem é valorizada pelo entrevistado, como também averiguar o quanto esse valor se traduz em práticas efetivas.

“”Nas questões relacionadas a valores, 31 tiveram adesão majoritariamente positiva da população. No entanto, dos comportamentos, apenas sete obtiveram o mesmo resultado””, explicou o diretor geral da Market Analysis, Fabián Echegaray.

Entre as perguntas com baixa adesão estavam: “”Verificou a certificação de produtos de origem florestal?”” e “”Comprou produtos orgânicos (ex: alimentos sem agrotóxicos, carne sem hormônios ou antibióticos etc) nos últimos seis meses?””. Para ambas, o percentual de respostas negativas superaram 70%. “”Os brasileiros pouco aderem a comportamentos voltados ao coletivo””, criticou.

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