Investidor social pode doar ou mostrar ações inovadoras, diz Yunus

Por: GIFE| Notícias| 03/06/2013

Na última terça-feira (28), em uma manhã inspiradora, o Nobel da Paz Muhammad Yunus foi o convidado especial para um encontro promovido pelo GIFE e Instituto BRF sobre a ligação entre negócios sociais e o investimento social corporativo.

Durante o evento, o criador do Grameen Bank, instituição que disponibiliza microcrédito para 8,5 milhões de pessoas em Bangladesh, contou que as organizações podem contribuir com essa lógica de negócio voltada às questões sociais. Para Yunus, todos os problemas podem ser solucionados a partir dos negócios sociais, basta apenas criatividade e um investimento inicial.

Hoje, há mais de 60 empreendimentos em Bangladesh voltados a resolver demandas sociais e ambientais do país, sem que haja divisão de lucros, mas sim um reinvestimento no próprio negócio. “A razão pela qual nós criamos uma organização é para resolver problemas encontrados na sociedade. Temos que nos desafiar e entender o fato de que podemos encontrar soluções em que o dinheiro é apenas como um meio para isso. Isso é negócio social”, explicou o bengalês.
O professor explicou ainda que o start de empreendimentos dessa natureza pode ser com um fundo de investimento, levantado a partir de doações de investidores sociais ou mesmo de empresas. “Não é necessário prejudicar o negócio tradicional. O setor privado domina o uso de tecnologias e possui poder criativo e poderia usá-los como instrumentos para pensar novas alternativas de mercado.”

Esse investimento inicial pode se dar também por meio do Yunus Social Business, centro de pesquisa recém-chegado ao Brasil. Presente em outros sete países, estimula a produção de conhecimento científico sobre o tema e atua como incubadora de ideias de negócios sociais com um fundo de investimento. “As ideias originais em Bangladesh mostram que os negócios sociais funcionam em grande escala. O Yunus Social Business incentiva uma forma de ver negócios na perspectiva da sociedade, maximizando seu valor, e não somente valorizando investidores”, explicou a co-fundadora do centro, Saskia Bruysten.

Em um dos seus projetos atuais, Yunus trabalha em parceria com a empresa brasileira BRF no desenvolvimento da indústria avícola no Haiti. Segundo ele, o desenvolvimento do país pode ser potencializado pelo contexto em que está inserido: proximidade física com economias mais desenvolvidas, como os Estados Unidos, e beneficio do acordo de livre comércio entre alguns países da América. Yunus está propiciando parceria entre o governo local e a multinacional BRF para que o país comece a realizar suas próprias atividades, desenvolvendo uma cadeia produtiva que possa atender o consumo interno e, quem sabe mais tarde, o externo. “Até sal que comi lá eram importados da República Dominicana. Surpreende um país que sequer sal consegue produzir, mesmo cercado pelo mar”, lembrou.

Nesse sentido, o economista defende que os governos também devem mudar a mentalidade e criar confiança com a população local, estimulando a prática de “social business”. “As pessoas podem ter pequenos atividades familiares, em suas casas”, argumentou.

Os investidores sociais interessados em fortalecer a prática de negócios sociais junto ao Yunus Social Business podem apresentar ideias inovadoras, que passaram pelo escrutínio da instituição para possível financiamento inicial. Essa mesma orientação é direcionada as organizações da sociedade civil que não tem o know-how para atuar como um negócio sustentável. Outro viés de participação do investimento privado é a doação direta ao fundo de investimento, que mantém a instituição.

“Empresas e pessoas podem investir em boas ideias que possam solucionar problemas e, com boas ideias, nós vamos atrás do dinheiro para financiá-las”, completou Yunus.

Para saber mais sobre o Yunus Social Business, clique aqui.

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