Investidores sociais melhoram indicadores ao aderir ao Painel GIFE de Transparência

Por: GIFE| Notícias Institucionais| 08/08/2016

Ser transparente e ter um olhar atento e consistente para aprimorar essa postura em processos cotidianos nem sempre é fácil. Cerca de 50 institutos e fundações associados ao GIFE, no entanto, têm demonstrado a busca por melhorar constantemente a sua prática no campo ao aderirem ao Painel GIFE de Transparência.

A iniciativa – lançada no final de março no Congresso GIFE – é uma ferramenta online. Ela reúne, organiza e disponibiliza informações institucionais relevantes sobre os associados do GIFE a partir de um grupo de indicadores. Este instrumento permite a qualquer um observar se a organização publica em seu site a informação sobre cada indicador definido e acessá-la por meio de link que direciona o usuário para o dado no site do associado.

O processo de preparação para entrar no Painel – cuja adesão é voluntária – e disponibilizar as informações relevantes sobre sua prática, trouxe um impacto direto na transparência destas organizações. Foi observado um crescimento médio de 16.25 pontos percentuais no total dos indicadores de transparência, em relação ao marco zero.

Um exemplo é a divulgação do estatuto da organização. Mais de 40% dos associados que não divulgavam esse documento em seus sites passaram a fazê-lo. Outros indicadores que tiveram mais impacto no momento de adesão ao Painel foram a publicação de relatórios de atividades; demonstrações contábeis; e-mails de contato e relatórios de auditoria. Já entre os indicadores com menos impacto está a disponibilização dos relatórios de avaliação. Apenas uma organização participante do Painel divulga o documento. Ainda que o indicador não considere avaliações que integram os relatórios de atividades, pressupondo que a organização publique em seu site relatórios específicos de avaliação de programas e projetos ou institucionais, é evidente que esta é ainda uma prática que precisa ser ampliada.

O Painel foi criado e inspirado em outras seis iniciativas semelhantes internacionais. Entre elas o GlassPockets – projeto de 2010 do Foundation Center (EUA).  Ele se propõe a funcionar como mecanismo de autorregulação e uma ferramenta prática para vivenciar e praticar a abertura e transparência.

Iara Rolnik, gerente de Conhecimento do GIFE, destaca a postura proativa dos associados que buscaram mudar prontamente processos e atitudes para estarem em acordo com os indicadores estabelecidos, aderindo ao Painel, mesmo não atendendo a grande parte dos indicadores. “Uma atitude de diálogo e transparência pressupõe estar aberto a revelar características de sua institucionalidade mesmo não cumprindo com todos os requisitos. Essa abertura mostra a disposição das organizações para discutir a transparência e transformar as suas atitudes em relação a um diálogo mais aberto com a sociedade”, afirma.

Regina Stella Schwandner, diretora superintendente do Instituto Criança é Vida, conta que a organização, ao saber do lançamento da ferramenta e verificar os indicadores existentes, buscou se adequar para atender ao que era solicitado. A publicação da visão do Instituto no site e o relatório de atividades foram alguns dos tópicos.

“Todas essas informações já tínhamos internamente. Nem imaginávamos, no entanto, que era importante para esse processo de transparência disponibilizá-las no nosso site, por exemplo. Assim, não precisamos criar nada de novo, mas trazer esses dados e torná-los abertos. Eu achei esse processo ótimo. Para nós é fundamental sermos transparentes e, se a referência para o setor é o Painel do GIFE, então vamos buscar atingir os 100% dos indicadores”, ressalta.

No Instituto Natura, o processo também foi bastante semelhante. Segundo Fabiane de Aguiar Pereira, gerente de Comunicação do Instituto, ao aderir ao Painel, a organização passou a publicar no site dados dos representantes dos conselhos administrativo, consultivo e fiscal. Em sua avaliação, essa busca por ser cada vez mais transparente deve ser um movimento constante no setor. “Isto reforça o vínculo das organizações com seus stakeholders. Na Natura, em especial, isto já está na essência da marca e nós, do Instituto, já nascemos com essa visão também”.

Juliana Lopes, diretora de Sustentabilidade e Comunicação da AMAGGI – mantenedora da Fundação André e Lucia Maggi – comenta que a organização decidiu por aderir ao Painel desde o seu lançamento. A proposta foi de mensurar o andamento das ações que já estavam sendo realizadas internamente nesse sentido. Buscaram assim verificar o quanto e onde ainda era preciso investir de forma a proporcionar uma relação ainda mais aberta e transparente com a sociedade.

“Fomos uma das primeiras associadas a entrar no Painel.  Ao acessarmos a ferramenta, verificamos que não conseguimos atender a apenas um dos diversos indicadores existentes. Foi gratificante ver que já tínhamos um bom resultado de transparência e governança para apresentar. A tarefa de casa agora é buscar os processos de melhoria das informações que nos permitam atender a esse indicador de relatórios de avaliação, que tem se mostrado um desafio para todas as instituições. Garantir as boas práticas de governança deve ser um foco constante dos gestores de fundações e institutos. O que nos move é saber que estamos no caminho certo”, comenta.

Para a diretora, o movimento em busca de transparência deve partir da premissa de um investimento social privado mais estratégico. Sempre tendo em vista que a transparência reforça a legitimidade da atuação das organizações e melhora o processo de confiança junto à sociedade. Porém, reconhece que ainda é preciso avançar.

“Ao olharmos o Painel e as organizações que estão lá, vemos que todas precisam melhorar algo. Estamos falando de organizações com estruturas boas, mas que ainda possuem desafios para melhorarem sua transparência. Se olharmos para o terceiro setor como um todo, vemos ainda mais desafios porque as pequenas organizações muitas vezes não têm conhecimento ou estrutura para fazer as melhorias necessárias. Este, inclusive, tem sido um dos focos de nossa atuação: apoiar o processo de melhoria das instituições parceiras – e que fazem trabalhos extremamente relevantes junto à comunidade – de modo que esses trabalhos ganhem maior capilaridade ou visibilidade, também por meio de investimentos em um processo de gestão e de governança”, reforça.

Nesse sentido, Iara Rolnik reforça que o objetivo do Painel é justamente esse: ser um projeto em constante aprimoramento. Mesmo que ainda restrito aos associados do GIFE, pretende que os princípios da abertura e transparência possam, cada vez mais, ser ampliados e se tornarem uma atitude presente no terceiro setor como um todo.

A gerente de Conhecimento do GIFE ressalta, ainda, que a ampliação do rol de indicadores e a maior reflexão sobre a qualidade das informações divulgadas são objetivos das próximas fases do projeto que vão buscar estar sempre em sintonia com o processo vivenciado pelas organizações participantes. “A essência do projeto é estar em linha com o desenvolvimento e disposição das organizações. É só assim que conseguiremos mudar atitudes em relação à transparência e abertura. Os impactos imediatos do Painel nos mostram o quanto esse caminho tem se mostrado profícuo”, enfatiza.

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