Investimento na mulher amplia resultados para família e sociedade

Por: GIFE| Notícias| 18/03/2002

Com o objetivo de promover a diversidade como eixo transversal de projetos promovidos por institutos, fundações e empresas, o GIFE e o Fundo Ângela Borba promoveram na última terça-feira (12/3) o café da manhã Investimento Social Privado e Diversidade – Uma Postura Inclusiva.

O encontro contou com a presença da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e a diretora do Cepia – Cidadania, Estudo Pesquisa, Informação e ação e presidente do Global Fund for Women, Jacqueline Pitanguy.

Ambas abordaram a questão da diversidade como ponto de partida para o exercício da cidadania. Confira a entrevista concedida por Jacqueline ao redeGIFE após o encontro.

redeGIFE – Por que é importante investir na mulher?
Jacqueline Pitanguy – Recentes pesquisas mostram que projetos que têm como foco as mulheres são facilmente multiplicáveis para a família e a comunidade na qual ela vive. É um investimento que se irradia. Isso acontece com freqüência pois, cada vez mais, elas estão assumindo a posição de chefe de família. O Censo 2000, do IBGE, revelou que 25% dos domicílios do país estão sob a responsabilidade única das mulheres e que metade delas sustenta estes lares com menos de 1,8 salários mínimos (R$ 324) por mês. Já o Unicef afirma que de cada US$ 1 investido neste público, 80% vai para a família. Investir na mulher é investir na criança, na família e na comunidade.

redeGIFE – Quais os principais fatores que uma organização privada deve considerar antes de apoiar um projeto de investimento na mulher?
Jacqueline – Os critérios de avaliação são os mesmos dos projetos que focam outros públicos. Não há características específicas. É importante observar a idoneidade da organização que se propõe a executar a ação e se é algo realmente possível de ser alcançado. Além disso, práticas de monitoramento e avaliação também são muito importantes para se conseguir o objetivo.

redeGIFE – Quais os resultados que podem ser esperados de projetos que investem neste público?
Jacqueline – Investir em projetos voltados para a mulher é apostar na democracia. Muito se diz que o grau de desenvolvimento de um país se mede pelas conquistas femininas. Também é importante que se invista na mulher para que sejam derrubadas as barreiras que impedem uma maior atuação dela na sociedade. Um bom exemplo é a violência sexual. Uma mulher agredida passa a ter sérios problemas de saúde, doenças nervosas, baixa auto-estima e dificuldades de aprendizagem. Muitas até cometem suicídio. O investidor privado que se preocupar em erradicar este problema trará grandes benefícios à sociedade.

redeGIFE – Como a senhora avalia as iniciativas que têm como foco a mulher?
Jacqueline – Do ponto de vista governamental eu acho que ainda há uma carência muito grande de políticas públicas. Durante a década de 90 houve um grande esvaziamento do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e isso resultou em um baixo investimento na causa. Já do lado do investidor social eu observo uma abertura maior nos últimos anos. Os empresários estão mais alertas para esta questão.

redeGIFE – Que tipo de resistência a sociedade apresenta e que impede um maior investimento na questão da diversidade?
Jacqueline – Ainda existe um preconceito muito grande por parte da sociedade. Para se ter uma idéia, as mulheres ainda ganham menos que os homens. E as mulheres negras menos que as brancas do mesmo sexo. Mas acredito que a tendência é que isso diminua. Já noto um maior empenho do setor privado para contemplar a questão da diversidade em seus projetos. Há um reconhecimento da importância da mulher como motor da produção. Hoje representamos 40% da força de trabalho, possuímos um grau de escolaridade um pouco maior que os homens e estamos assumindo cada vez mais cargos de confiança.

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