Investimento privado fortalece formação cultural da população
Por: GIFE| Notícias| 20/03/2006Rodrigo Zavala
O lançamento do Museu de Língua Portuguesa prédio restaurado da Estação da Luz, em São Paulo, comprova uma tendência de instituições que investem em cultura. Em vez de patrocinarem eventos pontuais pela cidade, institutos, fundações e empresas começam a se dedicar cada vez mais na construção e manutenção de aparelhos culturais permanentes, em conjunto com o Estado e a sociedade civil.
A predisposição se baseia em três fatores interligados. O primeiro é apostar em projetos de longo prazo, com foco na elaboração de projetos educativos e didáticos para esses centros. Outra questão é a intervenção no espaço público, revitalizando áreas e prédios degradados pela cidade, por meio de parceiras entre o setor público e privado.
O terceiro fator é a ligação entre cultura e outras pastas da administração pública, em que turismo é apenas um exemplo. Afinal, a iniciativa está em acordo com outras ações para o desenvolvimento local por meio da preservação cultural, como é o caso do Projeto Monumenta, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que recuperou o patrimônio histórico de São Luiz, Recife, Olinda, Ouro Preto, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
“”É o primeiro museu sobre um idioma existente no mundo. Além disso, ele é uma ferramenta de revitalização pela cultura. A escolha da Estação da Luz para sediá-lo, portanto, é natural, porque passaram por lá muitos dos imigrantes que forjaram essa chamada identidade””, explica Hugo Barreto, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, organização à frente da empreitada.
Concebido em 2001 e posto em execução em 2002, o museu idiomático é produto de uma ação conjunta da Fundação, dos institutos Votorantim e Vivo, do Ministério da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo e empresas como a IBM do Brasil, Petrobrás, Correios, AES Eletropaulo e TV Globo. Segundo Barreto, a união desses diferentes atores não apenas possibilitou a viabilização do projeto, como também deu os rumos de sua construção.
“”O objetivo principal é mostrar que a língua é elemento fundamental e fundador da cultura. O idioma como amálgama cultural””, explica Barreto. Desta forma, além da preocupação com o público em geral, o projeto compreende ações de integração com educadores da rede pública de ensino, em que mais de quatro mil professores já trabalham em uma rede cooperativa de aprendizado.
A preferência por aparelhos culturais permanentes com propostas pedagógicas para a formação de público é também a preocupação do Instituto Moreira Sales (IMS), o maior complexo privado dedicado à cultura e às artes no Brasil. Criado em 1990, a instituição contrapõe-se à prática do mecenato tradicional, ao atuar fundamentalmente em iniciativas que ela própria concebe e executa.
“”É possível contrair o tempo que uma criança requer para aprender a ler mediante técnicas mais eficazes de ensino, mas as respostas individuais diferem de criança para criança e nem sempre a que aprende melhor é aquela que o faz mais brevemente””, explica o superintendente executivo do Instituto Moreira Sales, Antonio Fernando De Franceschi. Assim, na visão dele, o modelo de ação não pode ser a do “”mero evento, por definição fugaz, efêmero e de pouca eficácia no plano educacional””.
Uma das análises que dão indicadores favoráveis a essas práticas vem do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Quando lançou o Relatório de Desenvolvimento Humano, com o tema “”Liberdade Cultural num Mundo Diversificado””, o Brasil foi apontado como um dos países com experiências mais bem-sucedidas de subsídios e incentivos fiscais para a indústria cultural.
O documento defendeu que, para que o mundo atinja os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e erradique a pobreza, deve primeiro formar sociedades culturalmente diversificadas e inclusivas. E, para isso, destacou a importância da preservação da identidade cultural local e da maior possibilidade de acesso aos bens culturais.
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Serviço:
O Museu da Língua Portuguesa abre ao público a partir do dia 21 de março, de terça a domingo – das 10h às 18h – com entrada de R$4 (inteira). O museu fica na Estação da Luz, s/ número – São Paulo.