Em 15 anos de existência, a iniciativa do Itaú Social acredita na leitura conjunta de adultos e crianças como uma oportunidade de fortalecimento dos vínculos e da participação ativa na educação desde a primeira infância

O Itaú Social distribuiu 220 mil livros para turmas de creches e pré-escolas das redes municipais de ensino do Rio Grande do Sul, como parte da edição 2024 do “Leia com uma criança”. Cada turma recebeu uma coleção de dez títulos de literatura infantil, ampliando os acervos literários e fomentando novas práticas pedagógicas nas instituições de Educação Infantil. Os livros foram distribuídos em parceria com a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), para 414 formadoras do Projeto LEEI (Leitura e Escrita na Educação Infantil) no estado. 

“Há 15 anos, o ‘Leia com uma criança’ vem incentivando a mediação de leitura com crianças, fortalecendo os laços familiares e promovendo uma participação ativa na educação desde a primeira infância. Na edição mais recente, o Rio Grande do Sul foi escolhido como foco da iniciativa, destacando o compromisso com as comunidades afetadas pela crise climática no estado. Kits de leitura foram distribuídos para turmas de creches e pré-escolas em todos os municípios, ressaltando o papel essencial da leitura na Educação Infantil, um hábito indispensável para o desenvolvimento  e o aprendizado ao longo da vida”, explica Juliana Yade, coordenadora de Educação Infantil do Itaú Social.

Os dez títulos da coleção distribuída foram escolhidos com base em critérios técnicos, incluindo a temática abordada, a qualidade literária e o projeto gráfico. O processo também incluiu uma atividade prática com famílias de todas as regiões do Brasil, além de avaliações de especialistas e mediadores de leitura. O objetivo é garantir que os livros promovam interação entre adultos e crianças, fortalecendo o papel da literatura como ferramenta pedagógica e de criação de vínculos afetivos.

Distribuição em 2025

Neste ano, a iniciativa, que já distribuiu mais de 63 milhões de livros de literatura infantil de qualidade para famílias, organizações da sociedade civil e secretarias de Educação em todo o país, será direcionada aos estados do Nordeste, com a previsão de distribuir mais de 1,1 milhão de livros, beneficiando diretamente crianças de mais de 1.793 municípios.

O “Leia com uma criança” também busca apoiar o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, fornecendo materiais de qualidade para as formações que visam aprimorar a prática pedagógica das professoras.

Leitura na Educação Infantil

Dados da pesquisa “Avaliação da Qualidade da Educação Infantil: um retrato pós-BNCC”, realizada pela FMCSV (Fundação Maria Cecília Souto Vidigal), LEPES (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social) da USP e o Movimento Bem Maior, com apoio do Itaú Social, revelam desafios significativos no incentivo à leitura nas unidades de Educação Infantil. O levantamento aponta que 39% das turmas de creches e pré-escolas não incluem atividades de leitura e escrita na rotina, e apenas 27% oferecem momentos de leitura de livros de histórias.

O estudo, que avaliou 3.467 turmas em 12 municípios, seguindo a EAPI (Escala de Avaliação de Ambientes de Aprendizagem dedicados à Primeira Infância), utilizou como referência as propostas da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e é considerado a maior análise já realizada sobre a Educação Infantil no Brasil.

Entre os principais resultados, destacam-se:

• Práticas de linguagem: Em 92% das turmas observadas, as ações mais presentes e com maior qualidade são as que apresentam oportunidades de aprendizagens por meio de práticas como conversar, narrar, argumentar e brincar com rimas;
• Autonomia infantil: Em 45% delas, as crianças participam de forma autônoma, ativa e aberta;
• Lacunas em leitura e escrita: Práticas de aprendizagem com leitura e escrita, e oportunidades relacionadas à participação das crianças na organização das atividades cotidianas não ocorreram em uma parcela compreendida entre 39% e 49% das turmas;
• Protagonismo e brincadeiras: 39% das turmas ainda apresentam grande potencial para melhorar o uso de estratégias que promovam o protagonismo infantil por meio do brincar;
• Brincadeiras livres: 42% das turmas não oferecem momentos de brincadeira autônoma em espaços organizados pelos professores.

“É fundamental que creches e pré-escolas incorporem a mediação da literatura como uma ferramenta pedagógica essencial. Isso não apenas assegura o acesso à cultura letrada, mas também promove a construção de um olhar crítico sobre a realidade ao redor das crianças. Ao investir em processos formativos para as professoras, capacitando-as a selecionar livros que estimulem a criatividade por meio de uma escrita literária poética e dos diversos gêneros presentes na literatura infantil, estamos contribuindo diretamente para o desenvolvimento integral”, destaca Juliana.