Leitura como ferramenta transformadora da sociedade

Por: GIFE| Notícias| 22/03/2014

Terceiro setor tem grande capacidade de inovar em projetos para o desenvolvimento da leitura no país

A leitura e a formação de leitores são considerados pilares fundamentais para a construção de uma sociedade forte, justa e democrática. A importância de parcerias público-privadas e políticas públicas para realizar esta tarefa foi o tema da conversa “Leitura, letramento e desenvolvimento humano”, que ocorreu neste último dia do Congresso GIFE 2014.

Falando sobre a importância da leitura para a formação de cidadãos melhores e mais preparados para exercer a democracia, Pilar Lacerda, historiadora com experiência em sala de aula e superintendente do Instituto SM, ressaltou a importância do terceiro setor no que diz respeito à inovação na criação de projetos de incentivo à leitura. “O terceiro setor sempre tem o diferencial de criar e inovar, basta ver o exemplo da Olimpíada da Língua Portuguesa. Já o poder público, se não tem condições de criar projetos como esses, tem total possibilidade de dar escala a eles, o que é essencial”. No entanto, ela ressalta que só a leitura não é a solução de todos os problemas. “Temos que parar de ter uma visão idílica sobre a leitura na infância. Não é porque a criança leu Monteiro Lobato que não poderá se transformar em uma má pessoa. A situação é um pouco mais complexa”, conclui ela.

Mirela Carvalho, do Instituto Unibanco, elencou algumas das competências desenvolvidas através do exercício da leitura. “O domínio da linguagem, o exercício de introspecção – que vai mobilizar muitas competências cognitivas –, e a capacidade de abrir-se perante o novo, aceitando modelos mentais de raciocínios para que possa haver compreensão, são algumas das capacidades desenvolvidas pela leitura”. “São valores que acabam se confundindo com os pilares da vida na democracia”, arrematou.

O poder público esteve presente na figura de José Castilho, representante do MEC e secretário executivo do PNLL (Programa Nacional do Livro e Leitura) – um conjunto de políticas, programas, projetos, ações continuadas e eventos coordenados pela parceria entre Estado e sociedade, para promover o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas no Brasil. “Do ponto de vista do PNLL, queremos formar um país leitor com a ideia de que o Estado e a sociedade precisam estar juntos, e foi exatamente isso que eu vi aqui. É uma integração importante que se expressa em momentos como esse, se desdobrando em ações do setor privado junto com o setor público” disse.

Questionado sobre como ele tem visto o investimento social em favor de políticas que promovam a leitura, Castilho é mais cauteloso. “O investimento social está bem acanhado ainda. Podemos dizer que na cultura, de maneira geral, o investimento privado é acanhado por diversas razões, mas na leitura ele é pior. É interessante registrar que, por outro lado, o investimento da sociedade não é nada acanhado. Você tem, por exemplo, uma infinidade de bibliotecas comunitárias que são feitas geralmente por pessoas muito pobres. Então há um interesse da sociedade, mas falta que o investimento privado se alinhe a isso”, opina.

O analfabetismo funcional foi um dos temas discutidos na conversa. Ana Lima, diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, trouxe dados sobre essa situação com base em pesquisas do Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional). A comparação entre os números de 2002 e 2011 mostra uma diminuição do analfabetismo (total e funcional) no país. Contudo, há um aumento de uma população com leitura básica, que se situa entre o analfabeto funcional e o leitor pleno, o que acaba não indicando uma melhora efetiva na área. ”Influências familiares e acesso a materiais de leitura são fatores fundamentais na hora de estabelecer índices de analfabetismo”, concluiu ela indicando um dos caminhos para se sanar o problema.

Christine Fontelles, do Instituto Ecofuturo, fez um balanço final bastante otimista a respeito do debate. “Nós acreditamos que debates dessa natureza são extremamente importantes para ligar os pontos. É uma compreensão mais ampliada sobre qual é o cenário, as estratégias e como a gente pode convergir numa ação público-privada pra criar um programa positivo e de ampla cobertura de educação para leitura”, disse ela.

Ana Lima encerrou falando da contribuição do Congresso GIFE nesse sentido. “Foi muito rico no sentido de reunir pessoas de diferentes segmentos. A diversidade das organizações e palestrantes que estiveram presentes durante todo o evento foi muito enriquecedora. Teve governo, ex-governo, editora com interesse comercial, fundação sem interesse comercial direto, pesquisadores, acadêmicos, enfim, foi um mix que valorizou o encontro, com pontos de vista bastante convergentes e complementares”, elogiou.

O Instituto Ecofuturo, Instituto Paulo Montenegro e Instituto Unibanco são associados GIFE

Confira o que aconteceu no 8º Congresso GIFE: http://congressogife.org.br/2014/

“Felipe Lima, da Envolverde – Especial para o GIFE

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