Mapa do Terceiro Setor lança classificação da ONU no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 29/09/2003

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

Iniciativa do Centro de Estudos do Terceiro Setor da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com as fundações Orsa e Salvador Arena e com o apoio de diversas organizações da sociedade civil, o Mapa do Terceiro Setor pretende identificar, sistematizar e divulgar informações sólidas sobre o setor fins lucrativos no Brasil.

Luiz Carlos Merege, coordenador do projeto, fala ao redeGIFE sobre a criação da base de dados e a metodologia utilizada para o cadastro das organizações.

redeGIFE – Como surgiu a idéia de criar uma base de dados sobre o terceiro setor?
Luiz Carlos Merege – Desde 1996 vínhamos trabalhando com a idéia de fazer um censo do terceiro setor em algumas cidades. Em 1999, fizemos um piloto em Jaboticabal (interior de SP), para testar a metodologia, o questionário e, depois, apresentamos em uma conferência internacional. Após isso, tivemos a idéia de fazer em todo o estado de São Paulo, mas o volume de recursos necessário era muito grande e achamos que seria impossível. Em 2001, tivemos uma reunião com cerca de 100 organizações da sociedade civil, apresentamos a idéia do mapeamento do terceiro setor e foi criado um comitê consultivo, representado pelas organizações que hoje são nossas parcerias no Mapa. Passamos a nos reunir todos os meses e a trabalhar sobre esta idéia. A Fundação Orsa nos apoiou na elaboração do sistema de informática, com toda a parte de programação. A idéia amadureceu, e o interessante é que, em vez de irmos atrás das informações, acabamos descobrindo essa possibilidade das organizações trazerem as informações para nós. Fizemos o caminho inverso, para diminuir os custos. Testamos a página com 280 organizações pertencentes às redes das parceiras e, quando sentimos segurança do sistema, lançamos o site.

redeGIFE – Quanto tempo durou o processo de teste?
Merege – Começamos no final do ano passado e fizemos até agosto deste ano. Também havia a questão da programação de informática, que foi muito complicada. O sistema é bem complexo, e isso fez com que demorasse mais. A programação começou a ser feita em maio, era pra ficar pronta em julho, mas só conseguimos colocar tudo no site no final de agosto.

redeGIFE – Esse banco de dados será abastecido pelas organizações que ficam sabendo, se cadastram e preenchem o questionário?
Merege – Sim. Começamos com 280 organizações, que já tinham 900 unidades em 24 estados do Brasil. Hoje estamos com 484 organizações, que têm 1.600 unidades.

redeGIFE – Qual foi a metodologia utilizada para a elaboração do Mapa?
Merege – Estamos utilizando uma novidade, que é a classificação das organizações pela ONU (Organização das Nações Unidas). No ano passado o departamento de estatística da ONU desenvolveu um sistema de classificação das organizações do terceiro setor, que deve fazer parte das estatísticas dos países. É a primeira vez no Brasil que se utiliza essa classificação numa pesquisa, e esta é a grande novidade do Mapa. Além disso, o questionário também tem um caráter educativo. Existem outros endereços na internet que fazem cadastro de organizações, mas o Mapa não é só cadastro. Temos um questionário complexo, que exige o balanço das organizações, e elas têm que organizar suas informações. Isso acaba sendo também uma forma de educação para elas, já que na medida em que elas têm essas informações organizadas no Mapa, podem utilizá-las para elaborar projetos, captar recursos, etc.

redeGIFE – É um questionário fácil de responder?
Merege – Ele dá um bom trabalho, porque tem várias questões e uma certa complexidade. Mas, em geral, as instituições não estão tendo dificuldades. As que têm são as menores, que não possuem suas informações bem organizadas. Na verdade, não quisemos complicar muito. Podíamos perguntar mais coisas, mas achamos que ele está bem dimensionado para ter as informações básicas. E já começa a surgir estatística a partir do mapa. Com essa amostragem já começamos a ter dados tanto sobre pequenas ONGs quanto sobre grandes fundações e institutos.

redeGIFE – Qual é o público que se pretende atingir com o Mapa?
Merege – Organizações da sociedade civil, órgãos governamentais e empresas que fazem investimento social, para que tenham um banco de dados para poderem examinar e fazer parcerias. Nossa idéia é transformar tudo isso num referencial, e o próximo passo é trazer essas informações por municípios, para que a pessoa clique e veja quais organizações atuam no seu bairro, o que elas fazem, etc. Para o planejamento de ação das empresas isso será muito interessante.

redeGIFE – Como garantir que as informações disponibilizadas pelas organizações sejam verdadeiras?
Merege – Elas devem estar assinadas pelo contador, com reconhecimento de firma, então existe essa garantia. Deve existir responsabilidade por parte delas. Além disso, temos um sistema de verificação e a primeira coisa que devemos checar é a existência legal da organização. Toda instituição que se cadastra passa por um filtro onde verificamos CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e validade da titulação nos órgãos públicos.

redeGIFE – Além da divulgação do lançamento, o que será feito para que as organizações mais distantes dos grandes centros também conheçam o Mapa?
Merege – Estamos fazendo parcerias em diversos estados e já temos diversas propostas de institutos e universidades que querem ajudar nessa divulgação.

redeGIFE – As organizações cadastradas terão algum tipo de benefício?
Merege – Firmamos uma parceria com o Ajuda Brasil, site de captação de recursos, e vamos começar a trabalhar com eles na seleção de organizações para as quais eles repassarão recursos. Isso deverá ser um atrativo do Mapa. Mas ainda estamos trabalhando em uma metodologia para que isso seja feito.

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