Mapeamento de coletivos: por que é importante participar?

Por: Fundação FEAC| Notícias| 16/05/2022

Campinas é recheada de coletivos. O mapeamento tem como meta cadastrar 400 grupos que já atuam na cidade.

A mobilização de pessoas em coletivos para defender uma causa e propor ações e intervenções na sociedade tem uma longa história no Brasil. Já em 1970, muitos jovens passaram a se reunir em coletivos para se posicionar e fortalecer movimentos político-sociais e culturais. Estas organizações vão na contramão das estruturas hierarquizadas das instituições tradicionais e surgem como uma crítica a estes modelos de governança.

Nas últimas duas décadas, os coletivos se multiplicaram e diversificaram as suas áreas de atuação. Marcam presença no esporte, na educação, saúde, empreendedorismo e abraçam a defesa de questões raciais, de gênero, trabalhistas e de direitos humanos, entre muitas outras. Eles também têm em mente hoje que suas intervenções na comunidade podem servir de base para construção de futuras políticas públicas.

“Há muitas formas de entender o que é um coletivo. Integrar um grupo de pessoas é essencial, mas além disso é importante pensar no trabalho colaborativo”, explica Kaian Ciasca, gestor cultural do coletivo e produtora Bons Ventos. Para Kaian, é preciso dar um passo à frente: não basta que um coletivo trabalhe sozinho, é muito importante que ele faça parte de uma rede para conhecer e colaborar com outros coletivos e assim fortalecer o movimento.

Com esse objetivo, a Bons Ventos e a Fundação FEAC firmaram uma parceria para a realização de um mapeamento dos coletivos que atuam em Campinas. “Os coletivos estão ligados a uma melhoria da cidadania. De alguma forma eles trazem benefícios para a cidade através das suas atividades e dos seus impactos”, diz Marcelo Patarro, líder do Programa Desenvolvimento Territorial da Fundação FEAC.

Mapeamento dos coletivos de Campinas

O mapeamento é feito pela identificação e cadastro de informações sobre as organizações, como data de criação, qual é a temática em que atua, quais são suas demandas, se tem sede ou não, onde está localizada, se é em um bairro de vulnerabilidade social, qual é o perfil dos membros, se é inclusivo ou não, qual é o seu nível de influência, qual é a renda e quais são as dificuldades que enfrentam. Todos estes dados servirão como referências relevantes para que outros coletivos e organizações possam realizar parcerias em projetos.

“Muitos projetos da Fundação FEAC estão vinculados a esses coletivos, já que fazemos parcerias com eles para executarem atividades na temática em que são especialistas”, conta Marcelo. Um exemplo é a própria Bons Ventos e a ação de mapear os coletivos da cidade. “Se soubermos quem são esses coletivos, como atuam e quais são os níveis de influência, podemos potencializar ações e projetos que beneficiem a população”.

Após a coleta de informações, será feito um cruzamento com de outras pesquisas para analisar como os coletivos se relacionam com o território. “Por que essa região tem tantos coletivos?” ou “Por que esta outra região tem tantos coletivos de esportes e cultura?”. Estas são algumas das perguntas que o estudo busca responder.

Traçar os perfis dos coletivos ajuda a entender quais são as principais demandas e encontrar os meios para atendê-las. O próximo passo do mapeamento é publicar um relatório, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados, que vai se tornar referência para a implementação de projetos e políticas sociais para a cidade.

Para que o trabalho dos coletivos faça sentido, é importante que eles sejam reconhecidos pelas organizações e pelo poder público, afinal eles compõem a identidade de um município. “Na hora de pensar em políticas, é fundamental conhecer a cidade. Então este mapeamento é uma forma de apresentá-la às pessoas que estão criando políticas públicas”, afirma Kaian.

Para participar do mapeamento dos coletivos de Campinas, a Bons Ventos abriu um formulário que ficará disponível até o dia 13 de maio. O relatório deve ser publicado na primeira quinzena de junho.

Coletivos em Campinas

Campinas é recheada de coletivos. O mapeamento tem como meta cadastrar 400 grupos que já atuam na cidade. Para isso, Fundação FEAC e Bons Ventos estão contando com o apoio e parceria de integrantes de pelo menos 20 coletivos, em um trabalho em rede.

Conheça o perfil de alguns coletivos que vêm desenvolvendo ações sociais na periferia de Campinas:

Mobiliza Satélite

O coletivo Mobiliza Satélite é formado por moradores do Cidade Satélite Íris que, na época da sua formação, reivindicou melhorias no transporte público do bairro. O coletivo nasceu dentro do projeto Lideração, da Fundação FEAC em parceria com a ONG Minha Campinas. A pressão sobre o governo municipal resultou na ampliação do itinerário e instalação de mais de três pontos no bairro.

Maloca Arte e Cultura

A Maloca Arte e Cultura é uma casa de cultura que desenvolve atividades voltadas à arte, educação, esporte e cultura na Vila União, bairro que tem um histórico de luta e resistência em defesa do direito à moradia. Oferece gratuitamente atividades como cursos de línguas estrangeiras, teatro, música, capoeira, realiza festivais e cine debates abertos à comunidade e possui uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Todos os professores são voluntários.

Coletivo de Educação Popular Dona Maria

O Coletivo de Educação Popular Dona Maria é formado por moradores do bairro Jardim Santo Antônio e Ouro Verde para promover ações de educação e cultura na região. O grupo desenvolve atividades como saraus, rodas de conversas, aulas de idiomas, oficinas e grupos de estudo. O coletivo nasceu em 2018 com a proposta de trabalhar pela comunidade com apoio e participação dos moradores da própria região.

Por Pietra Bastos

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