Movimento avança, mas ações precisam de mais efetividade

Por: GIFE| Notícias| 03/08/2009

As empresas têm implementado cada vez mais programas de Responsabilidade Social, porém trata-se de um processo ainda em construção. Essa é uma das conclusões que pode ser vista na pesquisa “”Práticas e Perspectivas da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil – 2008″”, divulgada, na última semana, pelos institutos Ethos e Akatu.

O levantamento, patrocinado pela Fundação Kellogg e realizado pelo IBOPE Inteligência, teve como objetivo central diagnosticar o que é feito efetivamente pelas empresas brasileiras. Assim, foram excluídos da sondagem opiniões ou posicionamentos dos entrevistados sobre RSE.

O resultado mostra que, ao todo, 50% das empresas da amostra principal têm ao menos 22 práticas implementadas (de um conjunto de 56 práticas avaliadas). O dado é positivo se analisado em perspectiva. No estudo “”Responsabilidade Social Empresarial: Um Retrato da Realidade Brasileira””, realizado pelo Instituto Akatu em 2004, 50% das empresas – de uma amostra semelhante – declararam adesão a pelo menos 11 práticas de RSE (de um total de 55 práticas analisadas). Daí o aumento.

No detalhamento da nova pesquisa, é possível ver que 21% das empresas da amostra principal têm entre 0 e 12 práticas de RSE implementadas, 29% possuem entre 13 e 22 práticas, 30% têm de 23 a 33 e 20% declaram adesão a 34 ou mais práticas.

Adesão
Pela análise é descobre-se também que as práticas que mais foram adotadas têm a ver com as relações de consumo e trabalho. Como resposta a essa preferência, o estudo conclui que essas práticas impactam mais diretamente as empresas, pois têm mais demandas e pressões do consumidor ou dos trabalhadores.

Entre os exemplos de ações mais frequentemente implementadas pelas empresas que compõem a amostra, destacam-se a utilização dos dados cadastrais dos clientes ou consumidores somente com sua prévia autorização (73% têm ações implementadas) e assegurar aos trabalhadores uma remuneração que garanta um nível de vida adequado para eles e suas famílias (72%).

“”Do ponto de vista dos consumidores, a pesquisa mostrou que eles têm interesse e querem saber quais atividades de RSE as empresas têm praticado. Isto nos leva a refletir sobre como as empresas vão informar aos seus consumidores as ações que realmente têm implementado””, comenta Helio Mattar, Diretor Presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.

No entanto, outros temas têm apelos menores aos empresários, principalmente quando o assunto é eleição: apenas 7% têm critérios formais de financiamento ou apoio a candidatos de cargos públicos, e apenas 5% divulgam os valores doados. Sobre meio ambiente, 93% não fazem inventário das emissões de gases de efeito estufa.

Outros dados são curiosos. Exemplo: questionadas sobre certificação, se os seus produtos respeitam as normas de segurança e proteção à saúde, 69% afirmaram ou adotam medidas para minimizar os riscos à saúde e segurança do consumidor ou cliente (66%). Isso significa, de forma simples, que mais de 30% delas não têm garantias sobre os seus produtos.

“”Apesar do movimento de RSE ser bastante conhecimento por suas métricas e ferramentas, ainda há muito que fazer e muito para conhecer, por parte das empresas, para que as ações ganhem em efetividade””, esclarece Ricardo Young, Presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

Amostra
A pesquisa tem como base informações coletadas no primeiro semestre de 2008 por meio de entrevistas realizadas em cinco diferentes amostras: amostra principal, composta de 721 empresas de pequeno, médio e grande porte em todo o Brasil; amostra adicional, composta de 413 entrevistas especificamente com empresas dos segmentos Construção Civil, Indústria Farmacêutica, Energia Elétrica e Finanças; amostra Ethos, composta de entrevistas realizadas junto a 74 empresas associadas ao Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social; amostra 500 Maiores, com 104 entrevistas junto a empresas que integram o anuário Maiores e Melhores da revista Exame; e amostra Tear, composta por 21 empresas que fazem parte do Programa Tear, do Instituto Ethos.

Mudanças
Os resultados da pesquisa levam a conclusões similares às defendidas no final da Conferência Internacional do Instituto EThos, realizada em junho deste ano. NA ocasião defendeu-se que o movimento de Responsabilidade Social Empresarial mudou o setor privado brasileiro. No entanto, as transformações motivadas pelas conquistas ainda são muito pequenas, pois “”ainda não entraram no coração dos negócios””.

“”Temos pouca participação cidadã. Ainda buscamos melhorar a qualidade de vida pelo caminho individual e não construindo bens públicos””, afirmou o vice-presidente do Ethos, Paulo Itacarambi, na época. Para ele, é difícil identificar quais produtos e serviços são realmente produzidos de forma responsável e sustentável, pois há lacunas de informação e de visão aprofundada sobre os custos e benefícios das mudanças necessárias.

Formalização

A pesquisa apontou um baixo percentual de empresas que utilizam instrumentos de formalização de políticas de RSE, bem como ferramentas e referências para auxiliar as empresas na definição de suas ações. Isso comprova que, apesar de as práticas de RSE estarem em uma escala crescente de incorporação empresarial algumas delas de modo formal (práticas escritas, divulgadas, colocadas em contrato), falta uma maior formalização e institucionalização destas práticas em nível estratégico e político.

As ferramentas e referências de aplicação da RSE – tais como o certificado ISO 14000 e as Diretrizes da OIT – são hoje pouco utilizadas pelas empresas na definição de suas ações e estratégias de responsabilidade social. Os dados apurados mostram que 37% das empresas utilizam apenas uma ferramenta de RSE, 32% de 2 a 5 ferramentas, 17% fazem uso de 6 a 10 ferramentas e somente 7% usam 11 ou mais ferramentas. As ferramentas e referências individualmente mais utilizadas têm em torno de 5% a 12% de adesão.

Para ver pesquisa completa, acesse: http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/arquivo/0-A-c30Prat_perspc_RSE_pesq2008.pdf

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