Negócios de impacto são aliados na superação de vulnerabilidades sociais

Por: Fundação FEAC| Notícias| 07/08/2023
Negócios de impacto são aliados na superação de vulnerabilidades sociais

A performance do Brasil no ecossistema mundial dos negócios de impacto ganhou destaque, pela segunda vez consecutiva, no relatório da Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande), divulgado em maio. Até 2019 o país figurava como uma nota dentro do estudo dedicado à América Latina, mas desde 2020, a Ande vem dedicando um relatório exclusivo ao Brasil.

O documento aborda o cenário em números, o perfil dos investidores, o que buscam e como investem e a tendência de investimentos e áreas de atuação. O levantamento global é realizado há pouco mais de uma década pelo Aspen Institute, uma organização sem fins lucrativos sediada em Washington (EUA). 

A razão para este upgrade foi o acelerado crescimento dos investimentos de impacto no Brasil. O documento registra que, em 2021, o volume de ativos investidos em negócios de impacto social e ambiental no país alcançou R$ 18,7 bilhões, um crescimento superior a 60% em relação a 2020, que registrou R$ 11,5 bilhões.

Brasil tem destaque em relatório de investimentos de impacto

O estudo atribui este aumento a dois fatores principais: gestores que já atuavam no campo tiveram relevantes aportes em seus fundos e gestores que ainda não tinham presença no ecossistema passaram a ofertar produtos financeiros de impacto. “Esse resultado mostra em números e em fatos o amadurecimento do tema no Brasil”, avalia Beto Scretas, da diretoria da Aliança pelos Investimentos de Impacto. 

Em sintonia com este movimento, o Instituto de Cidadania Empresarial – ICE em parceria com o Instituto Helda Gerdau, Instituto Humanize e Somos Um lançou, no início do ano passado, a Coalizão pelo Impacto, uma iniciativa multissetorial nacional focada em fomentar “mais e melhores negócios de impacto”. A correalização é desses parceiros, entretanto, temos ainda os seguintes financiadores/ investidores: Cosan, Fundação Educar DPaschoal, Fundação Grupo Boticário, Instituto Sabin, RD Raia Drogasil, a Fundação FEAC e, mais recentemente, o Instituto BEJA.  

Com investimentos estimados em R$ 34 milhões até 2026, a ação está potencializando, simultaneamente, o ecossistema empreendedor de seis municípios (Porto Alegre, Paranaguá, Fortaleza, Campinas, Brasília, Belém), de cinco regiões brasileiras, em parceria com organizações locais, fundações, empresas e universidades.  

A Fundação FEAC é parceira estratégica da Coalizão pelo impacto desde o lançamento da iniciativa, em 2022, e apoia projetos que estão sendo implementados em Campinas.  Até o final de 2026, terá investido R$ 1.511.596 na Coalizão. São R$ 300 mil investidos anualmente. Além disso, a FEAC integra o Conselho Local, o Conselho Nacional e acompanha a implementação das ações nas oito dimensões idealizadas pela iniciativa (acesse o link e conheça, passo a passo, as dimensões de trabalho da Coalizão pelo Impacto).

E o que são negócios de impacto?

Mas o que são exatamente negócios de impacto? Assim como o conceito de ESG, os negócios de impacto partem do princípio de que não basta ser bem-sucedido financeiramente. É preciso que os bons resultados passem pelo crivo das métricas socioambientais. Ou seja, a ação precisa fazer a diferença na vida das pessoas e da comunidade impactada.

Tanto os princípios ESG quanto os negócios de impacto surgem dentro de uma cultura de investimentos responsáveis, mas o negócio de impacto tem como premissa a melhoria de um problema social ou ambiental. Aliás, o negócio não existiria se não fosse por essa finalidade. “São negócios que têm no seu core resolver problemas sociais e ambientais”, sintetiza a economista e diretora do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Célia Meirelles Cruz.

Ela conta que se conectou a esta agenda no Canadá, quando era diretora da Ashoka, uma organização que atua em diversos países e é pioneira em empreendedorismo social. A economista destaca que o primeiro ponto a observar é que esse ecossistema é uma inovação social que existe há pouco mais de duas décadas.

“Economia do bem” movimenta R$ 1 trilhão no mundo

“E quando a gente está falando de uma inovação social, isso pressupõe mudanças nos modelos de atuação que já conhecemos com o objetivo de aumentar o impacto positivo para as populações de baixa renda”, explica.

Traduzindo em números, esta “economia do bem” movimenta hoje, globalmente, cerca de R$ 1 trilhão, de acordo com a Ande. “Isso é pouco se comparado com os R$ 43 trilhões de investimentos em ESG, mas o crescimento tem sido muito rápido. Há 20 anos tínhamos R$ 230 bilhões”, conta ela.

E foi para desenvolver este ecossistema emergente de investimentos que a Coalizão pelo impacto foi criada. “Eu falo que o maior legado dessa iniciativa será deixar ecossistemas fortalecidos, estruturados, com aceleradoras e incubadoras que olhem para negócios socioambientais, para tecnologia e para a periferia. Ao final da jornada da Coalizão, essas organizações ficam”, afirma.

Atualmente, a iniciativa já mobiliza 170 professores universitários das áreas de docência, pesquisa e extensão de universidades espalhadas pelos seis municípios que participam da jornada. “Esta agenda já está dentro das universidades”, destaca Célia Meirelles Cruz.

FEAC apoia fortalecimento dos negócios de impacto social

A iniciativa é apoiada e recebida com entusiasmo por grandes fundações de Campinas, como a Fundação FEAC e a Fundação Educar DPaschoal. Para Jair Resende, superintendente socioeducativo da Fundação FEAC, que integra a Coalizão pelo Impacto e também é parceira da Fundação Educar DPaschoal em muitas ações em Campinas, é preciso mobilizar múltiplas frentes para enfrentar realidades socioeconômicas tão complexas e os negócios de impacto social vêm se somar a estas possibilidades.

Isabela Pascoal Becker, Diretora Executiva da Fundação Educar, concorda e defende a importância e a urgência de ações articuladas que gerem impacto socioambiental positivo. “Acreditamos na potência da mobilização em rede e da participação da iniciativa privada no desenvolvimento do empreendedorismo de impacto. Também compartilhamos da necessidade urgente de reinventarmos modelos empreendedores capazes de resolver problemas sociais e ambientais de forma complementar a políticas públicas e à ação do terceiro setor”, analisa Becker.

Resende aponta que a cidade de Campinas já é conhecida pelas várias iniciativas de startups no município e negócios inovadores. Entretanto, a lente dos negócios de impacto precisa ser mais desenvolvida. “Como eu crio um negócio cuja finalidade é propor uma resolução para um determinado desafio social?”, indaga.

“Projetos filantrópicos, voluntariado, ações do poder público, de empresas e diversas tecnologias sociais precisam ser implantadas para o enfrentamento e superação dos desafios sociais”, avalia. “Fomentar este ecossistema, elucidar esta questão, vai completamente ao encontro de nossa missão. Porque vai ser mais um mecanismo na luta para superar as vulnerabilidades sociais no município”, conclui Resende. 

Por Natália Rangel

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