Nova edição do Índice de Progresso Social (IPS) destaca desafios do Brasil em relação à segurança e educação superior

Por: GIFE| Notícias| 04/07/2016

O Índice de Progresso Social (IPS) 2016 acaba de ser lançado pela instituição global sem fins lucrativos Social Progress Imperative e coloca o Brasil na 46ª posição do ranking global, que conta com 133 países.

Diferentemente  de outros índices internacionais, o IPS não contém variáveis econômicas e financeiras em sua grade, nem insumos ou investimentos realizados, medindo diretamente os resultados finais para a população. Por isso, ele agrega indicadores sociais e ambientais que capturam três dimensões do progresso social: as Necessidades Humanas Básicas, os Fundamentos de Bem-Estar e as Oportunidades.

Os resultados do IPS na América Latina permitem que sejam identificados quatro grupos de países e o Brasil está na faixa intermediária de 70 a 72 pontos, junto com Jamaica, Colômbia, Peru e México.

Os resultados desagregados de progresso social no Brasil confirmam as tendências regionais: enquanto o país aparece inserido no grupo de médio-alto progresso social, na 46ª posição na avaliação média de todos os indicadores, ele aparece em 77º e 123º lugares, respectivamente, nos quesitos moradia e segurança pessoal.

Apesar disso, o Brasil lidera o grupo dos BRICS, seguido por África do Sul, Rússia, China e Índia. Exceto o Brasil, cujo avanço social, na 46ª posição, é mais alto do que seu PIB per capita (54ª), todos os BRICS têm baixo desempenho no IPS. Já em relação aos países da América do Sul, o Brasil ocupou a 4ª posição, ficando atrás de Chile, Uruguai e Argentina.

O perfil apresentado pelo Brasil demonstra desafios em vários campos, principalmente na dimensão de necessidades humanas básicas. Nesse quesito, o país fica na 75ª posição no ranking global. Isso porque há déficits em segurança pessoal – que mede fatores como taxas de homicídio e mortes por tráfico – colocando o país entre as dez últimas posições do ranking, assim como moradia, que analisa a disponibilidade de moradia adequada e qualidade da energia elétrica, por exemplo.

Outros desafios para o Brasil envolvem, na frente de fundamentos de bem-estar, a necessidade de endereçar questões de acesso à informação e comunicações. Na dimensão de oportunidades, o país deve melhorar os índices relacionados ao acesso à educação superior, principalmente entre as mulheres.

Glaucia Barros, diretora programática da Fundação Avina – uma das apoiadoras da iniciativa em nível global -, chama atenção também para outros indicadores que permanecem baixos, como os relacionados ao acesso a tratamento de esgoto e água potável no país, e o fato do Brasil ter perdido 13% em relação ao  indicador de corrupção, assim como ter diminuido a pontuação no indicador referente à liberdade de imprensa.

Na avaliação da diretora, o momento agora é de olhar essas novas métricas, que ajudam a identificar as muitas outras riquezas, além da econômica, que se requerem para o desenvolvimento justo, democrático e sustentável, e tomar medidas concretas para reverter esse cenário. “Isso, especialmente para o contexto brasileiro e em tempos de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, faz muito sentido para que governos, empresas e organizações sociais tomem melhores decisões e possam medir o impacto efetivo de seus investimentos na qualidade de vida das pessoas e dos bens ecossistêmicos”, acredita Glaucia.

A Rede de Progresso Social no Brasil, inclusive, está desenvolvendo ações para conseguir recursos para apurar o IPS em todos os municípios brasileiros, visando ser um subsídio para os planos plurianuais das prefeituras a partir do próximo ano. A ideia é fortalecer iniciativas como a que ocorreu no Estado do Pará, no qual o governador Simão Jatene adotou os resultados do IPS Amazônia, apurados pelo IMAZON, como linha de base de seu plano plurianual de governo, que também será monitorado e avaliado de acordo com a progressão dos indicadores organizados pelo IPS.

No Brasil, há outros movimentos sendo realizados neste sentido, como é o caso da Coca-Cola e da Natura, por exemplo, que desenvolveram e estão aplicando o IPS Comunidades para identificar prioridades em territórios onde desenvolvem negócios e também monitorar o impacto de seus investimentos, e o IPS Rio, sendo a cidade do Rio de Janeiro a primeira no país a contar com o IPS por região administrativa (RA).

O IPS Rio será apresentado novamente em novo evento, o Fórum de Sustentabilidade do Rio, a ser promovido entre 13 a 15 de julho no auditório da ACRio no Centro da cidade.

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