Oito anos de vida da Maria da Penha

Por: GIFE| Notícias| 25/08/2014

Por Fábio Saltiél*

Uma das principais conquistas da mulher na
luta contra a violência doméstica completa oito anos. Sancionada em 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) pune com rigor as agressões contra a mulher. Desde a sua criação, as denúncias de violência doméstica vêm sendo incentivadas e os mecanismos de sua aplicação, amplamente discutidos.



Méritos



A pesquisa Percepção da sociedade sobre violência e assassinato de mulheres, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Data Popular, em agosto de 2013, mostrou que, após sete anos de vigência da lei, 86% das mulheres começaram a denunciar os maus-tratos que sofrem. Os dados divulgados também mostraram que 98% dos entrevistados conheciam a Lei.



A pesquisa promoveu 1.501 entrevistas com homens e mulheres maiores de 18 anos, em 100 municípios do país e revelou também que o problema está presente no cotidiano da maior parte dos brasileiros: entre os entrevistados, de ambos os sexos e todas as classes sociais, 54% conheciam uma mulher que já foi agredida por um parceiro e 56% conheciam um homem que já agrediu uma parceira.

69% afirmavam acreditar que a violência contra a mulher não ocorre apenas em famílias pobres.



De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a aplicação da Lei fez com que fossem distribuídos 685.905 procedimentos, realizadas 304.696 audiências, efetuadas 26.416 prisões em flagrante e 4.146 prisões preventivas, entre 2006 e 2011.




Desafios



Para a especialista em Direito Civil, advogada Luciane Lovato Faraco – diretora da Sociedade Limongi Faraco Ferreira Advogados –, embora muitos avanços tenham sido alcançados com a Lei Maria da Penha, ainda assim, de 1996 a 2010 foram contabilizados 4,4 assassinatos a cada 100 mil mulheres, número que coloca o Brasil no 7º lugar no ranking de países nesse tipo de crime.



De 1980 a 2010, foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década. O número de mortes nesses 30 anos passou de 1.353 para 4.297, o que representa um aumento de 217,6% no número de mulheres vítimas de assassinato.



De acordo com o Mapa da Violência 2012 – Homicídio de Mulheres no Brasil, feito pelo Instituto Sangari, divulgado em abril de 2012 e atualizado em agosto/2012, é grande a distorção entre assassinatos de homens e mulheres cometidos dentro de casa. Enquanto homens mortos em residência ou habitação representavam apenas 14,7% dos incidentes, entre as mulheres, essa proporção elevava-se para 40%.



Outro dado do estudo é que duas em cada três pessoas atendidas no SUS em razão de violência doméstica ou sexual eram mulheres. Em 51,6% dos atendimentos foi registrada reincidência no exercício da violência contra a mulher.
Relatos de violência apontam que os autores das agressões são, em 81% dos casos, pessoas que têm ou tiveram vínculo afetivo com as vítimas.

A Central de Atendimento à Mulher atingiu 532.711 registros em 2013, totalizando quase 3,6 milhões de ligações desde que o serviço foi criado em 2005. Houve queda no total de ligações em 2013, por falta de uma campanha massiva e esgotamento do sistema frente à demanda.



* Fábio Saltiél é jornalista.

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