ONG promove seminário internacional para pensar educação

Por: GIFE| Notícias| 28/05/2010

O 5º Seminário Internacional Pare Pense reuniu na última segunda-feira (24 de maio), em Porto Alegre, alguns dos principais pensadores da atualidade sobre educação. Nesta edição de 2010, o tema abordado foi “”O Futuro do Ser Humano É Presente””.

Para a presidente da ONG Parceiros Voluntários e coordenadora do evento, Maria Elena Johannpeter, é necessário que as pessoas tenham autoconsciência de suas atitudes e valores. “”A vida é um constante aprendizado””, frisou. Para ela, o futuro é constituído a partir de ações no presente. “”Mais do que educadores, somos cuidadores de nós e dos outros. Nossas atitudes vão contribuir para que o mundo seja melhor ou pior””, disse. Maria Elena lembrou que o voluntariado é uma escolha.

“”Quando escolhemos ter atitude voluntária, automaticamente estamos abertos a participar do projeto de vida dos outros””, enfatizou. Segundo ela, os gaúchos têm atitudes solidárias. “”O ideal seria que todos fossem comprometidos com alguma causa social””, assinalou.
Maria Elena revelou que a Parceiros Voluntários, com 13 anos de atuação no Rio Grande do Sul, tem mais de 333,2 mil voluntários em 78 municípios, beneficiando mais de 1,2 milhão de pessoas.

“”Somente no ano passado tivemos um incremento de 42,5 mil voluntários””, computou Maria Elena, acrescentando que as adesões apresentaram crescimento de 15% em relação ao ano anterior. “”O voluntariado é uma bola de neve que, a cada volta, fica maior””, comparou.

′′Aprender a ser, fazer e conviver′′
A mestre em Educação pela PUC-SP Maria Dolores Fortes Alves defendeu que o momento é propício para a concepção de um novo cidadão. “”É necessário uma mudança de pensamentos e valores para que sejam elaborados novos paradigmas””, sustentou. Ressaltou que a educação precisa avançar além dos paradigmas da “”educação bancária””. “”Tornou-se imprescindível aprender a ser, fazer e conviver.””
Maria Dolores lamentou que algumas pessoas consigam se conectar com outros hemisférios em segundos e não tenham tempo para dar um abraço nos filhos ou nos pais. “”Abrimos fronteiras com outras nações, mas não pensamos na nossa””, afirmou. Enfatizou que as pessoas precisam reaprender a sonhar. “”Os sonhos nos movem, os valores apenas orientam””, advertiu.
Na avaliação da especialista, os valores fazem com que os seres humanos não percam a humildade. “”As pessoas devem buscar o sentido da vida no espaço interior””, aconselhou. Disse que é preciso formar pessoas para as quais criatividade e ternura sejam necessidades vivenciadas em elementos definidores dos sonhos de felicidade individual e social. “”É tarefa do educador despertar os artistas da vida e os parteiros de sonhos e do amor””, assinalou. Lamentou que o tecnicismo do ato pedagógico tenha colocado a técnica à frente do ser.
Antropóloga aponta desafio deste milênio
Educar crianças e jovens dos anos 2000 tem sido desafio para pais e educadores. Eles têm mais percepção e sensibilidade do que seus pais e por isso é urgente descobrir novas formas de educá-los. “”Eles vivem e querem construir o presente, com toda intensidade e energia e uma grande diferença: têm muita informação””, disse a antropóloga francesa Noemi Paymal.
Criadora do projeto “”Pedagogia 3000 TM””, Noemi iniciou, em 2001, uma investigação sobre crianças e jovens do terceiro milênio. O projeto, que funciona em 15 países da América Latina, na França e na Espanha, traçou um perfil dessa geração. “”Eles são afetivos, fisiológicos, emocionais, éticos, intelectuais, espirituais, sociáveis e ecológicos””, definiu. Segundo ela, o perfil corresponde a 80% do público pesquisado.

“”Podem ser teimosos, mas têm bom humor. São velozes e se aborrecem rapidamente. Por isso, a necessidade de mudanças nos métodos educacionais tradicionais””, disse. Uma característica marcante é o interesse precoce de ordem intelectual e emocional.

Se a criança não tem um ambiente harmonioso em casa ou na escola, esse potencial pode se perder. “”Por isso é cada vez mais frequente ouvirmos falar de problemas como déficit de atenção, depressão, agressividade, bullying e uso de drogas””, disse Noemi.
A receita, segundo ela, é relaxar. Foi isso também que ela fez com os cerca de 1,2 mil participantes do Seminário Pare Pense. “”Se a parte emocional não está bem, há bloqueio do aprendizado. Se família e escola estão bem, a criança floresce””, garantiu a antropóloga.

As informações são do jornal Correio do Povo.

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