ONU anuncia adiamento da Rio+20
Por: GIFE| Notícias| 07/11/2011A presidente Dilma Rousseff anunciou na última sexta-feira, dia 4, que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, será adiada. Prevista anteriormente para o dia 4 de junho, o encontro terá início somente no dia 20 do mesmo mês.
Segundo a presidente, que participava de uma reunião do G20 na França, a alteração na data deve-se a dois fatores principais: a comemoração dos 60 anos de coroação da Rainha da Inglaterra, Elizabeth, e a proximidade com o outro encontro do G20. Dilma ainda explicou que a decisão parte de um consenso com a ONU.
Dilma acredita que a reunião precisa alcançar mais sucesso do que a última edição da conferência climática. Ela ainda exaltou o fato de que a Rio+20 não é uma reunião para discutir apenas questões ligadas ao meio ambiente, mas deverá tratar também de “economia verde, erradicação da pobreza e governança internacional para o desenvolvimento sustentável”.
“A responsabilidade pública dos países desenvolvidos é central e deve ser combinada com a participação da iniciativa privada. Na questão financiamento, não pode haver obrigações intransponíveis para os países em desenvolvimento”, declarou Dilma.
A postergação, no entanto, aumenta a desconfiança de alguns especialistas sobre certo desleixo que as Nações Unidas passaram a dispensar ao evento. A começar pela diferença entre esta e a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada em dezembro de 2009, ou mesmo a ECO 92 (Em 1992, no Rio de Janeiro). A Rio+20 possui apenas três dias oficiais e não 15, como é de praxe.
Há também uma impressão de que as decisões tomadas na Rio+20 reflitam mais um balanço dos últimos 20 anos que a separam da Rio 92, marco na história socioambiental mundial. Isto é, está longe de chegar a grandes resoluções ou acordos políticos – principalmente pela crise econômica europeia.
Alinhamento
Apesar das suspeitas é imprescindível que a sociedade civil e o setor privado brasileiros busquem alinhamento às suas proposições à Conferência. Afinal, a articulação será uma forma natural de ampliar uma potencial incidência no resultado final do evento da ONU.
Com esse espírito, o GIFE tornou-se signatário da Plataforma por uma Economia Inclusiva, Verde e Responsável, nas Negociações da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O documento foi produzido pelo Instituto Ethos com a participação de 35 organizações representativas do primeiro, segundo e terceiro setores.
Segundo o documento, a Rio+20 terá o desafio de analisar a crise mundial, tendo em vista o esgotamento do modelo tradicional de desenvolvimento e a oportunidade de propor uma mudança de rumo baseada nos princípios e imperativos do desenvolvimento sustentável e da economia verde. Trabalha-se, portanto, para a construção de uma ordem global mais justa, includente, íntegra e ambientalmente amigável.
“O GIFE é signatário do posicionamento e convida seus associados a conhecê-lo, pois o documento está alinhado às mesmas visões do GIFE. O investimento social não atua em um vácuo e entende que apenas trabalhando em conjunto podemos construir a sociedade que queremos”, explica o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.
O posicionamento traz dois eixos centrais de propostas para os países participantes da Conferência das Nações Unidas. O primeiro é um bloco de diretrizes para a construção da transição para uma economia verde no contexto da erradicação da pobreza, como por exemplo, a adoção progressiva de um novo padrão nacional de contabilidade para mensuração do desenvolvimento.
Já o segundo eixo propõe a construção de um novo marco institucional, tanto no plano nacional quanto global. O objetivo é eliminar o desequilíbrio entre as quatro dimensões do desenvolvimento sustentável (social, econômica, ambiental e ética).
“Somente a construção desse marco poderá oferecer os mecanismos de coordenação, cooperação, avaliação e controle necessários à ambiciosa agenda de transição”, diz o documento.
Para ler a proposta na íntegra, clique aqui.
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