Opinião- O papel do brincar na infância

Por: GIFE| Notícias| 31/08/2012

Por Priscila Fernandes*

A criança tem direito ao descanso e lazer, ao divertimento e às atividades próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística. Assim estabelece a Convenção sobre os Direitos da Criança, a Carta Magna para as crianças de todo o mundo, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1989. O trecho em destaque é a garantia daquela que deve ser a principal atividade das crianças: brincar.

Brincar é, também, a primeira forma de expressão da criança, que começa ainda no útero, quando os bebês mexem as pernas, braços ou chupam os dedinhos na barriga da mãe.

A brincadeira tem papel fundamental no desenvolvimento da criança e, diferentemente do que se possa pensar, não se opõe ao que é sério. Nenhuma atividade é mais séria na infância do que o brincar. É por meio do brincar que a criança expressa o que sente e pensa a respeito de tudo ao seu redor. E é assim que constrói sua forma de ser e de estar no mundo.

Brincando, as crianças dão significado à vida, transpondo o universo adulto. Brincando, a criança se expressa, cria e reinventa sua realidade, faz escolhas e toma decisões, desenvolve sua criatividade e autonomia. Brincar envolve tantos verbos quanto pudermos imaginar: pensar, experimentar, projetar, investigar, explorar, comparar, analisar, medir, classificar, calcular, deduzir, criar, desenvolver e compreender.

O processo de socialização também se dá por meio da brincadeira. É por aí que a criança aprende a compartilhar, a respeitar o direito dos outros, a fazer amigos. Quem nunca foi a um parque e voltou com novos amigos, depois de ter dividido o balde no tanque de areia ou o assento em uma gangorra? São momentos como esses que reiteram o pensamento do filósofo francês Gilles Brougère, de que “o brincar é a educação espontânea da criança”.

Porém, apesar de toda a importância que o tema representa na vida das crianças, esse direito ainda não é garantido em muitos ambientes. O brincar precisa acontecer em casa e na escola de educação infantil, bem como em todos os ambientes em que uma criança estiver. As escolas precisam garantir que as crianças brinquem. A brincadeira é coisa séria e importante para o desenvolvimento infantil, portanto, deve ser tratada como tal.

Para que ela se realize de forma plena, o adulto também tem um papel fundamental. Ele é o mediador, e deve participar, quando convidado, ou propor novas situações. É fundamental que o adulto dedique algum tempo de seu dia para brincar com as crianças. Já na escola de educação infantil, ambiente em que muitas vezes o brincar é preterido em relação ao aprendizado de conteúdo acadêmico, é importante que as salas sejam organizadas em diferentes espaços, de forma a despertar o interesse pela brincadeira de todas as crianças.

Além disso, é preciso que todo adulto que se disponha a brincar com uma criança se desfaça da tentativa de controlar a brincadeira, pois o controle, diferentemente da seriedade, se opõe ao verdadeiro ato de brincar.

Hoje, quando se comemora o Dia da Infância, é a data ideal para que todos os pais, professores e adultos reflitam sobre a importância do brincar no desenvolvimento infantil e tentem aplicar essa atividade fundamental no dia a dia de milhares de meninos e meninas. É urgente garantir que o direito das crianças seja respeitado. É urgente garantir que as crianças brinquem.


* Priscila Fernandes é psicóloga e coordenadora do programa Educação Infantil do Instituto C&A.

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