Organização em redes é essencial para o terceiro setor

Por: GIFE| Notícias| 15/05/2006

Rodrigo Zavala

Com o pomposo cargo de cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Silvio Meira, é um dos mais importantes profissionais de T.I. do país. Mais do que isso, está à frente do Porto Digital, projeto sem fins lucrativos que fatura 28 milhões de reais por ano e atrai talentos da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE).

Em entrevista ao redeGIFE, defende a importância das redes na construção do conhecimento e diz que sistemas virtuais colaborativos serão um diferencial no terceiro setor. “”São mecanismos para acelerar o processo de intervenção, preservação, sofisticação, de introdução de um sistema econômico, informal ou informal entre organizações””.

Um dos destaques do 4º Congresso GIFE sobre Investimento Social, Meira fala ainda sobre o Iredes sistema operacional inteligente de informação, comunicação e colaboração, via internet, desenvolvido pelo Cesar e pela Fundação Avina

RedeGIFE – Iniciativas colaborativas em redes serão o futuro do terceiro setor?
Silvio Meira – Apesar da óbvia independência das organizações de todos os tipos, eu espero que o terceiro setor entenda o seguinte: uma organização que trabalha com a preservação do mangue em Recife (PE), com uma atuação quase toda local, pode ter uma comunidade para ajuda-la por meio de mecanismos de colaboração virtual. Assim, poderá acelerar o seu processo de intervenção, preservação, de sofisticação, de introdução de um sistema econômico, informal ou informal.

Essa comunidade, que de outra forma seria local, participa de um conjunto de grupos virtuais de construção de conhecimento e compartilha os problemas que ela tem aqui com outras organizações, em outros lugares. Com dezenas e até centenas de outras intervenções como aquela, espalhadas pelo Brasil – para ficar só no programas de língua portuguesa.

RedeGIFE – Um processo contínuo de troca de informações?
Silvio Meira – A minha expectativa é que as pessoas consigam entender em pouco tempo que o tipo de participação, por exemplo, que de brincadeira se tem conseguido em coisas como Orkut ou My Space.com, possa ser usado para magnificar qual o impacto do trabalho social do terceiro setor de uma maneira muito mais ampla do que a gente tem conseguido hoje, trabalhando de certa forma mais ou menos isolado.

RedeGIFE – E as organizações ainda têm trabalhado isoladamente? Silvio Meira – Tanto do ponto de vista que eu chamaria de “”trabalho semântico””, considerado aquele para o qual a organização foi pensada, construída e para a qual ela se devota, quanto para o trabalho sintático.

O trabalho sintático é aquele que precisa ser feito para essas organizações funcionarem. Por exemplo, o que tem a ver com legislação – a específica do setor que elas estão trabalho, seja ele contra violência, ecologia, economia -, sobre com o aprendizado a partir de processos específicos que são usados para gerir em administração em terceiro setor. Eu acho que é aí onde a gente mais tem a ganhar a curto prazo. Como nós aprendemos dentro das ações, uns com os outros e muito rapidamente onde é que a gente está perdendo a eficiência e onde a gente poderia ter mais ganhos.

RedeGIFE – E nesse contexto entraria o Iredes?
Silvio Meira – Exatamente. Como um conjunto de mecanismos implementados em softwares, usando um modelo mental muito simples para o aumento da possibilidade das pessoas compartilharem histórias, documentos, relacionamentos, dentro de um conjunto fechado de focos. Não é um ambiente como o Orkut, em que todo o mundo entra e todo mundo tem acesso. É algo mais delimitado por onde se espera que as pessoas tenham a possibilidade maior dentro de um ambiente que foi feito para agilizar uma infra-estrutura de relacionamento.

Mas qual é a grande diferença entre ele e o Orkut, seguindo o mesmo exmplo?
Silvio Meira – É difícil falar de implementação de software no gogó. Mas, para simplificar: um ambiente de compartilhamento em comunidade e dos elementos que transformaram essas histórias em história interessantes para as pessoas que fazem parte dele. No fundo é isso. E isso é extremamente difícil de explicar. Como explicar o Orkut, por exemplo? De uma forma que alguém ficasse realmente impressionado?

A história fundamental do Orkut é a seguinte: um negócio em que parte dos registros de nossas vidas e de nossos interesses está conectado aos registros e interesses de outras pessoas. Isso é o Orkut como software. O problema é que essa definição é totalmente pasteurizada. O que faz a diferença nele não é o que eu tenho lá como funcionalidade, é o fato de que milhões de pessoas querem fazer isso.

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