Organizações do terceiro setor buscam gestão mais profissional

Por: GIFE| Notícias| 10/07/2001

O estudo Investimento Social Privado no Brasil apontou um crescimento de 15,7% no volume de recursos movimentados pelas organizações associadas ao GIFE entre 1997 e 2000.

Ao mesmo tempo, aumenta a cada dia a preocupação das instituições em prestar contas à sociedade sobre seus trabalhos. A pesquisa mostrou que 60,4% realizam auditoria externa, por exemplo.

O economista João Roncati, vice-presidente do GIFE para relações com o primeiro setor, analisa a questão.

redeGIFE – O grau de profissionalização dos processos administrativos e financeiros das organizações do terceiro setor no Brasil está crescendo?

João Roncati – Eu acredito que sim e são vários os motivos. Há a necessidade de organizar as atividades para obter uma maior eficiência nos projetos e na captação de recursos. Além disso, a profissionalização é importante para se obter um bom relacionamento com os demais setores.

redeGIFE – Você acredita que o terceiro setor deveria ter uma legislação contábil específica, como tem os setores privado e público?

Roncati – Não. Em geral este tipo de especificidade cria mais problemas do que auxilia, pois pode abrir precedentes e exigir detalhamentos não necessários.

redeGIFE – Replicar sistemas de administração do segundo setor é uma boa saída para a profissionalização da área?

Roncati – De forma genérica, não existe uma gestão de primeiro, segundo ou terceiro setor. Os princípios são universais. Por este motivo, temos provocado a área social a inovar, não reproduzindo estruturas de forma pura e simples.

redeGIFE – Quais as principais dificuldades que as organizações do terceiro setor enfrentam ao tentar profissionalizar suas administrações?

Roncati – Vejo basicamente dois problemas: a falta de recursos, que representa uma barreira constante, e o pequeno número de profissionais com experiência e formação em gestão. Já a crença de que o setor é muito peculiar e que não deve usar práticas do segundo setor é uma falácia cada vez mais abandonada.

redeGIFE – Somente disponibilizar ao público seus dados financeiros no balanço contábil atende às necessidades de transparência que uma organização social deve ter?

Roncati – Longe disto. No terceiro setor os relatórios devem ser os mesmos de uma empresa privada. Este é um ponto importante, pois de outra forma as organizações sociais deixam de controlar coisas importantes justificando-se com relatórios vagos de acompanhamento. É necessário que sejam desenvolvidos instrumentos analíticos que demonstrem a efetividade das ações e tratem as questões metodológicas deforma aberta e passível de discussão e desenvolvimento. Outro procedimento importante é desenvolver uma gestão aberta e participativa, com a comunidade envolvida. Isto é difícil, mas seguramente colabora para o desenvolvimento e crescimento da organização e da credibilidade sobre seu trabalho.

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