Os desafios para 2011

Por: GIFE| Notícias| 10/01/2011

O que esperar para 2011? Este redeGIFE especial, mais do que desejar aos leitores uma excelente nova década, reúne depoimentos de alguns dos principais investidores sociais de origem privada no país e mostra quais as expectativas desse grupo.

Representantes de institutos, fundações e empresas associados à maior rede brasileira de investidores sociais de origem privada, o GIFE, falam abertamente sobre os desafios em suas instituições em áreas como Cultura, Direitos Humanos, Educação Inovação, Meio Ambiente, Saúde e Desenvolvimento Local.
CULTURA
“O maior desafio para a iniciativa privada em 2011 será ampliar a sua capacidade de interlocução com os produtores culturais e o poder público. Só a maior proximidade desses agentes fará com que as empresas se sintam estimuladas a aumentar, diversificar e qualificar os investimentos na área cultural de forma sustentável e socialmente responsável.”
João Leiva – Diretor da J.Leiva Cultura & Esporte
DESENVOLVIMENTO LOCAL
“Quando se fala em desenvolvimento de base, um grande desafio é transformar as organizações apoiadas em parceiras de fato, corresponsáveis em todas as etapas – das estratégias e metas aos resultados e aprendizagens. Isto não é novidade para instituições que, como a Fundação Otacílio Coser e os membros da RedE América, fortalecem as organizações de base. Parece tentadoramente mais fácil propor um projeto pronto e, por vezes, é isso mesmo que as organizações pedem, acostumadas a uma posição de menor poder e responsabilidade. Por outro lado, também é preciso responder à ansiedade das empresas mantenedoras que costumam ter uma visão mais pragmática advinda do mundo dos negócios. Estes parceiros investidores têm dificuldade em compreender a lógica lenta das articulações e fortalecimento de organizações de base. Nosso maior desafio em 2011 é resistir didaticamente e continuar a fazer mais e melhor do mesmo!”
Ana Beatriz Roth – Superintendente da Fundação Otacílio Coser – Grupo Coimex
“Com nossa atuação focada no empoderamento da comunidade e no desenvolvimento local, um de nossos desafios para o ano de 2011 é contribuir para o fortalecimento institucional de outras organizações e grupos da comunidade. Além de apoio financeiro, inclui formações, reestruturações organizacionais, como a formalização de empreendimentos selecionados, e mobilização para a formação de redes que contribuam efetivamente para a transformação. Nosso desafio para 2011 é catalisar a união desses grupos, articular parceiros, possibilitar diálogos, fortalecer projetos e estimular a participação com ações que ampliem resultados individuais para o desenvolvimento da região.”
Maria Alice Setubal – Presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal
“No espírito da Tecnologia Empresarial Odebrecht, nosso grande desafio para 2011 será dedicar ainda mais tempo, presença, experiência e exemplo para ajudar na profissionalização e no fortalecimento das instituições locais que apoiamos. Transferir tecnologia para as organizações de base sem, no entanto, ferir a cultura e a identidade das comunidades, é fundamental para construirmos a capacidade de sobrevivência destas instituições”.
Mauricio Medeiros – Presidente Executivo da Fundação Odebrecht.
“O Instituto Votorantim atua com o objetivo de fomentar e apoiar o desenvolvimento local dos territórios em que as empresas do Grupo Votorantim estão presentes. Ao longo de 2010, focamos esforços no entendimento conceitua do tema, no fortalecimento da abordagem estratégica adotada e na integração dos diversos programas de atuação. Para 2011, três desafios de grande relevância se destacam: 1) a consolidação da metodologia de atuação; 2) o desenvolvimento de indicadores e instrumentos que possibilitem avaliar o efetivo impacto dos projetos no desenvolvimento das comunidades; e 3) a consolidação de parcerias que reforcem e ampliem a abrangência e a efetividade das ações implementadas.”
Rafael Gioielli – gerente de Desenvolvimento Sociocultural do Instituto Votorantim.
DIREITOS HUMANOS
“Sou uma eterna otimista mas também uma pragmática. Vejo que o Brasil vem mudando rapidamente. Estamos consolidando nossa democracia e percebemos que para aprofundarmos esta democracia precisamos investir na implementação das leis e políticas que garantam a justiça social e os direitos humanos. Acredito que 2011 vai ser um ano muito importante nesta trajetória, pois com o crescimento econômico brasileiro e a saída da cooperação internacional vamos poder verificar se nós brasileiros estamos preparados para por a “mão no bolso” para investir na justiça social e direitos humanos. O barômetro em 2011 vai ser não só o quanto o governo aporta para estas áreas, mas também e talvez principalmente o quanto o investimento social privado e mesmo os indivíduos estão preparados em aportar para defender o a luta contra a violência doméstica, a luta contra discriminação racial ou étnica, a liberdade de expressão, o fim do trabalho infantil, o direito dos povos tradicionais, a luta contra o trabalho escravo, entre tantas outras importantes temas de justiça social e direitos humanos.”
Ana Toni – Representante da Fundação Ford (Brasil).
“”O principal desafio que enfrentamos é o da captação de recursos em volume suficiente para o número de projetos de recebemos anualmente. O tema dos Direitos Humanos, apesar de crescentemente ser reconhecido em sua relevância em um país como o nosso acostumado no dia a dia com suas violações, ainda não se traduz em apoio financeiro. Nosso estímulo é o trabalho dos inúmero defensores e entidades que lutam por fazer do nosso país um lugar de justiça para todas as pessoas, sem discriminação de qualquer natureza. “”
Sergio Haddad – Diretor Presidente do Fundo Brasil de Direitos Humanos
EDUCAÇÃO
“O maior desafio do Instituto Razão Social para 2011 é ampliar a visão de parceiros e potenciais investidores quanto à necessidade de otimização do investimento social privado, levando-os a identificar sinergias, interesses e objetivos que possam ser transformados em projetos conjuntos, pautados pela potencialização de recursos e complementaridade de competências em benefício da educação pública brasileira.”
Araly Palacios – executiva do Instituto Razão Social
“A infância é uma área desafiadora. Fortalecer o Sistema de Garantias de Direitos é essencial, mas uma questão específica que merece atenção é a qualidade da educação pública. Apesar de todo o investimento e esforço que vêm sendo feitos nos últimos anos, os índices de aproveitamento e de avaliação da qualidade indicam que o progresso é altamente insatisfatório. O último Censo GIFE 2009/2010 mostra mais uma vez a preponderância do direcionamento do investimento social privado para a área da educação. Mas é preciso uma ação coordenada e um grande esforço dos governos e da sociedade civil para atuar, acompanhar e cobrar melhoras. É uma área em que a iniciativa privada deve contribuir mais, pois não se pode aceitar que crianças cheguem à quarta série sem capacidade de interpretar textos. Em 2011, será preciso redobrar os esforços para que haja efetiva evolução qualitativa do ensino e os associados do GIFE devem atuar de forma colaborativa.”
Sergio Mindlin – Diretor-presidente da Fundação Telefônica.
“O grande desafio do País é equacionar quantidade e qualidade na educação pública. Ou seja, garantir que o maior número possível de crianças esteja na escola e que receba educação de qualidade. Hoje só temos a quantidade. Por isso, é preciso focar na gestão educacional, diagnosticando os problemas, definindo as estratégias para combatê-los, estabelecendo metas e indicadores que direcionem o trabalho, fazendo um acompanhamento contínuo e avaliações periódicas para garantir correções necessárias em tempo real. Tudo isso para alcançar um objetivo: o sucesso do aluno na escola.”
Viviane Senna – Presidente do Instituto Ayrton Senna
INFANCIA&JUVENTUDE
“O ano de 2011 será de muita importância para as crianças brasileiras. Nos próximos meses o Plano Nacional pela Primeira Infância deverá tramitar pelo Poder Executivo. Nós, do Instituto C&A, atuamos, desde 1991, em prol da educação de crianças e adolescentes, acompanharemos de perto todo o processo, já que somos uma das instituições signatárias. Acreditamos que o principal desafio será trazer para o debate da sociedade algumas metas do Plano na área de educação, que devem ser alcançadas até 2020. Entre elas estão a consolidação da Educação Infantil como um direito da criança; a necessidade de articulação entre estabelecimentos de ensino, família e comunidade; a formação continuada de professores. Também será indispensável aprofundar as reflexões sobre propostas pedagógicas e sobre a antecipação da idade de corte no ensino fundamental. Em 2011 queremos que a educação seja percebida, cada vez mais, como um investimento prioritário e urgente.”
Paulo Castro – diretor-presidente do Instituto C&A
“”Em 2010, comemoramos uma década de ações sociais voltadas para a sustentabilidade do campo brasileiro, e em 2011, manteremos nosso compromisso com a educação rural. Os impactos das mudanças sociais, novas formas de comunicação e tecnologias nos colocam o desafio de sempre inovar na formação de uma juventude rural empreendedora, na defesa da agricultura familiar e na produção e disseminação de conhecimentos sobre as mudanças positivas do meio rural. Sempre respeitando e incentivando momentos de trocas e diálogos com os beneficiários dos projetos do Instituto Souza Cruz, jovens, educadores e organizações que constroem diariamente um novo rural – economicamente mais eficiente e socialmente mais justo””.
Rodolfo Lobato, Coordenador de Projetos Sociais do Instituto Souza Cruz
“Para 2011, nosso grande desafio é o de alcançar uma fórmula menos tradicional de filantropia onde a doação é a única forma das pessoas se relacionarem com as organizações, iniciando uma filantropia engajada onde o doador participa ativamente nas atividades e rumos de nossa organização. Também estamos nos focando mais em ações de ciberativismo, de divulgação dos nossos trabalhos, usando como ferramenta principal a Internet, queremos multiplicadores nas redes sociais como Twitter e Facebook, que falem para seus amigos, encaminhem e-mails e publiquem em seus blogs as nossas informações. Enfim, quanto mais pessoas conhecerem a seriedade e transparência de nosso trabalho de defesa dos direitos e promoção da cidadania de crianças e adolescentes, mais parceiros mobilizados em torno da nossa causa teremos. O conjunto de pessoas que apoiam uma organização é seu ativo social.”
Victor Alcântara da Graça, gerente executivo da Fundação Abrinq – Save the Children.
INOVAÇÃO
“Como investidores sociais temos o grande desafio de adequar os nossos projetos ao que convencionamos a chamar de novo ciclo de desenvolvimento. Para isso precisamos investir em projetos que busquem ideias inovadoras, que promovam as pessoas, estimulem o crescimento, respeitem o meio ambiente e garantam o nosso amanhã. Mas esse olhar para o futuro tem que começar com ações responsáveis no presente, valorizando os aprendizados do passado. O amanhã será o que fizermos por ele agora e o que fizermos por nós sempre e essa premissa tem que direcionar a nossa decisão na hora de direcionar projetos e ações a serem apoiados ou implementados pelas instituições que representamos.
Cláudia Buzzette Calais – Diretora Executiva da Fundação Bunge
“A retomada econômica verificada em 2010 deixou em evidência o apagão da mão de obra. Paradoxalmente, o número de brasileiros sedentos por uma oportunidade está na casa dos milhões. A magnitude deste desafio exige uma ação conjunta de todos os setores da sociedade, com um projeto a longo prazo de qualificação profissional. Ou seja, precisamos ensinar a pescar e não apenas dar o peixe.”
Cristiano Renner – Presidente Voluntário da Fundação Projeto Pescar
“O desenvolvimento social é elemento-chave para a expansão dos negócios da Gerdau. Por isso, a empresa busca soluções inteligentes, por meio da mobilização da sociedade, em prol de temas e projetos socialmente transformadores para a sociedade brasileira. Dentro desse conceito, a companhia privilegia a ação integrada com outras organizações, fortalecendo parcerias no desenvolvimento de projetos sociais e, assim, otimizando oportunidades e recursos. Promover a sinergia entre os investidores sociais é o caminho para que os movimentos de relevância nacional contribuam de fato com o desenvolvimento estruturado da sociedade brasileira.“
José Paulo Soares Martins – Diretor-Executivo do Instituto Gerdau
MEIO AMBIENTE
Quando a Fundação Grupo Boticário começou, há 20 anos, conservação da natureza ainda era algo do meio científico apenas, nem se falava em mudanças climáticas. A Fundação está mais madura e tem um trabalho muito consistente. Por isso, desde o ano passado, temos investido esforços para promover a causa na sociedade e não só em fóruns de ciência e pesquisa. Esse esforço se dá pela necessidade de formarmos opinião pública favorável à conservação, bem como compartilharmos conhecimento e informação para que a sociedade se sinta apta a também defender a causa. O que buscamos daqui para frente, além de todo o trabalho de apoio a projetos, proteção de áreas naturais e da biodiversidade, é realmente engajar pessoas e empresas, pois os grandes movimentos só acontecem quando há trabalho conjunto.””
Malu Nunes – diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
“Os principais desafios ligados aos investimentos empresariais em meio ambiente podem ser analisados a partir de duas premissas: a mudança do comportamento e comprometimento do universo corporativo e, na compreensão do valor dos serviços prestados pela natureza. Hoje diversas empresas entendem o valor da conservação da natureza e conseguiram, com isso, potencializar seus resultados, atingir novos mercados consumidores e elevar seu status empresarial por meio do marketing socioambiental, outras o fizeram por pressão de políticas públicas e, mesmo sem o compromisso ambiental incorporado, tiveram seus ganhos incrementados. Para 2011, os desafios continuam muito semelhantes aos últimos anos: despertar para a urgência da causa ambiental, valorar os serviços ambientais e entendê-los como fontes de recursos primários e vitais à sustentabilidade do planeta.
Guilherme Rocha Dias – Coordenador do Parque das Neblinas, Instituto Ecofuturo
POLÍTICAS PÚBLCAS
“Trabalhar para garantia de direitos em áreas como saúde e educação passa necessariamente por centrar esforços no aperfeiçoamento das políticas públicas nestas áreas. Este é o caminho através do qual se pode almejar beneficiar todas as crianças e adolescentes. Esta, no entanto, não é uma tarefa fácil. Exige um aprendizado mútuo de relacionamento entre sociedade civil e Estado para a construção de políticas públicas. Este é um terreno novo que exige mudança na cultura dos investimentos sociais realizados por institutos e fundações. É preciso gerar conhecimento nessa área, registrar as experiências que apostam nessa direção, seus resultados e principalmente as dificuldades e obstáculos. É necessário avançar além do caminho já conhecido de desenvolvimento de tecnologias e disponibilização para o setor público, e trilhar uma direção ainda pouco explorada de trabalhar de forma conjunta com o poder público desde a etapa de diagnostico do problema e da formulação”.
Beatriz Azeredo – Diretora do Instituto Desiderata
SAÚDE
“”Temos trabalhado em prol da causa do câncer infantojuvenil desde 1999 e nosso maior desafio para 2011é apoiar a ampliação e melhoria da qualidade do atendimento oferecido as crianças e adolescentes com câncer e seus familiares no Brasil. Queremos crescer ainda mais em arrecadação e aplicar os recursos nos projetos contemplados por nossos programas, propiciando cada vez mais chances de cura e qualidade de vida para crianças e adolescentes de todas as regiões do país””.
Francisco Neves – superintendente do Instituto Ronald McDonald.
“O principal desafio que a Fundação José Silveira enfrentará em 2011 será a ampliação de pesquisas, principalmente na área da Tuberculose. O possível impacto destes estudos será um menor número de indivíduos submetidos ao risco de desenvolvimento da tuberculose nas suas comunidades de origem, diminuindo a incidência (tratamento dos contatos, identificação de indivíduos com o maior risco para o desenvolvimento da TB entre os indivíduos infectados), e um melhor controle das co-morbidades melhorando os escores de cura dos pacientes com tuberculose (identificação e tratamento eficiente da Diabetes mellitus, HIV, HTLV). Além disso, possibilitará um melhor diagnóstico do paciente sintomático respiratório, identificando mais precocemente paciente, conduzindo a uma menor morbi-mortalidade do paciente.”
Leila Brito – Superintendente da Fundação José Silveira.
“Para o Instituto Criança é Vida, escala tem sido o desafio contínuo. Em 2010, com a colaboração de 16 parceiros, multiplicamos nos projetos para 190 organizações em várias cidades. Foram cerca de 28 mil famílias. Nosso desafio para 2011 é, além de dar conta da replicação dos projetos existentes, multiplicar em larga escala novos projetos que, enquanto piloto, tiveram excelente aceitação neste ano. Um projeto de prevenção ao uso de drogas para crianças na faixa etária dos 7 aos 9 anos e seus pais, o Viver Bem, e um projeto de prevenção à violência contra a criança, o Afeto e Proteção, dirigido a pais. Como nossos projetos são desenvolvidos a partir de demandas concretas das comunidades, sabemos que adesão sempre é enorme e portanto o investimento necessário para a multiplicação em larga escala, o maior desafio”.
Regina Stella Schwandner – Superintendente do Instituto Criança É Vida

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