Para além da visibilidade, a urgência da luta pela vida e direitos das pessoas trans no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 27/01/2025

São Paulo (SP), 28/01/2024 - VIII Caminha Trans, na Avenida Paulista, em São Paulo, com o tema 'Pelo Direito de Sobreviver, Existir e Resistir', coordenada pela ONG Projeto Séforas. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil

Com o Brasil liderando o ranking de mortes de pessoas trans pelo 17º ano consecutivo, ativistas destacam a urgência de apoiar projetos sociais e atrair investimento privado que atuam em prol da vida dessas pessoas

No Brasil, 29 de janeiro marca o Dia Nacional da Visibilidade Trans, um momento para celebrar as lutas e conquistas de uma população historicamente marginalizada, mas também para refletir sobre os desafios estruturais que ainda persistem. Pelo 16º ano consecutivo, o país desponta como o que mais mata pessoas trans no mundo. 

“Quando falamos de visibilidade, não estamos nos referindo apenas à presença em campanhas publicitárias ou em espaços midiáticos, embora esses sejam avanços importantes. Trata-se, sobretudo, de uma visibilidade que contribua para mudanças estruturais”, afirma Cleo Almeida, fundadora da iniciativa +Trans Para Transformar. O projeto capacita mulheres trans e travestis em áreas como design instrucional e comunicação inclusiva,. 

Iniciativas como essa demonstram o impacto coletivo de um trabalho focado na autonomia e na valorização de pessoas trans. “Capacitar essas mulheres é resistir à transfobia e oferecer ferramentas para que elas se tornem protagonistas de suas próprias histórias”, reforça Cleo Almeida.

Resistência que se mostra necessária, levando em consideração que a exclusão enfrentada por pessoas trans começa cedo, nas escolas e no ambiente familiar, e se estende ao mercado de trabalho. De acordo com informações da  Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), apenas 4% das pessoas trans no Brasil ocupam vagas no mercado formal.

“Apoiar uma comunidade e seu fortalecimento é trabalhar para garantir equidade de gênero, é trabalhar para toda a sociedade. Isso traz ganhos econômicos, sociais e políticos para o país”, destaca Savana Brito, diretora executiva do Fundo ELAS+.

“O Fundo ELAS+ é, muitas vezes, a única alternativa de financiamento para várias entidades, importando grupos que são discriminados e que têm um grande desafio na transformação desse contexto”, completa Jaqueline Gomes de Jesus, Conselheira do Fundo ELAS+.

Nesse sentido, atrair investimento social privado se mostra como um passo nessa luta, ao mesmo tempo que é um grande desafio. “Entre os entraves está a falta de conhecimento sobre as iniciativas, projetos, coletivos e organizações lideradas por pessoas trans, fruto da grande invisibilidade e marginalização. A necessidade de dados mais concretos dos impactos que essas iniciativas trazem também dificulta o acesso a recursos”, avalia Savana Brito.

Perspectiva também defendida por Cleo Almeida, que chama atenção para a mudança de postura dos investidores. “Sem entender a gravidade desses problemas, muitos investidores não percebem o impacto transformador que iniciativas sociais podem ter nessa população e na sociedade como um todo”, conclui.


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