As políticas públicas têm dedicado pouca atenção aos adolescentes e ainda não conseguiram assegurar o atendimento com absoluta prioridade, como garantido no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Constituição Federal.
Essa é uma das avaliações do relatório Situação da Adolescência Brasileira, lançado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) na última semana. O aumento da violência, das doenças sexualmente transmissíveis, do uso de drogas e da gravidez precoce é apontado como o principal fator que leva à exclusão.
Confira alguns dados da pesquisa:
os adolescentes já são 12,5% da população brasileira, totalizando cerca de 21,5 milhões de pessoas entre 12 e 17 anos;
8 milhões pertencem afamílias com renda per capita menor que meio salário mínimo por mês e têm pelo menos 3 anos de defasagem em relação ao nível de escolaridade correspondente à sua faixa etária;
a evasão escolar é um problema grave. 3,3 milhões de brasileiros entre 12 e 17 anos abandonaram os estudos e não freqüentam a escola. Entre os adolescentes de 14 e 15 anos (7 milhões), apenas 11,2% concluem o ensino fundamental. Entre os que têm 15 e 17 anos (10,7 milhões), só 33% estão matriculados no ensino médio;
5,2% dos jovens entre 12 e 17 anos (1,1 milhão) são analfabetos. O maior índice (18%)é encontrado em Alagoas. O menor (1,3%), em Santa Catarina;
o trabalho infantil ainda é uma realidade para 1,9 milhão de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Entre os jovens com 15 e 17 anos, 3,2 milhões já estão no mercado de trabalho, geralmente realizando atividades precárias e mal remuneradas;
o desinteresse pela política predomina. Menos da metade (44%) dos adolescentes com 16 e 17 anos são eleitores;
para o Unicef, o principal desafio brasileiro para os próximos anos é implementar uma política de educação que integre ações intersetoriais. Entre as recomendações, está o fortalecimento e a ampliação das iniciativas da sociedade civil organizada.