Para se tornar política pública

Por: GIFE| Notícias| 12/02/2007

No ano passado, a Fundação Volkswagen assinou com a Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) um convênio para desenvolvimento dos projetos Estudar pra valer, Entre na Roda e Encantar na Escola. A iniciativa, também apoiado pelo Banco Volkswagen, além de mostrar como o setor privado pode contribuir para a melhoria do sistema de ensino, beneficiará profissionais e alunos da rede municipal de educação da cidade.

Em entrevista ao redeGIFE, a diretora de Administração e Relações Institucionais da Fundação Volkswagen, a advogada Simone Nagai, explica como funcionam os trabalhos da fundação e fala um pouco mais sobre os obstáculos para dar escala a projetos sociais.

Segundo ela, é imprescindível o diálogo com entidades que trabalham no mesmo eixo, principalmente porque se faz necessário a constante problematização das condições da educação. “”Frente a isso, acreditamos e buscamos ações articuladas e complementares com os diversos atores sociais que compartilham do mesmo ideal, na busca pela transformação dessa realidade que gera tantos outros problemas em nosso país””, crê

redeGIFE – Qual é o grande desafio em dar escala aos projetos sociais desenvolvidos pelo setor privado?

Simone Nagai – A partir da nossa experiência, acreditamos que para a maioria das entidades que realizam o investimento social estruturado, há um grande passo a ser dado entre a implementação de projetos sociais a partir de parcerias estabelecidas com órgão públicos e a institucionalização dessas práticas como políticas públicas. E esse é o nosso desafio.

Em 2006, tivemos uma excelente experiência com o município de São Bernardo do Campo que assumiu publicamente a multiplicação de um de nossos projetos, o Estudar pra valer! Aprendizagem de Leitura e Escrita, para toda rede municipal de educação. A iniciativa de São Bernardo do Campo, entretanto, mostra que esse processo não é um dos mais fáceis, principalmente no que tange a educação pública.

A institucionalização de certas práticas esbarra, por exemplo, em questões burocráticas corriqueiras na máquina pública e que diferem de município para município. Essa realidade gera outro desafio que é a busca pelo atendimento personalizado, sem que a proposta seja descaracterizada. A gestão compartilhada tem sido nossa principal ferramenta para este processo obtenha sucesso.

redeGIFE – Qual é o processo de desenvolvimento desses projetos? Afinal, o Território Escola, por exemplo, alinha diferentes práticas já desenvolvidas pela Fundação.

Simone Nagai – O eixo central do nosso investimento social é a leitura e escrita em contexto de letramento. Uma vez que esta questão evidencia-se com o fracasso escolar assistido no final do ensino fundamental, concluímos que são necessárias propostas que contribuam para a melhoria da prática pedagógica a partir da pré-escola até as séries finais do ciclo.

Para isso, desenvolvemos, desde 2001, propostas que contribuam para a formação de profissionais da educação pública. O Programa Território Escola é uma forma conceitual de organizar os projetos desenvolvidos desde então. Assim contribuímos para a identificação e valorização de outros espaços educativos, além da escola, o que de certa forma assegura e proporciona educação integral a crianças e adolescentes.

redeGIFE – Existe a questão da abordagem na execução de projetos sociais. Como vocês lidam com a questão regional? A didática dos projetos foi desenvolvida em São Bernardo e, agora, vocês passam não apenas para outros municípios paulistas, mas também para o Rio de Janeiro.

Simone Nagai – O Território Escola, para além da diversidade do público atendido pelos seus projetos, busca articular a atuação da escola às práticas culturais do território em que está inserida, apontando para a construção de um currículo integrado que considere as especificidades regionais, e ao mesmo tempo, valorize o trabalho com o letramento, nos diferentes espaços educativos da escola e da comunidade na perspectiva da educação e proteção integral da criança e do adolescente.

Os projetos do programa se interligam pelos mesmos princípios, pela mesma intenção educacional e por uma metodologia comum. Mas ao mesmo tempo, consideram os públicos específicos que conferem um caráter próprio a cada um de seus projetos.

Todos esses projetos incluem formação continuada – presencial e a distância – dos professores, gestores, educadores sociais e voluntários da comunidade, bem como um programa de acompanhamento e avaliação. Dependendo da natureza do projeto, faz parte de seu desenho a elaboração de material de apoio didático e de fundamentação teórica.

redeGIFE – -A Educação Integral aparece como cerne dos trabalhos, unindo a comunidade e a escola. A parceria com o Cenpec demonstra isso. Qual é a preocupação da Fundação em dialogar com outras fundações, institutos e empresas que também investem nesse eixo educativo?

Simone Nagai- Consideramos que é imprescindível o diálogo com entidades que trabalham no mesmo eixo que trabalhamos, principalmente porque se faz necessário a constante problematização das condições da educação. Frente a isso, acreditamos e buscamos ações articuladas e complementares com os diversos atores sociais que compartilham do mesmo ideal, na busca pela transformação dessa realidade que gera tantos outros problemas em nosso país.

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