Participantes do encontro debatem funções e composição dos Conselhos

Por: GIFE| Notícias| 12/12/2005

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

Durante o debate do Encontro sobre Governança Organizacional, Miguel Krigsner, presidente de O Boticário, afirmou que ter um conselho quase que totalmente independente da empresa mantenedora e com autoridade sobre a fundação traz credibilidade à sua organização. Ele contou que uma das dificuldades que encontrou em 15 anos de Fundação O Boticário de Proteção à Natureza foi ter um desprendimento emocional da tomada de decisões e entender a hora em que era necessário contratar outras pessoas para ter um modelo de gestão mais moderna.

A superintendente de projetos da ACJ Brasil, Jaqueline de Camargo, percebe que é bom ver perfis de Conselhos apaixonados e envolvidos, mas entende que há um desafio de governança no que diz respeito à educação e ao comprometimento com questões sociais mais amplas. “”Como ocupar uma reunião mensal de governança? Como não esbarrar no administrativo e abrir espaço para seu Conselho abordar questões conceituais mais profundas? Como criar um diálogo que faça as pessoas caminharem para uma visão integrada?””, questionou.

Abordando a questão da identidade dos Conselhos, Malu Nunes, gerente técnico-administrativo da Fundação O Boticário, alertou para o fato de que os Conselhos no Brasil são muito recentes e há, de fato, uma dificuldade em não misturar com o executivo. Em parte, segundo ela, isso acontece porque quem define a pauta das reuniões de Conselho é o executivo da organização, que costuma levar as questões cotidianas que precisa resolver.

Rosa Maria Fischer lembrou que a composição dos Conselhos parece variar conforme o ciclo de vida das organizações e questionou qual deveria ser a composição ideal. Para ela, falta definição sobre qual é o seu papel nos Conselhos, que deveria ser indicado pela instituição ao convidar os membros.

Neste sentido, Décio Zylbersztajn afirmou que a composição dos Conselhos pode ter várias lógicas, mas que costuma seguir uma associada à especialidade e reputação dos membros. “”Isso é um pouco óbvio, mas penso na necessidade do Conselho ser gerido. Assim, é necessário que a organização tenha mecanismos internos para fazer isso. Diferentes membros terão diferentes contribuições a dar, por isso é necessário ter uma régua adequada sobre quanto devemos demandar a cada um, para que ele seja sempre participativo e sua presença nas reuniões seja conclusiva de assuntos que ele já vem acompanhando””, explicou.

Zylbersztajn completou que problemas de agência e composição da equipe técnica são muito comuns. Um dos grandes desafios da governança hoje, segundo ele, é buscar um equilíbrio nesta composição, com aspectos de gestão profissionalizados. “”Agência não significa apenas que alguém está se apropriando de determinados recursos para fazer algo, mas muitas vezes significa que idéias distintas precisam ser governadas e alinhadas.””

Para Telma Gomes, da HP, a questão da profissionalização e da remuneração deve ser melhor debatida, visto que o trabalho na área social é na maioria das vezes relacionado à atuação voluntária. “”Como ter efetividade da ação social com equipes tão pequenas? É incoerente o discurso das empresas em querer investir no social, mas não investir em capacitação humana””, alertou.

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