Pensamentos descontínuos para uma crise

Por: GIFE| Notícias| 02/12/2009

Matthew Bishop*

“A mesma coisa de sempre”, esta foi a frase que não consigo tirar da minha cabeça dita no Fórum Skoll Mundial em Oxford, no mês de março. Os assistentes, que Jeff Skoll chama de “o Woodstock do empreendimento social”, todos e cada um deles sempre foram uma extraordinária fonte de inspiração, mas que para mim, de alguma forma, o total parecia menor que a soma das partes.

Muito talento reunido e muito potencial para mudar o mundo. No entanto, os discursos, os painéis e as conversações pareciam ser “como de costume”, como se a crise global que havia estourado em setembro do ano passado tivesse acontecido em outro lugar.

Quando Lehman Brothers declarou a sua quebra em 15 de Setembro de 2008, desatando uma crise nos mercados financeiros, o paradigma econômico que havia dominado o mundo durante o quarto de século anterior ficou exposto como se fosse algo fatalmente defeituoso. A batalha de idéias que inventará o novo paradigma está atualmente em curso. Os empresários sociais e os filantropos têm muitas idéias a oferecer, porém somente percebem que o mundo mudou fundamentalmente e eles não podem continuar dizendo “a mesma coisa de sempre”.

A ilustração clássica do tema para o raciocínio interrupto é o conto da rã na água quente. Se colocar uma rã em água fria e gradualmente esquentar a água, a rã não perceberá o aumento da temperatura e eventualmente ferverá viva. Se colocar uma rã na água que já está fervendo, ela percebe e pula fora.

“Quando o barco afunda”, disse Jose Maria Figueres, ex-presidente da Costa Rica no Fórum Skoll, “os empresários são os primeiros a chegar aos botes salva-vidas. Poderão não saber até onde chegarão nesses botes, porém entendem que não há futuro se ficarem onde estão (certamente não é uma visão respeitável, mas é prática e perspicaz).

O desafio para os filantropos, para os empresários sociais e para todos os que tentam resolver os problemas mais urgentes do mundo é, em primeiro lugar, avaliar o que mudou para depois avaliar quais alternativas possíveis eles e suas organizações tem. Em muitos casos, os atributos pessoais ou organizacionais tidos como dados e que até mesmo se enxergavam como sendo debilidades no velho mundo, poderão ser imensas fortalezas no novo mundo; no entanto as fortalezas anteriores resultam ser menos importantes ou até mesmo absolutamente perigosas.

*Matthew Bishop é chefe do escritório de Nova York da The Economist e autor junto com Michael Green do Philanthrocapitalism. Tem um blog em www.philanthrocapitalism.net e em twitter é @mattbish

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