Pequenas soluções começam na escola

Por: GIFE| Notícias| 02/04/2007

Rodrigo Zavala

Nas últimas semanas, uma série de pesquisas divulgadas à impresa apontaram fatores fundamentais para o aumento da qualidade da educação. Maior autonomia às escolas, melhoria na gestão escolar e educação integral foram apenas alguns exemplos citados como essenciais para o desempenho escolar. No entanto, especialistas divergem sobre a quem cabe a responsabilidade, em um rol de críticas e fórmulas bem sucedidas de ensino.

De acordo com o professor do Departamento de Tecnologia da Educação da PUC/SP, Fernando Almeida, a cada temporada, estudos mostram que o segredo da educação está em determinada área. “”São remédios falsos que só atrasam a solução do problema. Precisamos pensar de forma multidisciplinar, pois qualquer melhoria deve passar por diversas áreas, como currículo, gestão, formação, infra-estrutura etc””, acredita.

No entanto, mesmo que seja de forma multidisciplinar, as pesquisas mostram que passos iniciais devem ser dados e a quem corresponde liderar isso. Uma das idéias é começar pela gestão bem aplicada de recursos (nos mais diversos níveis) e na autonomia das escolas.

Segundo o economista Naércio Menezes Filho, autor da pesquisa Determinantes do Desempenho Escolar no Brasil, não há como negar que uma boa gestão dos recursos é um elemento chave. A conclusão, bastante clara para administradores, tem como base dados coletados do Sistema Nacional de Avalização Básica (Saeb) e da Prova Brasil, do Ministério da Educação.

Em seu levantamento, Menezes Filho, mostrou o exemplo de duas escolas: uma gasta R$ 250 por aluno e a outra R$ 1 mil. “”Elas obtiveram os mesmos 215 pontos no Saeb. Outras variações, ainda maiores, foram diagnosticadas. O problema, nesses casos é gestão, o que nos deixa otimistas, já que é possível melhorar a situação com os recursos que temos disponíveis””, disse.

A idéia do pesquisador encontra coro em um outro estudo, realizado pela Secretaria Estadual de Educação do Distrito Federal, em 20 escolas da periferia de Brasília. “”Analisamos as que mostraram melhores resultados no Saeb e entendemos o óbvio, quanto menor a rotatividade do diretor e professores na escola, melhor é seu ensino””, explica a secretária,Maria Helena Castro.

A relação entre os dois levantamentos se refere, claro, a gestão. Em escolas onde os recursos são administrados pelos diretores, em concordância com os professores e comunidade, é maior a preocupação com o aprendizado e, assim, co o desempenho. “”Isso gera maior integração. Além disso, essas escolas ignoram as diretorias de ensino e a própria secretaria, que muitas vezes mais atrapalham do que ajudam””, explica.

A grande questão que se abre é, mais uma vez, a responsabilização dos dirigentes da escola. Afinal, a equação gestão/autonomia escolar só terá um resultado positivo se partir dos diretores e dos professores. São eles que devem buscar o apoio da comunidade e do setor privado para uma gestão participativa e parcerias.

“”O ambiente dos educadores ainda tem não enxergam a educação como serviço e que devem prestar contas de seus resultados. Vamos divulgar uma pesquisa mostrando que professores, quando trabalham na escola pública e na privada, admitem faltar muito mais na pública, porque na privada são cobrados por suas faltas””, afirma a diretora-executiva da Fundação Lemann, que atua na formação de gestores da educação, Ilona Becskeházy.

A especialista em gestão escola, Ângela Mello, não são poucas as variantes que determinam quando o diretor terá melhores resultados. Além da vontade, invariavelmente as escolas públicas com bom desempenho são menores, com adequação da esquipe ao tamanho da instituição, o horário de permanência dos alunos, menor rotatividade do corpo docente e ter apenas dois turnos de funcionamento.

Mesmo assim, ela acredita que um diretor deve motivar os professores. “”É correto afirmar que pagar mais para os professores não tem relacionamento com aumento de desempenho dos alunos. Mas começar a carreira recebendo R$ 3 a hora/aula é justo? Além disso, eles não percebem o retorno do seu trabalho. Investir nos diretores é investir no professor e nos alunos””, crê.

As opiniões partiram do pressiposto de que não adianta esperar por políticas públicas para das os primeiros passos. Pequenas soluções começam mesmo na escola.

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