Pesquisa Literatura em Movimento aponta o que os educadores pensam sobre a leitura literária
Por: GIFE| Notícias| 16/10/2017O que os educadores pensam sobre a leitura literária? Quais são os principais desafios enfrentados nas aulas de literatura? Como e quais autores são trabalhados em sala de aula? Essas foram algumas das perguntas que nortearam a nova pesquisa “Literatura em Movimento”. Promovida pelo Programa Escrevendo o Futuro, ela é uma iniciativa da Fundação Itaú Social e do Cenpec – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. O programa realiza, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), a Olimpíada de Língua Portuguesa no país.
O levantamento, realizado junto a 670 professores da rede pública participantes do Escrevendo o Futuro, vem inaugurar a nova sessão sobre literatura e ensino de leitura literária do Portal com o objetivo de contribuir com a prática de educadores de todo o Brasil. “Apesar da leitura ser um direito humano, o acesso à cultura escrita no Brasil ainda é marcado por grandes desigualdades. Sabemos que ler e escrever são ferramentas essenciais para a ampliação do repertório cultural e de possibilidades de interlocução, de constituição de conhecimento, de ser e estar no mundo. Por isso, desenvolver programas e apoiar ações que ampliem o acesso à leitura de qualidade, que promovam aprendizagens e a apropriação da leitura e da escrita são estratégias fundamentais para o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens brasileiros”, ressalta Dianne Melo, gestora do Programa Escrevendo o Futuro.
Dianne ressalta que o programa contribui para ampliar o letramento de professores e estudantes na medida em que trabalha a escrita na sua função social. “Para a ampliação da participação social e exercício efetivo da cidadania, ser um usuário competente da linguagem escrita é condição fundamental. É decorrente dessa compreensão a necessidade que hoje se coloca para a escola: a de possibilitar ao aluno uma formação que lhe permita compreender criticamente as realidades sociais e nela agir, sabendo, para tanto, organizar sua ação. Para isso, esse aluno precisa apropriar-se da leitura e da escrita e de meios de produção e de circulação desse conhecimento”, completa.
Descobertas
Incentivar a leitura autônoma de diferentes gêneros, autores, temas e épocas é o objetivo fundamental em aulas de literatura para 72,7% dos professores de Língua Portuguesa, apontou o levantamento. Além disso, valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais é essencial para 46,61% deles; apreciar os textos literários para 45,4% e diversificar as estratégias de leitura para 41,03%.
No entanto, apesar de valorizarem as manifestações artísticas e culturais, 11,61% dos professores afirmam “nunca” proporem aos alunos leituras de escritores africanos ou afro-brasileiros. 19,31% referem “sempre indicar tais leituras” e 69,08% as propõem “às vezes”. “Isso nos revela que, apesar da lei 10.639, de 2003, apontar às escolas públicas e particulares a obrigatoriedade de incluir essas temáticas nos currículos, essa ainda não é uma prática recorrente. Por isso, procuramos, em nossos materiais e cursos, sempre referenciar leituras e autores africanos, de modo a valorizar e reconhecer esse tipo de literatura além de possibilitar a ampliação do repertório dos professores”, destaca Dianne.
A pesquisa apontou também que o “conto” é o gênero literário predominante na sala de aula por 40,12% dos entrevistados. Em seguida estão crônica (21,42%), poema (19,76%) e romance (18,7%).
Além desta pesquisa (clique aqui para acessar o material completo), o Programa Escrevendo o Futuro já realizou outros estudos, como o de “Características dos textos semifinalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa”, realizado entre 2011 e 2013, pelos pesquisadores José Francisco Soares e José Aguinaldo Fonseca. A intenção da pesquisa foi verificar se uma maior presença do projeto nas escolas estaria associada a um melhor desempenho de todos os seus alunos – semifinalistas ou não – no teste de Leitura da Prova Brasil.
Já a publicação “O que nos dizem os textos dos alunos?” foi resultado de um estudo realizado em 2011 por especialistas em língua portuguesa com uma amostra representativa dos textos de quase 18 mil alunos de escolas públicas brasileiras, que participaram da etapa estadual da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro em 2010.