Pesquisas da Fundação Victor Civita mostram o que é uma boa gestão escolar

Por: GIFE| Notícias| 23/11/2009

A Fundação Victor Civita (FVC) realizou, neste ano, duas pesquisas relacionadas à Gestão Escolar no Brasil: a primeira focou em identificar as “”Práticas Comuns à Gestão Escolar Eficaz”” e foi desenvolvida em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), de São Paulo. O segundo levantamento buscou revelar “”Quem é e o que pensa o gestor escolar”” e foi realizado em parceria com o Ibope. As duas pesquisas tiveram patrocínio do Sistema de Ensino SER da Abril Educação, do Instituto Unibanco e do Itaú BBA.

A primeira pesquisa, “”Práticas Comuns à Gestão Escolar Eficaz””, teve como objetivo entender o impacto positivo e negativo da gestão escolar na Educação das crianças e adolescentes. Entre abril e setembro de 2009, 14 pesquisadores estudaram dez escolas em quatro municípios de São Paulo.

“”Descobrimos que as escolas que possuem uma gestão escolar eficaz são as que obtêm melhores resultados na Educação de seus alunos””, afirma o diretor-executivo da Fundação Victor Civita, David Saad. “”Por meio da pesquisa, conseguimos desvendar os quatro ′segredos′ da boa gestão escolar, que podem ser replicados em escolas de todo o país como uma forma de melhorar a aprendizagem dos brasileiros””, explica.

De acordo com a pesquisa, os quatro segredos para a gestão eficaz das escolas são: a formação dos gestores; a capacidade do diretor de integrar todas as áreas de atuação no dia a dia; a atenção dedicada às metas de aprendizagem, medidas por avaliações externas; e a habilidade de criar um clima positivo de trabalho na escola.

Pelo levantamento, nas escolas com resultados superiores os gestores têm curso de especialização em Gestão e Administração Escolar ou Pedagógica. Além disso, esses profissionais também buscam experiências bem-sucedidas dentro e fora da rede e são bem informados sobre o que acontece na comunidade e no mundo. “”Ficou claro na pesquisa que quanto maior o nível de especialização do gestor, melhores são os resultados das escolas””, diz Saad.

Unir as diversas áreas de atuação da escola também faz a diferença. A pesquisa comprovou que as instituições com melhor desempenho são aquelas em que os diretores têm a capacidade de integrar oito áreas de atuação: gestão pedagógica; gestão administrativa; gestão financeira; gestão da infraestrutura; gestão da comunidade; gestão das relações pessoais; gestão dos resultados escolares e gestão do relacionamento com a rede.

A atenção dos gestores às avaliações externas também é um ponto fundamental para impulsionar a aprendizagem. Nas instituições mais bem avaliadas, os resultados da Prova Brasil e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) são compartilhados com toda a equipe e são afixados em local visível a todos. “”Porém, a pesquisa identificou que nenhum gestor escolar conhece com clareza os indicadores que compõem a nota, o que impede que haja uma mobilização real em projetos que melhorem a aprendizagem””, aponta Saad.

Um bom ambiente de trabalho faz toda a diferença no desempenho das escolas. As cinco escolas mais bem avaliadas têm em comum um clima favorável, que é gerado pela coesão da equipe, pelo comprometimento de professores e funcionários com as metas da instituição e pela existência de um comando claro.

“”Os resultados da pesquisa revelam que a gestão escolar brasileira ainda está na fase que os pesquisadores chamam de primeira onda. As escolas que se sobressaíram são aquelas que conseguiram arrumar a casa, criando rotinas de trabalho, têm um clima organizacional positivo e cujos diretores tiveram uma formação mais especializada””, explica Saad. “”Entretanto, a segunda onda, que é focada na atenção ao trabalho pedagógico, ainda não aparece.””

O perfil do gestor

A pesquisa sobre “”Quem é e o que pensa o gestor escolar”” foi realizada entre maio e junho deste ano, com 400 diretores de escolas públicas de 13 capitais brasileiras: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo.

“”Identificamos que os diretores escolares se sentem mais responsáveis por manter a burocracia em dia do que pela melhoria do aprendizado””, afirma Saad. Segundo a pesquisa, as principais atividades diárias dos diretores entrevistados são: verificar a produção da merenda (90%), supervisionar a limpeza (84%), conferir o fornecimento de lápis e papel (63%) e checar as condições das carteiras (53%).

“”Com uma rotina tão focada na burocracia, os gestores acabam tendo pouco tempo para conversar com professores, prestar atenção nas aulas e buscar a melhoria do ensino, o que deveria ser a meta essencial da escola””, comenta Saad. É isso o que a pesquisa deixou claro, pois 50% dos gestores não acompanham as reuniões semanais entre os professores e a coordenação pedagógica e 25% reconhecem que nunca olham os cadernos dos estudantes para verificar a evolução da aprendizagem.

Quando questionados sobre quem é o responsável pelas notas baixas dos alunos no Ideb, os diretores afirmaram: o governo (48%), a comunidade (16%), o professor (13%), os alunos (9%) e a escola (7%). Só 2% dos consultados acham que têm responsabilidade no resultado ruim.

“”Nas duas pesquisas realizadas pela, uma conclusão que fica clara é que há uma falta de foco dos gestores na gestão pedagógica. A preocupação com o aprendizado do aluno aparece no discurso dos diretores, mas o empenho e dedicação a esse aspecto essencial da vida escolar são muito menores do que o mínimo desejado””, lamenta Saad. “”O que se vê é uma boa intenção que se dilui na rotina dominada por atividades burocráticas e administrativas e no atendimento de emergências.””

A fundação investiu na criação de uma área de estudos e pesquisas, neste ano, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica no Brasil por meio de análises, estudos e pesquisas sobre professores, gestores e demais responsáveis pelo processo educacional que auxiliem as discussões sobre práticas, metodologias e políticas públicas de Educação.

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