Por um futuro comum

Por: GIFE| Notícias| 29/01/2007

Joe Sellwood e Vincent Menu

Vários grupos de estudos debatem há algum tempo teorias e definições de sustentabilidade. Uma das definições mais antigas, por exemplo, esboçada em 1987 por um documento publicado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento chamado “”Our Common Future””, fala em “”atender as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas””.

Mas o que essas teorias têm a ver com o mundo corporativo? Como colocar a “”sustentabilidade”” em prática nas empresas? Como ajudá-las a reconhecer, entender e tratar dos problemas por vir, sem que elas se percam na teoria? O fato é que esta onda de sustentabilidade não é nada nova. Trata-se apenas de um novo nome para o que as empresas que duram sempre conheceram: a necessidade de se adaptar às mudanças do meio em que atuam, para que a sua existência continue a ter sentido para a sociedade.

Se boa parte das empresas no Brasil e no Mundo, em todos os setores de atuação, conseguiu se expandir e prosperar até hoje, por várias razões isto pode mudar no futuro. As condições estão evoluindo, as empresas cresceram muito, e da mesma forma a amplitude dos impactos que elas causam para o meio ambiente, as comunidades de entorno, os clientes, os fornecedores, os funcionários, os acionistas, ou seja, todos os grupos interessados de alguma forma pela atividade da empresa. Estes grupos, ou stakeholders, também evoluíram: eles estão mais estruturados e capacitados para exercer uma pressão sobre as empresas em relação a estes impactos que elas causam.

Para entrar na onda da gestão sustentável, uma empresa deve primeiro entender melhor os impactos ambientais, sociais e econômicos que ela causa por meio de sua atividade. Dificilmente uma organização poderá atender todas as expectativas de todos os seus stakeholders, mas ela deve, internamente, aprofundar o entendimento sobre estes impactos e expectativas, definir claramente o seu posicionamento em relação às principais questões que surgem deste entendimento, e criar as condições para que a empresa possa continuar operando, atendendo as principais expectativas de seus principais stakeholders, como por exemplo, o lucro para seus acionistas, impactos limitados ao meio ambiente, a geração de valor para os clientes e para a comunidade.

Começam a serem vistos sinais deste movimento no Brasil, como a nova edição do Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa, que em sua versão 2006 acaba de considerar na avaliação das empresas o alinhamento entre a estratégia e as ações de Responsabilidade Corporativa, assim como o foco da empresa em tratar as suas principais questões.

Este é um processo complexo que pode exigir transformações importantes no modelo de negócio, na estrutura e na cultura da empresa, processo pelas quais as empresas de vida longa já passaram em algum momento no passado, e ainda terão que passar no futuro se quiserem continuar a existir.

*Joe Sellwood e Vincent Menu, sócios-diretores da Rever Consulting – empresa especializada em alinhar as práticas de Responsabilidade Corporativa com a estratégia de negócio da empresa e representante exclusiva da Global Leadership Network (GLN) no Brasil.

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