Presidentes reconhecem importância de sua participação nas ações sociais da empresa

Por: GIFE| Notícias| 13/06/2005

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

Os principais executivos das empresas de todo o mundo, especialmente os brasileiros, estão cada vez mais se encarregando das ações na área social promovidas por sua corporação. De acordo com o Corporate Reputation Watch (CRW), pesquisa realizada pela agência de relações públicas Hill & Knowlton em 2004 e divulgada no último mês, 56% dos executivos brasileiros atribuíram a responsabilidade social como sua incumbência. Nos demais países, esse percentual é de 49%. No ano anterior, este índice era de 30% no Brasil e 44% em outros países.

Realizado globalmente desde 1997, o estudo tem como objetivo identificar a importância que líderes empresariais brasileiros conferem à reputação corporativa, em comparação com outros 36 países da África, América do Norte, América do Sul, Ásia, Europa e Oceania. O CRW 2004 traz a opinião de 175 empresários, sendo 30 brasileiros, entrevistados entre outubro e novembro do ano passado. Entre eles, 97% ocupam o cargo mais alto na corporação e suas empresas possuem, em média, mais de 3,5 mil funcionários.

Segundo Renata Monte Alegre, gerente geral da Hill & Knowlton Brasil, o indicativo de que as iniciativas sociais passaram a ser incumbência do próprio presidente ao longo dos últimos anos representa o grande peso que elas passaram a ter no desempenho corporativo. “”Cada vez mais os brasileiros, assim como os executivos internacionais, atentam para a relevância dos temas ambientais e sociais. Até mesmo a decisão de compra dos consumidores tem sido influenciada pela importância que a empresa dá para a responsabilidade social””, afirma.

A pesquisa indica que as ações de responsabilidade social são mais valorizadas no Brasil (13%) do que nos demais países pesquisados (2%). Há cinco anos, aqui este índice era de 0% e, no âmbito global, de 1%. “”Neste caso, a grande necessidade social brasileira determina o valor maior dado a estas atividades””, explica Renata. Os principais focos de investimento nessa área no país foram o fortalecimento de políticas para promover equilíbrio e diversidade (23%), a destinação de recursos financeiros e humanos para ações sociais (22%) e o fortalecimento de relações com ONGs (15%).

Exemplo do envolvimento crescente do empresariado na área social é o aumento do público da Conferência Internacional Empresas e Responsabilidade Social, promovida anualmente pelo Instituto Ethos. Em sua sétima edição, ocorrida na última semana em São Paulo, foram cerca de 1.200 participantes (em 2004, 900 pessoas estiveram presentes). Dirigida a presidentes, vice-presidentes e superintendentes de empresas dos setores privado e público, o evento teve como tema neste ano “”Parcerias para uma sociedade sustentável””, visando aprofundar as discussões sobre desenvolvimento humano, ética, relações de trabalho, meio ambiente e consumo.

Presidência – A participação do principal executivo da empresa nas ações sociais é um direcionador a todos os colaboradores dos valores e compromissos da empresa, uma cultura que deve permear todas as áreas e processos, além de proporcionar prazer pessoal, lembra o presidente de O Boticário, Miguel Krigsner. Ele conta que participa ativamente, junto com o vice-presidente da empresa, Artur Grynbaum, de todas as decisões macro no âmbito da responsabilidade social e do investimento social privado. “”Não fosse assim, não teríamos as políticas que temos e, em especial, uma destinação de 1% do faturamento líquido da empresa para ações de investimento social privado, sendo cerca de 0,8% à Fundação O Boticário de Proteção à Natureza para atuação conservacionista nacional, e 0,2% para o Instituto O Boticário, de atuação no âmbito social e cultural com foco mais regional.””

Para a presidente da Fundação Projeto Pescar, Rose Marie Linck, a conscientização do principal executivo da empresa é uma ferramenta fundamental. Ela acredita que, se neste âmbito há uma sensibilidade pela causa social, a ação tem maior escala e traz gratificação pessoal, o que acaba sendo muito valorizado e pesa na decisão de investimento. “”Minha experiência demonstra que, bem assessorado, o principal executivo da empresa pode decidir melhor””, explica.

No último dia 6 de junho, Rose Marie recebeu do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, a Medalha Negrinho do Pastoreio in memorian a Geraldo Tollens Link, empresário idealizador da Fundação Projeto Pescar. Instituída em 1972, a condecoração distingue personalidades que prestam serviços relevantes em favor do ser humano.

Comunidade – Eliane Garcia Melgaço, diretora executiva do Instituto Algar, concorda que o envolvimento do principal executivo nas ações com a comunidade faz toda a diferença e demonstra o real comprometimento com a causa. “”O executivo tem que entender que as ações sociais da empresa dependem muito mais da criação de valor para os stakeholders do que da própria qualidade dos produtos e serviços prestados.””

Ela lembra que as comunidades estão se redefinindo, tornando-se mais organizadas, com voz mais ativa e poder de influenciar a atividade empresarial. “”As revoluções tecnológicas e dos mercados alteraram a natureza dos negócios e também a dinâmica da convivência entre as empresas e as comunidades””, afirma. Assim, ignorar os problemas sociais pode ser uma ameaça à estabilidade e sustentabilidade das próprias corporações. “”Empresas prósperas pedem comunidades prósperas. Comunidades unidas e prósperas podem ser um trunfo para os negócios. Comunidades pobres e frágeis, um custo””, analisa.

E isso vale tanto para pessoas como para instituições, de acordo com Miguel Krigsner. “”Quanto melhor for a comunidade em que atuamos, tanto melhor será viver e trabalhar nela””, afirma. Ele acredita que os executivos brasileiros estão concluindo ser necessário que as empresas contribuam de forma mais consistente para mudar a realidade social do país. “”Uma contribuição que não deve ser feita apenas pela geração de empregos de qualidade e o pagamento de impostos, mas também por meio de políticas corporativas de inclusão social, do efetivo apoio à erradicação do trabalho infantil e à promoção da educação pública de qualidade, e do necessário respeito ao meio ambiente e à natureza, por exemplo””.

Mais informações sobre a pesquisa Corporate Reputation Watch (CRW) podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].

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