A importância da avaliação em iniciativas de investimento social privado já não é mais motivo de questionamento. Porém, será que todos os investidores se dedicam, realmente, a avaliar seus programas e projetos? E o que fazer com os resultados obtidos a partir das avaliações? São apenas dados ou eles se tornam conhecimento para transformações e novas posturas?

Diante deste cenário e a fim de colaborar com a qualificação do debate, o GIFE elegeu o tema da avaliação como uma de suas agendas estratégicas para os próximos anos. A instituição acredita que as práticas avaliativas fortalecem e ampliam a legitimidade do investimento social privado brasileiro.

Segundo Ana Letícia Silva, gerente de Articulação do GIFE, foi possível perceber entre os associados um esforço em avaliar suas práticas e sua atuação, tanto de forma mais pontual, avaliando projetos que desenvolvem na ponta e, em outros casos, considerando a avaliação como parte de estratégia organizacional, utilizando-a como retroalimentação para suas práticas.

“Acreditamos que o processo avaliativo, quando está bem estruturado e é utilizado para retroalimentação das iniciativas, ele fortalece as organizações e o sentido do investimento social privado”, ressalta a gerente.

Ana Letícia explica que a proposta do GIFE para este campo será a de analisar de que forma os processos avaliativos estão sendo estruturados e ajudar a criar formas e instrumentos de disseminar estas práticas para todo o setor do investimento social privado. Com isso, será possível colaborar com aqueles que têm interesse em realizar a avaliação, mas não sabem como fazê-la, e também facilitar os caminhos, otimizando tempo e recursos.

“Além disso, acreditamos que o tema da avaliação tem impacto direto em duas outras agendas estratégicas, que são a transparência e governança e a de comunicação. Isso porque, ao desenvolver processos avaliativos, é possível ter elementos para garantir uma melhor governança de suas práticas e ajuda a estabelcer um diálogo mais aberto com todos os atores com os quais a organização se relaciona”, destaca a gerente do GIFE.

Desafios a superar

Apesar dos avanços conquistados na área e a tendência de ampliação desta prática como estratégia para o investimento social privado, há ainda muitos desafios para o tema da agenda da “avaliação”, aponta Ana Letícia.

O primeiro deles seria o de estabelecer uma base conceitual comum aos investidores sociais, tendo em vista as várias visões sobre a temática, assim como garantir uma base de dados também comum e com qualidade para se realizar as avaliações. Os custos também são altos, pois trata-se de um trabalho bastante especializado e que precisa estar ancorado em suporte científico. Os processos avaliativos são longos e feito no varejo, o que aumenta ainda mais os valores.

Outro ponto central, na percepção da gerente do GIFE, é a qualidade das avaliações realizadas. “Avaliar simplesmente para encerrar um projeto, pode ser simples, mas se a proposta é ter abertura para utilizar o resultado da avaliação para dar os próximos passos de uma iniciativa, aí o processo é bem mais complexo”, explica.

Por fim, outro desafio a ser superado é a abertura das instituições em receber os resultados da avaliação, sejam eles quais forem. Isso porque há uma tendência em se avaliar apenas para apontar os bons resultados. “A pergunta é: você está preparado para dialogar sobre estes resultados e publicá-los, mesmo que não forem aqueles que estava esperando? Você tem abertura para que todos saibam das piores notícias? São questões como essas que precisam ser respondidas num processo avaliativo”, aponta Ana Letícia.

Planos para 2015

Entre as propostas de ação para esta agenda, o GIFE irá reforçar o tema no CENSO GIFE, a partir de um aprimoramento das questões referentes à avaliação no questionário. O objetivo é conseguir compreender em maior profundidade se os processos avaliativos têm trazido retorno para os investidores, como os resultados estão sendo utilizados, entre outros aspectos.

O GIFE passa a fazer parte também dos parceiros que realizam o Seminário Internacional de Avaliação, uma iniciativa das Fundações Itaú Social e Roberto Marinho, com apoio das Fundações Maria Cecília Souto Vidigal e Santillana e parceria técnica com as organizações MOVE e COMEA. Em 2014 o seminário ocorreu em agosto e, neste ano, também deve ser promovido no segundo semestre.

A ideia é ampliar ainda mais os diálogos entre associados e parceiros para identificar os principais desafios da avaliação e produzir recomendações para o setor sobre o tema, assim como dar mais visibilidade às práticas realizadas pelos associados, ampliando, assim o acesso aos conteúdos.

Dicas de materiais

Confira algumas publicações disponíveis no SINAPSE do GIFE sobre o tema:

· Avaliação para o Investimento Social Privado – Metodologias

· A relevância da avaliação para o investimento social privado

· A avaliação de investimentos sociais no setor privado

· Avaliação econômica de projetos sociais