Produção pretende pautar pessoas para Conferência da ONU

Por: GIFE| Notícias| 21/09/2009

Rodrigo Zavala

Com o objetivo de colocar a 15ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP 15), em Copenhagen, na agenda mundial, chega às telas o filme “”A Era da Estupidez””, cuja estreia será realizada amanhã, dia 22, simultaneamente em 40 países. Mais do que uma simples produção cinematográfica, o filme é parte de uma ação de conscientização ambiental para influenciar as decisões que serão tomadas, em dezembro deste ano, no evento.

Produzido, escrito e dirigido pela engajada cineasta Franny Armstrong (de Mclibel), o filme se passa em 2055, quando o planeta se tornou insustentável para a vida. Devastado pela poluição e o aquecimento global, o espectador é apresentado a um arquivista (Pete Postlethwhaite, ator de Em Nome do Pai), único sobrevivente e responsável por uma espécie de museu futurístico que concentra toda a cultura dos povos já desaparecidos.

“”Se eles podiam evitar, por que não fizeram nada para impedir?””, questiona-se, enquanto analisa em sua tela de computador os atuais (as cenas são de 2005 a 2008) indicadores do colapso ambiental que se dará em 2015 – ano da grande derrocada da humanidade, segundo o filme.

Pelas lentes de Franny, vemos, por exemplo, o depoimento de um escalador idoso de Mont Blanc, conhecido por suas neves eternas, na fronteira entre França e Itália. O personagem, que é real e pode ser encontrado, hoje, como guia local, reclama que, ano a ano, o gelo que deveria ser eterno tem desaparecido.

É a mistura entre ficção com documentário, que a diretora prefere usar para ser didática a quem vê. Na busca por personagens reais em diferentes continentes, ela ensina que estamos todos conectados e que é responsabilidade de cada indivíduo evitar a catástrofe.

Um dos retratos mais interessantes do filme é o do empreendedor indiano, Jeh Wadia. Com o discurso “”todos têm direito a viajar de avião””, seu objetivo é baratear as passagens de sua empresa para que todo o indiano possa voar. Sem criticar Wadia, Franny mostra a uma perversa lógica: todos têm direito a voar, mas ninguém pensa, e muito menos o empresário, no impacto causado pela emissão de carbono desses aviões, que levarão mais de um bilhão de pessoas pelos céus.

Outro ponto forte do filme, em que as críticas são mais audazes, é o acompanhamento do trabalho de empresas petrolíferas. Ao viajar a Nigéria, Franny encontra só descaso com a população local, apesar de uma famosa empresa ter responsabilidades legais frente às vilas que sua planta margeia.

Em uma das cenas mais dramáticas, uma moradora pesca seu alimento no rio poluído. Antes de levar o peixe ao prato, precisa lavá-lo com sabão em pó, para retirar óleo que vaza de forma contumaz no local.

Bem diferente de um longe e metódico documentário sobre o fim do mundo, “”A Era da Estupidez”” é um mosaico bem construído sobre avaliações e diagnósticos, que já foram plenamente utilizados em na palestra-padrão de Al Gore, no filme “”Uma Verdade Inconveniente”” (de 2006).

Com o filme, a diretora quer instigar o público a exigir que cada nação reduza as emissões de gases de efeito estufa, para que a temperatura do planeta não aumente 2º C e torne a vida insustentável no planeta. Seríamos nós tão estúpidos – como Franny quer nos mostrar – para decidir evoluir para o suicídio?

Distribuído no Brasil pela MovieMobz, o filme será exibido em sessão única nos cinemas de onze cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Salvador, Fortaleza, Juiz de Fora, Curitiba, Santos e Porto Alegre. Para informações sobre as sessões, acesse: www.moviemobz.com/aeradaestupidez

A cerimônia principal de lançamento de “”A Era da estupidez”” será em Manhattan, Nova York, apresentada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, a atriz Gillian Anderson (“”Arquivo X””). A noite terá ainda show de Thom Yorke, vocalista do Radiohead. Os produtores esperam que toda a energia utilizada no evento resulte em apenas 1% do carbono normalmente emitido em uma pré-estreia tradicional.

Os convidados serão recebidos com tapete verde e chegarão à festa através de transportes alternativos, como barcos, bicicletas, skates, veículos movidos a biodiesel de óleo de fritura e riquexós (táxis ecológicos de tração humana). Toda a energia utilizada no evento resultará em apenas 1% do carbono normalmente emitido em uma pré-estreia tradicional.

Com um orçamento de US$450 mil, “”A Era da Estupidez”” é uma produção independente financiada através da venda de cotas de participação para 223 indivíduos e grupos que se preocupam com a mudança climática.

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