A expansão da Inteligência Artificial trouxe diversas preocupações para profissionais de diferentes áreas, e, na educação, esse receio não foi diferente. Com o tempo, os docentes estão assimilando a nova tecnologia e buscando formas de adotá-la em suas práticas pedagógicas, especialmente para facilitar a produção de atividades escolares.

“A Inteligência Artificial otimizou meu trabalho. Antes, eu passava o dia inteiro planejando aulas, mas agora, com a ajuda da tecnologia, esse processo dura cerca de duas horas”, diz Gabriel Felipe de Carvalho da Silva, professor de Ciências da Fadeb (Fundação de Apoio e Desenvolvimento à Educação Básica), de Campo Grande (MS). “Com mais tempo livre, posso investir em formações, pesquisas, análises de textos, e outras atividades que auxiliam meu trabalho”, complementa.

O docente explica que, no início de sua carreira, enfrentou certa resistência em aderir às ferramentas digitais no planejamento e execução das atividades. “Eu tinha dificuldade em incorporar uma intencionalidade pedagógica nas minhas práticas. Assim como eu, muitos colegas têm essa dificuldade por estar nesse processo de transição do mundo analógico para o digital. Acredito que o receio em aderir às novas tecnologias decorre da falta de prática e, especialmente, da formação dos professores”, conta.

A busca por orientações sobre o uso da Inteligência Artificial motivou mais de 700 de profissionais de educação a se inscreverem no curso “IA para Educadores”, disponível gratuitamente no Escola da Fundação Itaú. O conteúdo foi lançado recentemente e já é a segunda formação mais buscada na plataforma, ficando atrás apenas da “Festejos Populares: Cosme e Damião”.

A formação acompanha a evolução da prática educacional, com foco no uso ético e responsável da Inteligência Artificial. Suas aulas orientam sobre como integrar a tecnologia ao cotidiano escolar, por meio de atividades pedagógicas, mais inovadoras e interativas. A formação, certificada, tem duração de 12 horas.

“É importante compreender que as novas tecnologias existem para colaborar com o trabalho do professor. Elas facilitam suas práticas administrativas, permitindo que os educadores se dediquem a planejar aulas mais personalizadas e oferecer apoio individualizado aos alunos”, explica Sonia Dias, gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social.

Tecnologia nas escolas

A utilização pedagógica da tecnologia é uma das principais exigências para garantir a qualidade de ensino, como apontou a 10ª onda da pesquisa “Educação na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias”. Ao todo, 21% dos responsáveis por alunos destacaram como prioridade a ampliação do uso das ferramentas digitais nas escolas, mesmo percentual que o da oferta de capacitação docente e da promoção de programas de reforço e recuperação para os alunos.

A professora de sociologia Sara Santana, da Fadeb, reforça a importância das redes de ensino ampliarem a oferta de dispositivos digitais na escola. “Os professores ainda têm à disposição recursos bastante limitados, como aparelhos de som, projetor e uma rede limitada de internet. Nesses casos, o uso da tecnologia se restringia a montar slides e organizar vídeos para apresentar em sala de aula.”

Segundo o Censo Escolar, 89% das escolas públicas têm internet, sendo que 75% são banda larga. Porém, apenas 30% possuem laboratórios de informática e 15%, projetor.

Escola da Fundação Itaú

A Escola Fundação Itaú é uma plataforma que oferece mais de 120 cursos gratuitos e certificados sobre arte, cultura e educação. Os conteúdos estão disponíveis em formatos autoformativos ou síncronos, com aulas ao vivo. Para acessá-los, basta se inscrever no site: fundacaoitau.org.br/escola.