Programa fomenta desenvolvimento local pela América Latina
Por: GIFE| Notícias| 28/11/2008Rodrigo Zavala
Capacitar e instrumentalizar pessoas e organizações de diferentes países para criarem estratégias de indução a transformações sociais comunitárias. Esse é o escopo do Programa de Desenvolvimento Local para a América Latina e Caribe, lançado no último dia 27, em São Paulo.
Desenvolvido pelo Senac de São Paulo, com apoio dos consulados do Chile, México e do Uruguai, e da organização transnacional Presença da América Latina (PAL), o projeto tem como foco investimento em capital social e na criação de redes sociais e governança local.
“”Mais do que um conceito, o desenvolvimento comunitário é valor, é melhorar a vida das pessoas. Sustentabilidade é a conexão entre elas, que têm sonhos e acreditam que é possível transformar sua realidade””, afirmou o coordenador da área de desenvolvimento social do Senac e idealizador da iniciativa, Jorge Duarte.
Passo a Passo
Pela proposta demonstrada por Duarte, o programa se apóia em quatro grandes eixos de trabalho. O primeiro é o de realizar, por meio de parcerias com governos e organizações similares ao Senac em cada país, uma série de capacitações pela América Latina voltada para representantes de movimentos sociais e gestores públicos.
O participante passa então a ter um papel de multiplicar a metodologia no seu local de atuação. Ela privilegia “”o desenvolvimento de competências profissionais, no aprender a aprender, a percepção analítica, o raciocínio hipotético e a solução sistemática de problemas, de modo a promover o saber, o saber fazer e o saber ser, condições básicas para a autonomia individual e participação coletiva””.
Em seguida, estimula-se a criação de uma rede social, em que os participantes das oficinas de qualificação passam a trocar experiências, seja de forma virtual, seja presencial. “”O que importa é o coletivo trabalhando junto. Não existem fórmulas, mas o compartilhamento de boas práticas é essencial para qualquer projeto em rede dar certo””, disse a presidente da PAL, Oriana Jará Maculet.
Em um terceiro passo, o Programa pretende trabalhar na construção de políticas migratórias, atuando conjuntamente às pastas governamentais que administram esse tema. Dessa forma, pretende promover órgãos paritários para a elaboração de políticas públicas para esse público, em especial a qualificação profissional para imigrantes.
“”Temos hoje uma configuração diferente nos países, com populações multiculturais, multiétnicas, transnacionais que não se reconhecem como de um só país. Isso é causado pelo alto fluxo de pessoas na região. Assim, qualquer política de desenvolvimento deve incorporar preocupações com a mobilidade urbana””, analisou a subsecretária de Política Migratória Internacional do Equador, Paulina Larreátegui.
Por fim, o programa trabalhará na realização de eventos, pesquisas e publicações, conjuntamente com organizações internacionais, sobre a temática latina. O objetivo deste quarto passo é produzir conhecimento. “”Afinal, o conceito de América Latina é estranho. Trata-se de um conjunto de países, nações? Existe uma cultura? O Brasil se insere da mesma forma que os países vizinhos nessa América Latina?””, provocou o especialista e consultor em desenvolvimento local, redes e sustentabilidade, Augusto de Franco.
Para ele, o programa é positivo porque vê nas redes sociais as múltiplas formas de realizar as mudanças que propõe. “”Aqui é preciso entender que as redes não são expedientes instrumentais para pescar pessoas e levá-las a trilhar um determinado caminho ou seguir uma determinada orientação. As redes farão coisas que seus membros quiserem fazer; ou melhor, só farão coisas conjuntas os membros de uma rede que quiserem fazer aquelas coisas””, argumentou.
Até 2018, o Senac e seus parceiros esperam ser reconhecidos, mundialmente, como instituições que contribuem para o desenvolvimento sustentável da América Latina e o Caribe, por meio da capacitação de lideranças em metodologias inovadoras. “”Existem inúmeras iniciativas no mundo que trabalham na promoção do desenvolvimento. Nosso diferencial está na metodologia de indução ao desenvolvimento com foco no investimento em capital social””, finalizou Jorge Duarte.
Histórico
Todo o trabalho tem como base as avaliações positivas ao Programa de Desenvolvimento Local, criado pelo Senac em 2004. Com o objetivo de melhorar as condições de vida e de convívio social de uma determinada localidade, a iniciativa já possui 41 redes sociais articuladas, incorporando cerca de 1000 organizações – com mais de 400 mil pessoas beneficiadas.
Ao todo, são 150 projetos elaborados (70% em implementação) em 40 bairros espalhados pelo Estado de São Paulo. “”Esperamos utilizar essa metodologia para capacitar pelo menos 40 pessoas de 15 países latinos até o final de 2009″”, acredita Duarte.
Outra meta estipulada no Programa é a criação do centro de tecnologia, “”em negociação com o Centro Internacional de Formação da OIT, Cities Alliance (ligada ao Banco Mundial), Consulados do Uruguai, Chile e México, UN – Habitat, Presença da América Latina, Resource Alliance – Inglaterra, OIT – Bolívia e Universidade de Quebec – Canadá””.
Conheça mais sobre o Programa de Desenvolvimento Local para a América Latina e Caribe.