Programas para jovens devem ser mais integrados

Por: GIFE| Notícias| 24/11/2008

Ações sociais para jovens devem ser mais sistêmicas, trabalhando as demandas do público de forma multisetorial. Mais do que isso, devem dar autonomia para que eles sejam protagonistas de suas decisões e participem da vida política, social e econômica do país.

As conclusões fazem parte da pesquisa “”Juventudes SP – Panoramas e Iniciativas com Foco na Juventude de SP””, realizada pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), por iniciativa da Comgás e apoio da Associação Cidade Escola Aprendiz. A obra mostra o que tem sido feito pelos jovens e, conseqüentemente, o que eles têm feito em suas cidades.

No levantamento, foram analisadas ações voltadas para jovens paulistas entre 15 e 24 anos de instituições sociais – incluindo os associados à Rede GIFE, como o Instituto Camargo Corrêa — o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e de instituições públicas, como o Governo do Estado de São Paulo. Além disso, também foram realizados contatos diretos com os responsáveis pelos projetos.

Entre as 546 ações identificadas em todo o Estado, 99 foram utilizadas para a mensuração. De acordo com os dados registrados, 93,9% realizam ações para o desenvolvimento de competências e habilidades para o mundo do trabalho; 51% realizam algum tipo de acompanhamento pós-formação; 64% preocupam-se em formar jovens empreendedores.

O destaque da pesquisa, no entanto, é a pulverização dessas ações. Há uma concentração de ações sociais na capital (62,6%), enquanto 32,3% têm sede no interior – 5,1% atuam simultaneamente nas duas regiões. Mais da metade dos projetos têm abrangência municipal, 21% apresentam abrangência comunitária, 11% são de alcance estadual, 10% atingem a região metropolitana do estado e apenas 4% são nacionais.

Segundo o estudo, sem articulação ou padronização, essas iniciativas podem padecer da falta de sintonia com os cenários regional, estadual e nacional, resultando em um risco à eficácia de seus resultados, mesmo que respondam a necessidades locais.

No lançamento do “”Juventudes SP – Panoramas e Iniciativas com Foco na Juventude de SP””, o jornalista Gilberto Dimenstein, idealizador da Associação Cidade Escola Aprendiz, afirmou que a explicação para isso se dá pela histórica desatenção ao segmento. “”A política pública para o jovem é a mais atrasada””, disse.

Fazendo coro ao jornalista, a representante da Coordenadoria de Programas para Juventude do Estado de São Paulo, Mariana Montoro, disse que o atraso das medidas públicas para a faixa etária é cultural. “”Não olhamos para política de modo transversal””.

Com base nessa constatação, a publicação aponta três desafios: constituir uma rede com função de dar suporte às escolhas e aos projetos dos jovens, articular as diversas organizações e elaborar um projeto conjunto no qual o poder público local e outros atores da sociedade civil participem da iniciativa de construir oportunidades para o público juvenil.

“”Trata-se de um estudo muito bem-vindo porque, apesar do foco crescente sobre o tema da juventude, ainda se faz necessário avançar muito na produção de conhecimento, informação, análise e reflexão. Pois, se podemos comemorar o crescimento do número e o alcance das ações dirigidas aos jovens nos últimos anos no nosso país, ainda há muito que avaliar a respeito do enfoque e dos objetivos que orientam essas ações. Por isso faz-se importante a análise crítica dos conceitos e das diretrizes que estruturam e são reforçadas por essas intervenções””, acrescenta a socióloga Helena Abramo, que assina o prefácio do livro.

Por que jovens?

O Brasil deixa de crescer meio ponto percentual por ano, em função dos problemas da juventude. “”Em 40 anos deixaremos de ganhar R$ 300 bilhões, 16% do PIB (Produto Interno Bruto)””, afirma a diretora-executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engels.

Diferentes pesquisas corroboram para essa visão. De acordo com o relatório Jovens em Situação de Risco no Brasil, divulgado pelo Banco Mundial em 2007, as taxas de desemprego excepcionalmente altas entre jovens de 16 a 24 anos resultam em rendimentos anuais perdidos de até R$ 1,2 bilhão.

Pelo levantamento, um em cada cinco jovens trabalha e estuda simultaneamente e 60% dos brasileiros entre 15 e 19 anos são trabalhadores não-pagos ou sem carteira de trabalho assinada. São dados preocupantes que terão um impacto extremamente negativo a curto e longo prazo.

Outra pesquisa, esta realizada pelo Ipea, mostrou que cerca da metade do total de desempregados no Brasil tem entre 15 e 24 anos. Segundo os dados do estudo, a proporção entre o número de jovens desempregados e o total de pessoas sem emprego no País era de 46,6% em 2005, a maior taxa entre os dez países pesquisados. No mesmo período, no México, esta proporção é de 40,4%; na Argentina, de 39,6%; no Reino Unido, de 38,6%; e, nos Estados Unidos, de 33,2%.

A pesquisa chama atenção também para a defasagem escolar. De acordo com o estudo, cerca de 34% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão no ensino fundamental, enquanto apenas 12,7% dos jovens de 18 e 24 anos freqüentam o ensino superior. Em suma, com o aumento da idade diminui a freqüência de jovens à educação escolar.

Com esse pano de fundo, o Instituto Unibanco promoverá nos dias 4 e 5 de dezembro, em São Paulo, o seminário “”A Crise de Audiência no Ensino Médio””. O evento terá como objetivo discutir o alto índice de evasão escolar entre jovens e os fatores que atraem e afastam o aluno do Ensino Médio.

O encontro reunirá secretários de educação, representantes do MEC, empresários, pesquisadores, profissionais de universidades e membros de institutos, fundações e ONGs, que farão um balanço dos indicadores da evasão escolar nos níveis local, regional e nacional, de forma a avaliar a dimensão do problema.

Veja programação completa do evento.

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