Projeto apoiado pela FEAC potencializa impacto social de jovens periféricos

Por: Fundação FEAC| Notícias| 31/07/2023
Projeto PerifaImpacto

O Projeto PerifaImpacto oferece uma jornada imersiva de consultorias, capacitações e acesso a recursos aos jovens para que se identifiquem como protagonistas.

Era 2020, o Brasil estava em uma fase crítica da pandemia de Covid-19 e milhares de famílias se encontravam em situação de insegurança alimentar. Em Campinas, Raissa Campos, de 23 anos, via essa realidade de perto e tinha o desejo de ajudar essas pessoas: ela saía de casa quase todos os dias para arrecadar alimentos e distribuir cestas básicas às famílias das periferias. Foi assim que ela deu início ao Projeto Alimentando Vidas (conheça o projeto no fim do texto).

Jovens como Raissa contribuem para as transformações sociais que beneficiam a população de territórios vulneráveis. São eles que vivenciam de perto os problemas e sabem propor as soluções mais eficientes. Para fortalecer as ações do seu projeto, Raissa decidiu participar no ano passado do PerifaImpacto, projeto realizado pela Casa Hacker e apoiado pela FEAC.

Ter acesso a recursos, seja para sustentar a iniciativa ou financiar ações, por exemplo, é um dos maiores desafios que coletivos, lideranças e Organizações da Sociedade Civil (OSC) da periferia enfrentam. A maioria (95%) tem dificuldades para financiar seus projetos, enquanto 31% se mantêm com menos de R$ 5 mil por ano.

Os dados constam da pesquisa Periferias e filantropia – As barreiras de acesso aos recursos no Brasil, produzida pela Iniciativa Pipa, que tem como propósito democratizar o acesso ao Investimento Social Privado, em parceria com o Instituto Nu, iniciativa de impacto social do banco digital Nubank.

Com isso em mente, o PerifaImpacto tem o objetivo de potencializar iniciativas de impacto social de jovens das periferias que resultem em transformações sociais em Campinas. O projeto inicia uma nova trilha formativa neste mês de julho.

A Fundação FEAC estimula a participação de jovens

A Fundação FEAC enxerga o potencial criativo das juventudes e, para incentivar sua participação, conta com parceiros estratégicos, OSC e coletivos, que atuam para contribuir com o rompimento das barreiras sociais, educacionais, econômicas, de raça e gênero impostas às juventudes periféricas do município de Campinas-SP.

“O Programa Juventudes visa fomentar a participação social e política dos jovens nos espaços de tomada de decisão. Investir na qualificação e no fortalecimento das iniciativas juvenis é uma forma de apoiar o engajamento dos jovens e contribuir com a redução das desigualdades sociais nos territórios”, diz Rodrigo Correia, coordenador do Programa Juventudes da FEAC.

O Projeto PerifaImpacto, liderado pela OSC parceira Casa Hacker com apoio da Fundação FEAC, oferece uma jornada imersiva de consultorias, capacitações e acesso a recursos aos jovens para que se identifiquem como protagonistas.

“O objetivo é desenvolver esses jovens para que eles se entendam como lideranças. A gente está usando ferramentas que são de conhecimento do mundo corporativo e criando conteúdos que consigam chegar até eles”, informa Ana Paula Cunha, especialista em economia criativa e coordenadora de projetos da Casa Hacker.

Como funciona o PerifaImpacto?

Coletivos formados por jovens de 15 a 29 anos de Campinas podem se inscrever no PerifaImpacto. O projeto é desenvolvido por uma metodologia própria da Casa Hacker e é dividido em duas fases com várias atividades.

A novidade desta edição é a Trilha Social Modo On, um curso on-line disponibilizado gratuitamente a todos que se inscreverem na jornada. É uma parte importante e necessária que ajudará a conseguir um lugar na segunda fase, de colocar em prática os aprendizados, chamada de Incubação.

Na Trilha Social Modo On, os coletivos e as lideranças aprendem sobre inovação social, elaboração de estratégias, gestão de equipe e Teoria da Mudança – uma ferramenta que acompanha o impacto de iniciativas. Eles também têm a oportunidade de adquirir conhecimentos com ex-participantes do PerifaImpacto e assistir a entrevistas com lideranças dos territórios de Campinas.

Depois de conquistar o certificado do curso, o coletivo ou liderança tem até o dia 31/7 para enviar o plano de ação do projeto e concorrer a uma vaga para a fase de Incubação. Chega, então, a hora de agir.

A Incubação oferece mentorias para criar estratégias, soluções e encontros presenciais com referências em impacto social. Os coletivos e as lideranças vão aprender a criar um projeto e gerenciar toda a estrutura necessária, como planilha de custo, cronograma de execução, indicadores de resultados e relatórios de atividades e de prestação de contas.

Eles também vão ter acesso a um investimento financeiro para a criação de um projeto de impacto em colaboração. Ana Paula explica que o plano é que compartilhem diferentes perspectivas, conhecimentos e habilidades.

“Assim eles conseguem aprender também a lidar com pensamento divergente, convergência, criação de um projeto coletivo e atuação em rede. A gente precisa mudar a lógica de que as pessoas olhem as iniciativas como concorrentes. A ideia é que as pessoas se olhem como colaboradores por uma causa maior.”

Para mais informações sobre o PerifaImpacto e se inscrever acesse www.casahacker.org/perifaimpacto.

Periferia como local de potência criativa

Coletivos e organizações da periferia não são apenas beneficiários do investimento, mas sim parceiros estratégicos no desenvolvimento socioeconômico e no combate às desigualdades sociais.

A pesquisa Periferias e filantropia – As barreiras de acesso aos recursos no Brasil aponta a necessidade de revisar os modelos de acesso a financiamento e descentralizar recursos do Investimento Social Privado para as periferias. Outro critério é questionar a diversidade da equipe que está repassando os recursos, como observa Gelson Henrique, cientista social e coordenador executivo da Iniciativa Pipa.

“Algumas estratégias para a democratização do Investimento Social Privado podem ser pluralidade nas equipes de gestão, avaliação, planejamento, execução de projetos e repasse de recursos. Uma mudança de pessoas que pensam para onde vai o dinheiro e que escutam as camadas que precisam tanto desses recursos”, diz.

O Projeto PerifaImpacto reconhece a periferia como local de potência criativa. Os coletivos e as lideranças jovens vão ter a oportunidade de entender seus direitos, aprender gestão financeira, formar uma rede com outros coletivos, conhecer especialistas, captar doações e desenvolver estratégias de comunicação.

“A juventude está em um lugar que tem muita vontade. Em relação ao desemprego são os jovens que mais sofrem e nos últimos anos passaram por todas as questões referentes à educação durante a pandemia. Eles estão precisando de direcionamentos e a gente acredita que ensinar essa visão de impacto é um diferencial. Mostrar que trabalhar com impacto social não precisa ser só uma vontade, pode se desdobrar em uma prática profissional”, explica Ana Paula Cunha sobre a intenção do PerifaImpacto.

Jovens atuam no combate à fome em periferias de Campinas

O interesse de Raissa em ajudar famílias de baixa renda nas periferias começou em 2019, quando ela e uma amiga foram convidadas por uma professora a participarem de uma ação de arrecadação de alimentos. Mas no primeiro semestre de 2020, durante a pandemia, a professora precisou se mudar de Campinas. Então, Raissa decidiu abraçar sozinha a missão e criar o Projeto Alimentando Vidas.

Atualmente, participam ao seu lado o irmão Aldinan Campos, de 18 anos, e seu namorado Vitor Veronezi, de 21 anos. Para conseguirem arrecadações, os três convidam moradores dos bairros a doarem alimentos e promovem ações em mercados.

No ano passado, o Projeto Alimentando Vidas foi um dos selecionados para participar da Incubação do PerifaImpacto. Foi uma oportunidade para Raissa e Aldinan aprenderem as metodologias necessárias para estruturar e aprimorar o projeto. Ela passou a ver o Alimentando Vidas com outros olhos graças ao PerifaImpacto.

“Não é só ter vontade de ajudar e colocar a mão na massa. Você tem que ter todo um preparo em lidar com as famílias. E a gente não tinha essa noção de estruturar verdadeiramente um projeto, saber das leis e do que as pessoas têm direito. Ter uma pessoa para te capacitar a enxergar as perspectivas técnicas daquilo que você está construindo faz toda a diferença para o sucesso da sua ideia”, Raissa conta.

O que encoraja a dedicação do Projeto Alimentando Vidas é o sentimento de gratidão que o grupo recebe das famílias beneficiadas. Muitas não esquecem como o projeto foi importante para garantir alimento em tempos difíceis e procuram ajudar de alguma maneira.

Para Raissa Campos não tem preço testemunhar o impacto que o projeto causa na vida das pessoas. “Não tem como mensurar. É gratificante demais, é uma sensação muito boa de ser importante. Muito mais do que estar numa sociedade vivendo a nossa própria vida, você está vivendo e cuidando da vida de quem está do seu lado, que às vezes está precisando e você nem sabe”, se emociona.

Quer se tornar voluntário do Projeto Alimentando Vidas? Preencha o formulário. Tem interesse em fazer uma doação? Entre em contato pelo Instagram ou no telefone (19) 98441-8484.

Glossário do empreendedorismo

Cada vez mais misturamos português com inglês no mundo dos negócios – o que traz também reflexos no universo do Investimento Social Privado. Termos do empreendedorismo que só existem em inglês são incorporados ao dicionário da língua portuguesa no formato original ou são “aportuguesados”. Já é até comum utilizar a expressão em inglês, mesmo existindo palavras correspondentes no português.

Para não se perder nesse mar de palavras e termos técnicos, conheça abaixo alguns termos populares do universo do empreendedorismo:

Aceleradora: empresa que investe em startups ou empreendimentos que já estão em operação e têm potencial para rápido crescimento.

Brainstorm: significa “tempestade de ideias”. É uma dinâmica que explora a criatividade das pessoas para novas ideias ou para solucionar um problema.

Benchmarking: processo de estudo da concorrência a fim de comparar ações e aprimorar estratégias.

Budget: orçamento.

Capital semente: é um tipo de financiamento para cobrir as fases iniciais do projeto, como a criação do produto, e incentivar seu crescimento.

Captação de recursos: também conhecida como fundraising, em inglês, é o plano de ação da iniciativa para obter recursos que ajudarão na realização do seu projeto.

Business Model Canvas: é uma ferramenta de planejamento utilizada na criação de um empreendimento que ajuda a visualizar as estratégias traçadas.

Crowdfunding: nada mais é do que a conhecida “vaquinha” no Brasil, termo designado para financiamento coletivo. Um grupo de pessoas investe recursos financeiros em uma iniciativa na qual está interessado.

Coworking: é um modelo de trabalho no qual o espaço e os recursos são compartilhados por diferentes empresas ou coletivos.

Hub: é um espaço, físico ou digital, que conecta diversas pessoas com interesses em comum. É uma oportunidade para fazer network, compartilhar ideias e obter inovação.

Incubadora: empresa ou organização, com apoio do poder público, que estimula os desenvolvimentos iniciais de pequenas iniciativas por meio de recursos.

Insight: momento no qual se compreende uma situação.

Investidor-anjo: investidor que acredita no potencial da iniciativa e oferece aporte financeiro, infraestrutura, contatos, entre outros recursos. Recebe um percentual do negócio em troca.

Network: criar e manter uma rede de contatos que podem resultar em oportunidades profissionais.

Negócio de impacto: empreendimento que tem como propósito solucionar um problema social ou ambiental de forma sustentável.

Pitch: apresentação da ideia e do potencial da iniciativa com o objetivo de gerar interesse para investimento.

Startup: uma empresa nova que tem potencial de crescimento. Se destaca no mercado por trazer ideias inovadoras, mas pode apresentar imprevisibilidade para se sustentar.

Por Pietra Bastos

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