Projeto Arte e Cultura leva 125 artistas ao palco no espetáculo A menina e o vento

Por: Fundação FEAC| Notícias| 13/11/2023
Créditos: Instituto Semear

Depois de Flicts (2016), Os saltimbancos (2017), Alice no país das maravilhas (2018) e Lampião e Lancelote (2019), o Projeto Arte e Cultura, parceria entre a Fundação FEAC e Organizações da Sociedade Civil (OSC) de Campinas, encenará neste ano A menina e o vento, de Maria Clara Machado, um clássico da dramaturgia brasileira.

Trata-se de mais um projeto grandioso. No palco, 125 artistas dançam, cantam e interpretam o enredo. Nos bastidores, uma profusão de recursos de maquiagem, figurino e objetos cênicos. Na plateia, que comporta 520 espectadores, os ingressos já estão esgotados para as duas apresentações previstas para os dias 30 e 31 de outubro, no teatro Oficina do Estudante, no Shopping Iguatemi, em Campinas. O público destes dias é formado, principalmente, por familiares dos artistas, parceiros e articuladores do projeto.

As duas apresentações do musical A menina e o vento encerram, em grande estilo, mais uma edição do Projeto Arte e Cultura e, no mês que vem, todos os participantes assistirão juntos à exibição da filmagem do espetáculo, na atividade Cine Pipoca.  

Projeto é realizado por sete organizações e financiado pela FEAC

O projeto é executado pela OSC Casa Maria de Nazaré, conta com a colaboração de outras seis OSC de diferentes bairros da cidade e é totalmente financiado pela Fundação FEAC. Sílnia Prado, coordenadora do Programa Fortalecimento de Vínculos, da FEAC, está à frente do projeto desde 2016 e atua como consultora junto às coordenadoras da iniciativa, em um processo de transferência de metodologia.

“Sempre acreditamos na força que a arte e a cultura têm para emocionar e conectar pessoas e comunidades. Para ampliar repertórios individuais e, ao mesmo tempo, reforçar a identidade de cada um. Este projeto nasce com todos esses propósitos”, conta Prado.

Responsáveis pelo dia a dia do projeto, a psicóloga Nicole Pacheco, coordenadora-técnica da OSC Casa Maria de Nazaré, e Valdirene Souza, também coordenadora da OSC, cuidaram de tudo relacionado com o espetáculo: cenografia, figurinos, maquiagem, lanches e transporte. Para Pacheco, que está há dois anos na condução do projeto, é fundamental promover inclusão e convivência intergeracional.

PALCO Atores e atrizes em ação no teatro Oficina do Estudante

Elenco intergeracional: idades variam de 10 a 84 anos

“A gente espera causar certo impacto e integração entre as pessoas. Ver idosos, jovens, crianças e pessoas com deficiência juntos, todos participando do projeto. E outra expectativa que a gente sempre tem é trabalhar a autoestima, o pertencimento e o protagonismo deles na própria vida”, explica.

Ela diz que após meses de trabalho, quando chega a hora dos ensaios gerais e do espetáculo, vem sempre uma surpresa maior, superando as expectativas iniciais. “Vemos crianças que eram muito tímidas e retraídas  no começo, e que no dia da apresentação estão superseguras, têm várias falas dentro do espetáculo, e isso reflete na vida cotidiana delas”, diz.

O espetáculo é uma criação coletiva, construído ao longo de dez meses por muitas mãos e protagonizado por pessoas com idades entre 10 e 84 anos. Todas são usuárias dos serviços de assistência social oferecidos por OSC de Campinas e integram grupos de dança, canto, dramaturgia e outras modalidades artísticas incentivadas pelas organizações  nos bairros em que atuam.

Além da Casa Maria de Nazaré, as OSC participantes na edição de 2023 são AAQQ – Associação Anhumas Quero Quero, ANA – Associação Nazarena Assistencial Beneficente, CPTI – Centro Promocional Tia Ileide – unidade Vila Mendonça, Instituto Semear – unidade Vila Olímpia, Progen – unidade Vila Bela e Semente Esperança.

De usuários do serviço social a artistas

O projeto se iniciou com a abertura de um edital pela Casa Maria de Nazaré para as instituições de Campinas participarem. A proposta era reunir organizações que atendessem públicos diversos: idosos, crianças, adolescentes, jovens, pessoas com e sem deficiência. Com as OSC participantes selecionadas, coube à diretora artística Daniela Fischer visitar e conhecer os trabalhos artísticos desenvolvidos nas OSC.

CAMARIM Parte do elenco se prepara para o último ensaio geral

A escolha da peça a ser encenada é feita coletivamente pelos votos dos próprios participantes. Após esta etapa, a diretora inicia a adaptação da peça e a montagem do espetáculo. No roteiro, inclui os números artísticos que selecionou previamente do trabalho desenvolvido em grupo ou individualmente nas OSC.

“No início, eles são usuários de um serviço da assistência e se veem dessa forma. Quando eles começam a participar do teatro, dos ensaios, eles de fato assumem a posição de artista. A gente percebe uma mudança de atitude e até na forma como eles próprios se veem”.                                        Nicole Pacheco, coordenadora-técnica da OSC Casa Maria de Nazaré

TURMINHA Crianças participam dos ensaios no teatro

O espetáculo traz muitos estilos e modalidades misturados. Conta com números de percussão, danças urbanas, danças clássicas, banda, coral, danças brasileiras. “São esses artistas que fazem o espetáculo acontecer”, diz Nicole Pacheco, observando que o resultado sempre supera a transformação esperada:

“No início, eles são usuários de um serviço da assistência e se veem dessa forma. Depois, quando eles começam a participar do teatro, dos ensaios, eles de fato assumem a posição de artistas”, compara a coordenadora. “A gente percebe a mudança de atitude até na forma como eles próprios se veem”.

Coragem, concentração e descobertas

CONCENTRAÇÃO Sabrina Batista, 12, repassando suas falas na peça

É o caso da estudante Sabrina Batista, 12 anos, usuária do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, do Instituto Semear,  e que é uma das intérpretes de Maria, a protagonista da história.

O seu maior desafio era superar a timidez. “É minha primeira vez e eu tenho de parar de ter essa vergonha com o público. Não quero mais ter isso!”, conta. Ela diz que o fato de ter todo um elenco junto com ela na apresentação ajuda. “Vai ser muito bom ter um montão de amigos para me acalmar. Eu amo todas as pessoas aqui”, diz ela, contando que sempre amou dançar.

A dança também é a alegria recém-descoberta do estudante Jhonata Ramos, 11 anos. “Descobri que a dança está dentro de mim”, diz ele.

Crédito das imagens: Instituto Semear

Por Natália Rangel

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