Duas iniciativas brasileiras que encontraram soluções criativas e sustentáveis para as cadeias de fornecimento do setor têxtil, podem se tornar referências mundiais na área em breve. Elas acabam de se tornar finalistas do desafio mundial “Tecendo a Mudança: Inovações para uma Indústria Têxtil Sustentável”, lançado pelo Instituto C&A, que representa a C&A Foundation no Brasil, em parceria com a Ashoka. A iniciativa visa trazer mudanças positivas para a indústria da moda em todo o mundo.

Dentre os 300 participantes – sendo que 65 eram iniciativas brasileiras – de 55 países que se inscreveram no concurso, foram selecionados dez projetos para esta fase em quatro categorias: “Principal”; “Inscrição antecipada” – para quem se inscrever até 21 de outubro; “Jovem Changemakers” –  voltado para jovens entre 18 e 24 anos; e “Jovem Blogueiro” – pessoas com voz ativa, que captem os desafios desta indústria, destaquem soluções e inspirem outras pessoas a transformarem a moda em uma força para o bem comum. Os brasileiros estão concorrendo na categoria “Principal”.

“Estamos muito felizes de saber que dois projetos nacionais chegaram à final desse desafio. Todos os trabalhos possuem um grande potencial transformador da cadeia têxtil mundial e, independentemente do resultado, já podemos considerar que são vitoriosos”, afirma a diretora executiva do Instituto C&A, Giuliana Ortega.

O primeiro projeto de destaque é “Alinha: tecnologia para a cadeia da moda”, uma  plataforma online focada na aceleração de oficinas de costura e no aumento de sua visibilidade para o mercado. A proposta é colaborar para a melhoria das condições de trabalho na cadeia da moda com foco no apoio ao empreendedorismo. Para isso, a Alinha oferece às oficinas auxílio para formalização; cursos de empreendedorismo; orientações sobre acesso a microcrédito; indicações técnicas de enquadramento da infraestrutura; entre outros.

A segunda iniciativa finalista é o “Banco de Tecido”, um espaço físico e digital para comercialização de cortes de tecidos por quilo, tendo em vista o fato da indústria têxtil jogar fora toneladas desse material durante a produção de roupas. No Banco, as pessoas podem depositar seus tecidos, sacar outros em troca ou comprar a quantidade que precisa. Além do preço, a vantagem é que o acervo conta com tecidos exclusivos e antigos, que não podem ser encontrados no comércio tradicional. Os criadores da iniciativa destacam ainda que o Banco oferece, assim, uma solução criativa para quem está buscando se adequar à Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Próximos passos

Em maio, as duas iniciativas brasileiras, junto com as demais finalistas, irão participar da Conferência Fabric of Change, que acontecerá na Dinamarca, junto ao Copenhagen Fashion Summit. Na ocasião, terão a oportunidade de realizar um workshop para troca de experiências e também aprender dicas sobre como desenvolver seus projetos de forma mais efetiva.

Os projetos serão convidados a apresentar seus trabalhos aos líderes da indústria durante a conferência e, para isso, receberão apoio da equipe do Changemakers na construção da narrativa e apresentação de suas iniciativas e um feedback detalhado do painel de jurados especialistas. As propostas serão avaliadas sob o ponto de vista do impacto social, da inovação e da sustentabilidade organizacional.

No evento, serão anunciados os oito vencedores que receberão prêmios que, no conjunto, totalizarão até R$ 400 mil. Os recursos deverão ser investidos nas iniciativas, para que as soluções possam ser testadas, aprimoradas ou reaplicadas.