Promover igualdade de oportunidades para a mulher é fazer investimento social estratégico

Por: GIFE| Notícias| 01/03/2004

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

No próximo dia 16 de março, o GIFE, o Fundo Angela Borba e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) realizam o encontro Empresa, Investimento Social e Gênero: O Papel da Mulher no Mundo Corporativo. Com o apoio da Fundação Ford e do Instituto Synergos, o evento é voltado a empresários e diretores de empresas e acontece no auditório da Firjan (Av. Graça Aranha, nº 1, 3º andar, Centro, Rio de Janeiro), das 9h às 12h.

Visando a ampliar a sensibilização das empresas para as questões de gênero, importantes representantes femininas dos setores público e privado estarão reunidas para quatro palestras. Elas falarão sobre a transformação social da gestão a partir da maior participação das mulheres no mundo corporativo, as políticas públicas e a relação entre as práticas de investimento social privado nas questões de gênero (confira a programação completa).

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (11) 3849-2022, ramal 15.

Desenvolvimento – Nas últimas décadas, diversas conferências mundiais levaram a resoluções internacionais que estabeleceram a igualdade de gênero como fundamental ao processo de desenvolvimento global. “”Concomitantemente, evidenciou-se que para atingir esse desenvolvimento, estabelecido pelas Metas para o Milênio, a participação da mulher em todas as etapas do processo é chave””, afirma Cindy Lessa, diretora para o Brasil do Instituto Synergos.

Uma pesquisa lançada no final de janeiro pela ONG norte-americana Catalyst – que atua com análise e consulta sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho – mostrou que empresas com maior número de mulheres em sua cúpula têm uma performance financeira em média 35% melhor do que aquelas com pouca ou nenhuma mulher no comando.

No entanto, de acordo com a diretora-presidente da Fundação Iochpe, Evelyn Ioschpe, o êxito de um projeto social não deve ser regido pelos mesmos parâmetros do setor de negócios, no qual se afere resultado pelo lucro. “”No terceiro setor, o influir é quesito básico para obter resultado. É preciso encantar corações e mentes para mobilizar comportamentos e assim gerar mudança social””, declara.

Ela lembra que existem mulheres e homens eficientes e ineficientes, e a questão é buscar impacto social, criação de capital social. “”As mulheres tem uma intuição em relação ao ser humano que possivelmente facilita a empatia com o outro, questão básica para sermos efetivos na área social.””

Obstáculos – Esse pode ser um dos motivos pelos quais o setor social, segundo Ilona Becskeházy, superintendente da Fundação Lemann e conselheira do GIFE, tende a aceitar e valorizar muito mais as mulheres do que o setor corporativo. Ela não vê muitos obstáculos para a atuação feminina na direção de projetos sociais. “”A não ser pelo fato de que geralmente eles exigem muito do tempo das profissionais e, infelizmente, elas ainda têm a maior parte da responsabilidade sobre a família e a casa.””

Ilona acredita que tanto o investimento social privado quanto o público devem dar ênfase inicialmente a mudar uma cultura preponderante. “”Ainda temos no Brasil, uma forte cultura de que as mulheres pertencem a seus pais e maridos. Como isso está presente em todos os níveis da sociedade, vai demorar muito para mudar se contarmos apenas com ações corretivas e políticas públicas locais””, afirma.

Evelyn Ioschpe ressalta que, historicamente, as mulheres têm menos acesso a cargos de gestão em quase todos os domínios, sendo também remuneradas de maneira inferior aos homens, e encontram mais obstáculos para atuar na direção do que quer que seja. Ela conta que não há nenhuma evidência científica a respeito, mas a vivência deixa a impressão de que este padrão cultural se confirma, mesmo no terceiro setor.

Por conta disso, todo e qualquer investimento em projetos que promovam a igualdade de oportunidades e a cidadania das mulheres, além de propostas de desenvolvimento em que elas exerçam um papel de liderança, segundo Cindy Lessa, são investimentos sociais estratégicos.

“”A conclusão lógica é que todo o investimento social privado deve alinhar-se a estes valores, mesmo quando seu foco é outro. Além disso, tão importante quanto a igualdade de oportunidades para mulheres, é sua perspectiva nos processos de mudança social. Maior investimento em projetos que lidam com a questão de gênero naturalmente promoverá mais mudança social. É importante desenvolver formas para melhor avaliar se os programas levam em conta a perspectiva de gênero. Incluir mulheres em processos decisórios, especialmente nas estratégias de investimento e na seleção de projetos, é um caminho””, avalia Cindy.

Empresa, Investimento Social e Gênero: O Papel da Mulher no Mundo Corporativo
Terça-feira, 16 de março de 2004, a partir das 9h
Inscrições gratuitas
Realização: GIFE, Fundo Angela Borba e Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan)
Local: Auditório da Firjan (av. Graça Aranha, nº 1, 3º andar, Centro, Rio de Janeiro)
Informações: [email protected] ou pelo telefone (11) 3849-2022, ramal 34

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