Recursos internacionais para a área social começam a deixar o país

Por: GIFE| Notícias| 15/04/2010
Organizações sociais brasileiras que dependem de capital estrangeiro para se manter devem estar atentas às novas regras da filantropia global. Segundo recente pesquisa divulgada pelo Instituto Fonte, os investimentos estrangeiros para o terceiro setor nacional devem cair 49,4% de 2009 para 2010.
Na prática, os recursos passarão de R$ 9 milhões por organização financiadora para R$ 4,6 milhões. Segundo Neylar Lins, representante da Fundação Avina, a principal razão para o fenômeno seria o recente desenvolvimento econômico do Brasil, que teria feito do país alvo de ações menos emergenciais.
A pesquisa, intitulada “Investigações sobre a conjuntura dos investimentos das organizações internacionais no campo social brasileiro no período de 2008-2010”, foi tema de debate durante a mesa “Bye Bye Brazil: as ONGs diante da saída dos recursos internacionais”, realizada durante o 6º Congresso GIFE de Investimento Social Privado, nos dias 8 e 9 de abril, no Rio de Janeiro.
Apesar da grande dificuldade na coleta de dados fidedignos e até de dificuldades como o uso de uma taxionomia comum, os dados demonstrados pelo Instituto Fonte demonstram uma nova dinâmica na filantropia mundial.
Além da queda prevista para este ano, a pesquisa constatou que já ouve redução no número de instituições que financiam projetos brasileiros entre 2009 e 2010. Das 30 que informaram os investimentos entre 2007 e 2010, 17% reduziram o montante entre 2007 e 2008 e 43% entre 2009 e 2010. Nesse grupo, apenas 1% das organizações estrangeiras aumentaram os recursos, contra 17% entre 2007 e 2008.
O presidente da Associação Brasileira e Captadores de Recursos, Marcelo Estraviz, alerta para um panorama perverso: a falta de cultura de doação no país como problema para o caso da falta dos atuais recursos internacionais.
No entanto, o diretor presidente do Fundo Brasil de Direitos Humanos, Sérgio Haddad, acredita que, embora as mudanças no setor sejam inegáveis, não necessariamente está havendo uma retirada sistemática desses investidores. “Mesmo que o Brasil se torne uma grande potência econômica, ainda sofrerá da má distribuição de recursos e do alto grau de injustiça social”, acrescentou.
Quem corrobora para uma visão menos dramática do setor é o presidente do Foundation Center, Bradford Smith. De acordo com ele, uma pesquisa similar realizada por sua organização – com base no mesmo período da divulgada pelo Instituto Fonte – mostra o que chamou de um “crescimento dramático dos fundos destinados ao Brasil por fundações americanas”.
Smith demonstrou que, embora a América Latina não seja uma prioridade dessas instituições e apesar da variação cambial, o valor total doado deu um salto de 38 milhões em 2008 para 44 milhões de dólares no ano passado.

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