Redes, dinheiro e significado

Por: GIFE| Notícias| 27/02/2013

Harald Katzmair e Chet Tchozewski*

O mantra da década passada foi “redes”. Mas o que as redes realmente significam para o trabalho filantrópico e o que os filantropos podem fazer para as redes? O que elas prometem? Qual o tipo de investimento necessário para usar o “poder das redes”?

O problema que enfrentamos fica mais grave a cada dia e os custos de oportunidade de onde colocamos nosso dinheiro têm aumentado.

Chet Tchozewski

Os últimos 20 anos deram aos cientistas de rede das áreas de sociologia, ciência da computação, física, biologia e ecologia um grande conhecimento sobre a natureza das redes. Nesta edição especial, alguns dos representantes mais ilustres do mundo da ciência, administração e filantropia compartilham seus conhecimentos. Os próprios editores convidados reúnem estes mundos diferentes.

O que são as redes e o que elas fazem?

Então, o que são redes? De uma forma bem simples, tudo que é feito de relacionamentos pode ser chamado de rede. As pessoas trabalham juntas ou não, trocam informações ou não, são amigas, inimigas ou indiferentes umas às outras, acreditam nas outras ou não – todas essas relações formam o que pode ser descrito como uma rede. Há um número infinito de transações positivas, negativas ou neutras dessa espécie, além de haver relações tanto no mundo humano quanto no não humano.

Por que os filantropos devem se preocupar com essa complexa rede de interações? Primeiro, as redes talvez sejam o fator mais importante na sobrevivência econômica e na felicidade dos seres humanos. Os humanos literalmente não são capazes de viver sem redes sociais e nós, como filantropos, devemos cuidar daqueles que são privados do capital social que essas redes oferecem. Mas há um motivo mais funcional para nos interessarmos em entender as redes: nós investimentos recursos para alcançarmos nossas metas filantrópicas, mas a eficiência destes recursos depende de uma rede de pessoas que estabeleça as metas certas, defina as tarefas corretas, identifique e responda às oportunidades, trabalhe em conjunto até mesmo em ambientes difíceis. Quantos projetos falham porque as pessoas não cooperam por causa de rivalidades, ou de uma mentalidade ou crença errada no “se vira para fazer”? Quantos projetos empacam por causa da falta de abertura e inovação? Quantos recursos são desperdiçados porque os projetos nunca atingem uma massa crítica?

Um artigo publicado recentemente no New Yorker descreve uma tendência a equipes em rede. Uma análise de quase 20 milhões de documentos acadêmicos revistos aos pares e 2.1 milhões de patentes nos últimos 50 anos mostrou que os níveis de trabalho em grupo aumentaram em mais de 95% das subáreas científicas. “Os estudos mais citados em um campo geralmente eram produto de um gênio solitário, como Einstein ou Darwin. Hoje em dia, independentemente de se os pesquisadores estão estudando física da partícula ou genética humana, os estudos científicos de vários autores recebem mais de o dobro de citações do que os trabalhos de autores individuais”. [1]

Quando falamos sobre redes, estamos falando literalmente da infraestrutura social do sucesso filantrópico. Não é uma questão de escolha: você não pode não ter uma rede, assim como você não pode não se comunicar. Mesmo que você não goste de alguém, esse não gostar cria um vínculo negativo – pense sobre a carga relacional por trás do ressentimento, da inveja ou da competição. Nós podemos gerenciar esta rede ou não, mas ela terá impacto sobre o desempenho e o resultado. Você pode colocar quanto dinheiro quiser em uma rede: se ela não funcionar bem, seu dinheiro vai se evaporar sem gerar qualquer impacto sustentável.

Aqui não estamos nos referindo à tecnologia de rede ou mídia social (Facebook, Twitter, Wikis, etc.), apesar de a tecnologia poder ajudar a apoiar as redes, reduzindo os custos de transação. Nós estamos falando de uma grande variedade de relacionamentos e interações entre pessoas e organizações. Agora, pense sobre as dificuldades que enfrentamos. Os investidores esperam mais em menos tempo; os recursos são escassos; todos estamos expostos a limitações, pressão e, às vezes, a dramas. Assim, uma das principais questões nesta edição especial é: como podemos apoiar o surgimento de redes robustas, adaptativas e resistentes à pressão, que sejam capazes de gerar valor filantrópico sustentável, permanecendo abertas a novas oportunidades mesmo em um ambiente de rápidas mudanças?

As variáveis do sucesso

Nas últimas duas décadas, a ciência de rede contribuiu significativamente para nosso entendimento das forças motrizes das redes resilientes e adaptativas. Correndo o risco de simplificação, vamos dividir as conclusões em duas variáveis de sucesso: primeiro, a quantidade de oportunidades para que as pessoas e os parceiros criem valor em conjunto. A diferença e a variedade produzem oportunidades. Quanto mais recursos passam pela rede, maior a probabilidade que uma rede diversa se estabeleça autonomamente. Assim, a diversidade é, ao mesmo tempo, uma causa e um sintoma da riqueza de recursos que “abastecem” a rede com energia. Por outro lado, quanto maior a identidade compartilhada, os valores e metas que os parceiros têm em comum, mais forte é a rede. Uma finalidade comum e histórias compartilhadas não só criam identidade, mas também desenvolvem confiança, um dos meios mais importantes para reduzir os custos de transação em uma rede. Então, há uma correlação entre o componente transacional e o relacional em uma rede, onde o denominador comum é a quantidade de confiança entre os parceiros da rede.

Uma tipologia
De forma simples: quando falamos de redes efetivas e eficientes, falamos de dinheiro e significado. Uma rede onde as pessoas não compartilham qualquer história comum, e onde não há recursos, é uma rede fadada a não durar muito – é como um caso passageiro ou um encontro aleatório (rede tipo 3).

Legenda:
Grande
Quanto você dá
Pequena
Alto
Dinheiro
Baixo
1. Relações de Negociação (Rede de Aberturas Estruturais)
2. Relações Resiliente (Rede de Desdobramentos Estruturais)
3. Sem Relacionamentos (Rede Isolada)
4. Relacionamentos Tribais (Rede de Encerramento) *
Baixo
Significado
Alto
Pequeno
Por quanto tempo você dá
Longo

Tipos de relacionamentos e redes

Agora vamos pensar em outra constelação de dois parâmetros: dinheiro (recursos) e significado (identidade e metas compartilhadas). Na rede de tipo 1, você tem muitos recursos e oportunidades, mas não tem valores e metas compartilhados. As redes deste tipo são dominadas por relações utilitárias de negociações entre “estranhos” que vêm de mundos diferentes, geralmente organizados ao redor de um único ator focal que distribui ou administra os recursos (por exemplo, o principal contratante ou o principal doador em projetos). Depois que o dinheiro é gasto ou a negociação é feita, o relacionamento se dissolve.

Se isso é bom ou ruim depende da meta. Se você quiser resolver um problema rapidamente e atrair peritos para determinadas tarefas, as redes de abertura estrutural funcionarão bem. Elas criam pontes com outros mundos e expõem os membros da rede a novas ideias e oportunidades. No geral, o risco das redes com base em negociações é que as pontes são frágeis e as pessoas colocam seus próprios interesses em primeiro lugar. A filantropia parece caminhar cada vez mais para este tipo de relacionamento de negociação de curto prazo e o valor está ficando mais importante do que os valores. Em uma perspectiva de rede, isso significa que a força destes vínculos está diminuindo e o risco de fragmentação depois da corrida do ouro está aumentando demais.

Vejamos a rede tipo 4. Aqui as pessoas compartilham vários propósitos comuns, mas não têm oportunidades e recursos. Isso parece familiar? Para muitas comunidades sem fins lucrativos esta é a realidade diária. Como os recursos são limitados, há uma tendência natural a criar fronteiras na comunidade para evitar concorrência. O que você tem são pequenas redes mundiais parecidas com tribos, que têm pouca ou nenhuma conexão entre si, como costuma ocorrer com movimentos sociais isolados. Algumas comunidades sem fins lucrativos mais bem estabelecidas tendem a evitar a colaboração com outras organizações sem fins lucrativos. Esta tendência é simplesmente uma resposta à falta de recursos. A grande concorrência pelo dinheiro do doador move as redes para o tipo 3 (concorrência entre as pessoas) ou, quando há um significado compartilhado considerável, para o tipo 4 (concorrência entre comunidades tribais, movimentos sociais ou organizações).

Aproveitando as oportunidades inesperadas

Esta tipologia mostra claramente o enorme impacto que os investimentos filantrópicos podem ter sobre a estrutura das redes e os relacionamentos entre e dentre elas. O fluxo constante de entrada de recursos pode transformar uma rede tribal (tipo 4) em uma rede resiliente, com relacionamentos profundos e colaboração flexível entre as fronteiras (tipo 2). Este é o tipo ideal de rede se você quiser criar uma rede sustentável, autônoma, com capacidade de criar valor e aproveitar as oportunidades inesperadas. Muitos ativistas de movimentos sociais e acadêmicos acreditam que prever e responder efetivamente às oportunidades políticas inesperadas é o principal fator para criar a mudança social. A filantropia pode ajudar os movimentos sociais a aumentarem essas oportunidades inesperadas, construindo antecipadamente relacionamentos de confiança em redes flexíveis.

O Arab Spring abunda em exemplos de organizações altamente confiáveis que conseguiram controlar quantidades muito pequenas de recursos para realizar grandes mudanças políticas e sociais depois de formarem uma rede flexível – desde instrutores de não violência na Academia de Mudança, até a Irmandade Mulçumana altamente disciplinada. Quando estas diversas organizações independentes encontraram seu significado comum, elas conseguiram consolidar recursos em uma rede flexível, com resultados vigorosos.

Nenhuma rede é bem sucedida sem dinheiro e significado

É claro que o dinheiro importa. A experiência mostrou claramente que você não pode moralizar organizações famintas por colaboração. Se os investidores quiserem incentivar maior colaboração entre as pequenas organizações para levantar recursos, a chance de sucesso aumentará se eles se comprometerem com investimentos em médio e longo prazo, evitando fusões utilitárias de curto prazo. Mas dar mais dinheiro só funciona se os beneficiários puderem passar a uma nova narrativa e identidade comuns. É difícil abrir mão da própria história tribal antiga, mas para trabalhar em grandes redes é necessário que os membros se sintam parte de uma nova identidade comum.

Saber que há um caminho comum diante de nós muda completamente a percepção de custos e retornos. Em uma rede com base em negociação, os parceiros querem retornos imediatos. Mas construir confiança leva tempo. As redes sem um significado comum irão à ruína em tempos de pressão, devido à falta de união. As redes resilientes se unem em tempos de crise, porque os valores comuns significam que os parceiros se ajudam através do acesso a diferentes recursos e soluções. O melhor investimento em um futuro incerto é feito em um portfólio de diversas relações de longo prazo. Sem um significado comum, nenhuma rede resiste à pressão no longo prazo. As redes com base em negociação só oferecem uma solução em curto prazo.

Uma abordagem de portfólio

Os investimentos filantrópicos devem passar do compromisso de curto prazo para o de longo prazo? Depende do que você quer fazer. As redes de abertura estrutural são o caminho certo para consertar rapidamente os problemas. E também se você quiser conscientizar e divulgar. Criar pontes rapidamente para espalhar a ideia é mais importante do que a lenta criação de vínculos. Mas se você quiser ser realmente transformador, não há outra opção a não ser os compromissos de médio e longo prazo. Uma abordagem de portfólio permite que você faça doações pequenas e em curto prazo, para ativar e iniciar a formação de redes para tarefas específicas, assim como grandes doações em longo prazo para fomentar redes resilientes e adaptativas com uma forte identidade, que também conecta os mundos.

A filantropia pode fazer uma grande diferença na criação e modelagem das redes, que precisam tanto de dinheiro quanto de significado. E estes elementos precisam ser administrados.

Administrando dinheiro e significado

Como administrar o capital transacional (dinheiro) e relacional (significado) em uma rede? Toda relação em uma rede tem seu próprio ciclo, assim como nossas relações amorosas: você encontra alguém, se apaixona, tema lua-de-mel, vem a rotina. Para manter o relacionamento vivo você precisa renová-lo ao até mesmo reinventá-lo. O mesmo é válido para cada vínculo em uma rede e para a rede como um todo.

Como a rede pode manter e renovar sua capacidade de produzir valor e ser valiosa para os membros da rede? A ciência da rede no campo de ecologia dos sistemas mostrou que o segredo das redes saudáveis capazes de crescer e se desenvolver por um longo período é o que pode ser chamado de “instabilidade estável”. Você precisa de um grupo com pessoas diferentes o bastante para às vezes surpreenderem ou até mesmo perturbarem umas às outras, mas que tenham muito em comum e compartilhem de uma meta comum.

Em empresas incipientes bem sucedidas, normalmente temos o fundador / empresário carismático que começa o projeto, mas logo se entedia. Então, você precisa de um gerente para criar a estrutura e os processos de escala, mas eles tendem a se tornar burocratas. Você precisa de vendedores sedutores, que fechem os negócios, mas que tendem a vender produtos que ainda não foram desenvolvidos e, portanto, são odiados pelos engenheiros. Você precisa de alguém que pense “fora da caixa” e que apresente novas soluções o tempo todo, mas que está sempre querendo mudar tudo, o que deixa as pessoas loucas. Acima de tudo, você precisa dos investidores, mentores e membros da diretoria que fornecem o capital inicial e bons conselhos. Então, há diferentes papéis e diferentes tensões, mas se a finalidade for grande o bastante e as forças conflitantes se concentrarem na meta, você tem uma rede poderosa e resiliente.

Significado e dinheiro em primeiro lugar, tecnologia depois

Administrar a ambiguidade e a desigualdade é, portanto, o principal desafio para uma rede. A diversidade sempre quer dizer atrito e atrito gera calor. Quando não há calor, não há trabalho nem impacto. E, é, claro, todas as modernas tecnologias sociais como Wikis, Twitter e Facebook, que ajudam a administrar a desigualdade na rede, dando visibilidade às coisas e tornando-as mais acessíveis (a visibilidade sempre gera confiança!), devem ser aplicadas onde e sempre que possível!

Mas as mídias sociais não são uma panaceia. Em muitos aspectos, elas são muito úteis, mas nenhuma tecnologia do mundo pode consertar uma combinação errônea de personalidades ou papéis, uma falta de recursos ou uma falta de visão e intenção comuns. Como Malcolm Gladwell observa em seu renomado artigo no New Yorker, “Pequena Mudança: Por que a revolução não vai ser tweetada”, os fortes vínculos entre as pessoas são essenciais para o sucesso do ativismo de alto risco, que leva à mudança social fundamental. Doug McAdam, sociólogo de Stanford, documentou este “fenômeno de fortes laços” no Freedom Summer, seu estudo sobre o ativismo de alto risco e comprometimento, que muitos acreditavam ter levado ao eventual sucesso do movimento dos direitos civis nos EUA nos anos 60.

Você não começa a construir uma rede criando uma plataforma com base em tecnologia. A tecnologia ajuda a reduzir os custos de transação e sincronizar o comportamento, assim economizando recursos, mas não pode substituir a falta de valores e do valor. A forma mais sustentável e eficaz de reduzir os custos da transação econômica é criar confiança. A tecnologia sempre terá um importante papel de suporte, mas não pode ser um condutor principal neste sentido. Segundo Gladwell, o “Facebook e similares são ferramentas para construir redes que, em estrutura e natureza, são opostas a hierarquias. Diferentemente das hierarquias, com suas regras e seus procedimentos, as redes não são controladas por uma única autoridade central. As decisões são tomadas por consenso e os laços que ligam as pessoas ao grupo são frouxos”.

Hierarquias e redes

Gladwell diz, ainda, que “os obstáculos das redes pouco importam se a rede não tiver interesse na mudança sistêmica – se só quiser ameaçar ou humilhar, ou fazer onda – ou se não precisar pensar estrategicamente. Mas se você estiver interessado em uma instituição poderosa e organizada, você precisa ser uma hierarquia”.

Entender a necessidade de vincular organizações hierárquicas e redes autônomas foi fundamental para a estratégia de fundação do Fundo Global Greengrants – pioneiro na filantropia de pequenas doações para mudança ambiental e social. Em princípio, o Greengrants foi estruturado para unir as forças opostas da hierarquia, para levantar fundos e criar redes de financiamento. Para agregar fundos, o Greengrants atingiu as redes de elite das fundações financiadoras, como a Environmental Grantmakers Association e o Consultative Group on Biological Diversity. Para a estratégia de financiamento, ele buscou as organizações de base através das redes globais de ONGs ambientais existentes, como a Rainforest Action Network, Friends of the Earth e o Earth Island Institute. À medida que evoluiu, o Greengrants virou, por um lado, uma filantropia semiclássica de agregação de fundos nos EUA e, por outro lado, uma rede global de distribuição radical, baseada em confiança, para doações estratégicas de base. O surgimento concomitante da Internet facilitou os dois lados, ao permitir uma comunicação rápida, clara e global, além de baixos custos de transação.

A importância das pessoas

Até agora falamos sobre duas variáveis de sucesso – dinheiro e significado -, mas gostaríamos de acrescentar uma terceira variável à nossa fórmula para redes eficazes: personalidades complementares.

Rede Efetiva = Dinheiro + Significado + Personalidades Complementares

Na prática, significa que um investidor filantropo deve entrar em cena assim que possível, para ver se há diversidade e variedade suficientes entre os membros da rede, ou se são muito parecidos no que sabem fazer. Para isso, não vemos outra opção a não ser você encontrar pessoalmente com os membros, ou pedir a alguém de confiança que promova este encontro em seu nome. Isso é válido se você quiser avaliar a rede interna de uma organização, ou uma aliança ou coalizão entre diferentes organizações.

Além disso, considere a força da história, do significado. As ideias podem ser uma verdadeira fonte de energia que ajuda uma rede a superar uma crise ou uma redução nos recursos em curto prazo. E decida, segundo sua meta, como alocar seus investimentos – longo ou curto prazo e quanto. Em termos de formação de rede, este é um momento estratégico fundamental. Ao decidir sobre o cronograma e a quantidade, você não está apenas ajudando as pessoas a trabalharem para o bem: você está influenciando em que tipo de rede elas se transformarão.

Se você precisar de ajuda neste processo de decisão, o mapeamento de redes sociais com base na ciência pode ajudar a ver a saúde e a forma de uma rede. Os gráficos de rede social mostram como as pessoas estão conectadas. Você pode ver, como em um raio-X, a forma ou o tipo de uma determinada rede e se a forma está alinha à meta. Se não estiver, você tem três alavancas (dinheiro, significado e pessoas) para seguir a direção certa para obter o melhor resultado para seu investimento filantrópico.

Os outros artigos

Com base no que nosso trabalho científico e experiências práticas nos ensinaram nos últimos anos, e no que acreditamos que nossos leitores acharão útil e interessante, convidamos um grupo de pensadores de importantes sistemas para compartilharem suas perspectivas sobre o que a filantropia pode aprender com um amplo espectro de ciências naturais, inclusive física e biologia, assim como com as ciências sociais como sociologia e economia.

Geoffrey West, um físico teórico do Instituto Santa Fé, baseia sua pesquisa nos princípios universais de escalonamento de redes na natureza, como estes princípios podem ser transferidos às redes sociais como cidades e empresas, e o que isso significa para os filantropos que desejam reunir evidências empíricas sobre como os complexos sistemas adaptativos se escalonam. O renomado biólogo de conservação, Buzz Holling, fala sobre como os ciclos adaptativos na ecologia levam a sistemas resilientes e como os filantropos podem aproveitar isso. Perguntamos ao teórico de rede ecológica Bob Ulanowicz o que a filantropia pode aprender com os recifes de coral, que são razoavelmente estáveis porque há várias formas de retroalimentação. O autor de Macrowikinomics, Don Tapscott, aplica à filantropia um conjunto de cinco princípios chaves de negócios de “inteligência em rede”.

Outras contribuições incluem Lori Bartczak da Grantmakers for Effective Organizations e Diana Scearce da Fundação Packard, que analisam como podemos combinar uma mentalidade de rede aos financiamentos estratégicos; Ezra Mbogori da Fundação Akiba Uhaki avalia a emergência da nova Rede Grantmakers africana; e a guru das redes, Beth Kanter, descreve uma visão de futuro onde os principais funcionários da rede desempenham um papel central. Nour Habjoka, do Programa GIZ Water, descreve como a análise da rede social ajudou com um diálogo entre vários interessados em questões hídricas na Jordânia, enquanto Jennie Curtis, da Fundação Garfield, explica como a Rede RE-AMP ajudou a lidar com os complexos desafios climáticos e energéticos no centro-oeste dos EUA.

Esperamos que vocês achem essa discussão sobre redes e complexos sistemas adaptativos útil, ao combinar dinheiro e significado para influenciar a mudança social. Se não acharem, temos certeza que vocês se adaptarão…

1 Jonah Lehrer, ‘Groupthink: The brainstorming myth’, New Yorker, 30 de janeiro de 2012. www.newyorker.com/reporting/2012/01/30/120130fa_fact_lehrer

* Harald Katzmair é diretor Executivo da FAS.research – Understanding Networks, com sede em Viena, Áustria.
E-mail: [email protected]

* Chet Tchozewski é fundador do Fundo Global Greengrants e membro das diretorias do Conselho sobre Fundações e da Environmental Grantmakers Association.
E-mail: [email protected]

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