Redes e parcerias são essenciais para o desenvolvimento infantil

Por: GIFE| Notícias| 10/11/2010

Pelo quarto ano consecutivo, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal promoveu o Worskhop Internacional de Desenvolvimento Infantil, nos últimos dias 9 e 10 de novembro. Com foco em redes e parcerias, o evento se propôs a discutir a validade destas para o estímulo ao desenvolvimento infantil na faixa de 0 a 3 anos.

Realizado em parceria da Aliança pela Infância, Fundação Abrinq – Save the Children, Instituto C&A e da Sociedade Brasileira de Pediatria, o evento discutiu o papel da sociedade civil organizada, academia, poder público e empresas em busca de uma forma articulada de assegurar plenamente o desenvolvimento infantil.
E pelo que se ouviu durante os dois dias de intensas atividades, o Brasil ainda tem uma dívida com a infância. Em uma de suas intervenções, Matilde Maddaleno, da Organização Panamericana de Saúde, chegou a dizer que o país, tal como toda a América Latina, ainda não “tem uma cultura de intersetorialidade”, daí a dificuldade de se trabalhar de forma articulada, seja qual for a causa.
Pouco depois o vice-presidente da Fundação Itaú Social, Antonio Jacinto Matias, foi enfático: “Nós (brasileiros) não estamos acostumados a trabalhar em rede. Ainda somos uma sociedade muito individualista”.
Mesmo assim, ao defender ações permanentes e integradas, Matias mostrou que é possível realizar bem iniciativas articuladas. Este é o caso do programa Olimpíada de Língua Portuguesa – Escrevendo o Futuro, iniciativa da fundação desde 2002, que em 2008 passou a compor o Plano de Desenvolvimento da Educação, do Ministério da Educação (MEC).
Figura de destaque na programação, a renomada pediatra Mary Young, coordenadora dos programas do Banco Mundial para a primeira infância, apresentou alguns resultados de programas realizados no Brasil e no mundo, debatendo a avaliação dos impactos dos estímulos durante a primeira infância.
As opiniões podem ser vistas em seus livros: “Do Desenvolvimento da Primeira Infância ao Desenvolvimento Humano: uma síntese da teoria e da prática” e “Desenvolvimento da Primeira Infância – da Avaliação para a Ação”. O primeiro explica o que precisa ser feito em termos de Desenvolvimento Infantil, como deve ser feito e os impactos da ação ou da falta dela. Já o segundo é registro de uma série de iniciativas e programas aplicados em diversas regiões (inclusive no Brasil) e análise de seus resultados e sua eficácia.
As obras foram traduzidas e publicadas pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e serão amplamente distribuídas entre os profissionais dessa área. Mais informações, acesse: www.fmcsv.org.br
“Ainda não temos um ministério de desenvolvimento humano. Além disso, é muito difícil para países como o Brasil, em que os governos mudam a cada 4 anos e não há continuidade em políticas públicas”, afirmou Mary Young. Segundo ela, poucos são os governos que tornam iniciativas para o segmento como políticas de Estado.
“Não há muitos governos dispostos a investir em uma área, cujos retornos só aparecem em 20 anos ou mais. O que se pede como urgente para o Brasil, por exemplo, é pelo menos uma Política integral da Infância, que articulasse saúde e assistência social. Isso já seria um grande avanço. Depois discutiríamos integrar a educação”, avaliou a renomada Pediatra.
Contexto
Para saber, um levantamento da Fundação Abrinq-Save the Children,parceira do evetno, com base em números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad – 2009) mostra que 80% das crianças brasileiras de 0 a 3 anos (13,6 milhões ao total) estão fora das creches.
O número passa longe da meta prevista pelo atual Plano Nacional de Educação (PNE), que vence neste ano – o objetivo era ter, até 2011, 50% das crianças nesta faixa etária matriculadas em creches.
A falta desses espaços educativos se mostra, nesse contexto, dramática. De acordo com estimativas do Custo Aluno Qualidade (CAQI), estudo desenvolvido pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, é necessário investir, até 2011, cerca de R$ 21 bilhões para a construção de instalações e equipagem de creches para suprir o déficit de vagas no país: considerando que metade das crianças não terá acesso – pois a meta do PNE abarca apenas 50% -, são 4,2 milhões de crianças que precisam de novas instalações.
Para saber mais sobre o Encontro, acesse: www.fmcsv.org.br/workshop

*O conteúdo desta reportagem ilustra apenas os debates das mesas “Alianças e parcerias mobilizadas por organismos internacionais em torno do D”I e “Responsabilidade social empresarial para o desenvolvimento infantil”, não correspondendo a todo o evento.


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